3 de fevereiro de 2014

“Ano novo, agenda velha”, por Aécio Neves

Aécio: o Brasil praticamente não saiu do lugar. Não por falta de talento das forças produtivas, mas de estratégia e estímulos corretos.


Agenda velha do PT


Fonte: Site do PSDB-SP 

2014 começou replicando as agruras do ano passado: desconfiança, expectativa de baixo crescimento e indisposição para investir; balança comercial no vermelho, juros mais altos para conter a ameaça inflacionária que continua rondando o país; atrasos crônicos nas obras, movidas muito mais a foguetório e palanque, do que planejamento e gestão.

Isso sem contar as estranhezas de sempre, que se repetem em novas edições dacontabilidade criativa. Desta vez, nem mesmo áreas convulsionadas como saúde esegurança escaparam dos cortes improvisados para compor o indefectível superávit primário gerado a fórceps.

Bastam alguns instantes acompanhando a política econômica do governo federal para concluir que não devemos esperar muito mais do que os remendos dos últimos anos. A agenda principal é paralisante, voltada para corrigir erros criados pela própria administração federal, refletindo um tempo perdido em que discurso e realidade se distanciaram “como nunca antes na história desse país”.

A necessidade do Brasil inaugurar uma nova agenda parece que ficará mesmo circunscrita à reedição dos debates tradicionais em ano de sucessão presidencial. Pouco ou quase nada se acrescentará de prático, como medida para destravar o país. Nunca é demais lembrar que poderíamos estar em outro estágio, caso o ciclo de governo petista não tivesse levado dez longos anos para decidir sobre as concessões em infraestrutura. Ou que poderíamos estar entregando agora as importantes obras de mobilidade urbana, que tanto serviram de argumento para justificar os esforços para realizar a Copa do Mundo de 2014 em nosso território, e que, em grande parte, vão acabar ficando mesmo no meio do caminho.

Não há qualquer sinal no horizonte ou disposição mínima para abrir discussão sobre o que interessa — o isolamento do país das mais importantes cadeias produtivas do mundo, a competitividade perdida e o grande esforço que precisamos realizar para incentivar inovação.

A esse respeito, lembrei-me de recente entrevista de um dos mais prestigiados e reconhecidos economistas brasileiros, José Alexandre Scheinkman, às páginas amarelas da revista “Veja”. Nelas, ele aponta o fraco desempenho do PIB como resultado de erros do governo em questões cruciais para o avanço da economia — os excessos de protecionismo e intervenção no livre mercado e a omissão na criação das condições para que o Brasil melhore a sua produtividade.

Scheinkman nos lembra que produtividade é a força propulsora das economias que mais cresceram no mundo. Desde 1989, segundo ele, os Estados Unidos aumentaram a produtividade em 12%, a China, em mais de 50%, e a Coreia do Sul, em 65%. E o Brasil praticamente não saiu do lugar. Não por falta de competência ou talento das forças produtivas nacionais, mas de estratégia e estímulos na direção correta.

2014 nasce refém dos erros de 2013, 2012, 2011…

Nenhum comentário: