30 de dezembro de 2010

Aécio Neves: “Durante os últimos oito anos, ofereci a Minas o que penso ter de melhor: minha coragem, meu afeto, minha alegria”

Aos mineiros

Entre 2003 e 2009, a criminalidade violenta, em todo o estado, caiu 45,2%

Aécio Neves – Ex-governador, senador eleito (PSDB-MG)

Neste 31 de dezembro, termina o tempo para o qual fui eleito pelos mineiros governador do nosso estado. Embora, atendendo à determinação da legislação em vigor, já tenha transferido o cargo às mãos honradas do governador Antonio Anastasia, sinto que, do ponto de vista simbólico, permaneceram intactas todas as minhas responsabilidades com Minas e a nossa gente. Olho para esses últimos anos e vejo como é difícil dar a dimensão correta ao sentimento e à honra de ter sido eleito, por duas vezes, e com as maiores votações de toda a nossa história, para governar o nosso estado. Daquele momento inicial até hoje, foi uma longa jornada. Com comprometimento, ousadia e responsabilidade, obtivemos conquistas que muitos consideravam impossíveis de serem alcançadas em tão pouco tempo e que fizeram com que o respeito e a admiração do Brasil com Minas aumentassem ainda mais.
O nosso “choque de gestão” reformou paradigmas essenciais da administração pública em busca da eficiência, da qualidade e de benefícios diretos para a população, e seus resultados o tornaram referência para outros estados brasileiros e mesmo para importantes instituições internacionais, como o Banco Mundial. Apesar de sermos o estado brasileiro com o maior número de municípios e das grandes diferenças regionais que temos, nossos alunos ocupam hoje os primeiros lugares no ranking nacional de educação, à frente de estados mais ricos e homogêneos, uma prova inconteste da melhoria da qualidade do nosso ensino. Na saúde, esse grande desafio nacional, construímos ou reformamos uma unidade de saúde a cada dia de governo e aumentamos em 339% a distribuição de remédios de forma gratuita.
Na segurança, comemoramos o recuo dos índices de criminalidade a patamares de 10 anos atrás. Entre 2003 e 2009, a criminalidade violenta, em todo o estado, caiu 45,2%. Invertemos a curva ascendente da taxa de homicídios, que vem caindo ano a ano numa redução de 11,5% em relação a 2003. Batemos recordes na geração de empregos e na economia. Na área de infraestrutura, voltada para criar condições para o nosso desenvolvimento, levamos telefonia celular para mais de 400 municípios que não tinham o serviço e asfalto para 200 cidades que não contavam com o benefício. Triplicamos as estações de tratamento de esgotos e fizemos o maior investimento da história do estado em saneamento básico. Os investimentos apenas por meio da Copasa cresceram 378%. Aliás, saneamento e energia subsidiados avançam por todo o nosso interior e alcançam comunidades rurais praticamente isoladas.
Quando assumi o governo, disse que governaria para todos os mineiros, mas que, em nome de todos eles, teria um olhar especialmente voltado para o Norte e os vales do Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus. Entre todos os compromissos cumpridos, aqueles realizados nessas regiões me dão especial alegria e refletem o sentido de prioridade que demos à conquista da equidade e do equilíbrio regional. Conseguimos chegar a fazer três vezes mais investimentos per capita nessas regiões do que no restante do estado. Elas também receberam a maior parte das estradas asfaltadas, esforço diferenciado para saneamento e programas transformadores, como o de Combate à Pobreza Rural e o Travessia.
Poderia falar de muitos outros resultados do nosso governo, mas não é esse o meu objetivo aqui. Governar, afinal, não diz respeito apenas a obras e projetos, mas fundamentalmente a sentimentos. Durante os últimos oito anos, ofereci a Minas o que penso ter de melhor: minha coragem, meu afeto, minha alegria. Hoje, o meu sentimento é um misto de gratidão, orgulho e saudade. Gratidão pela confiança que nunca me faltou, e se manifestou novamente no resultado das últimas eleições; orgulho pelo que fomos capazes de construir juntos para Minas, em tão pouco tempo, e saudade da alegria partilhada no dia a dia sempre que podíamos comemorar mais um obstáculo vencido na cotidiana tarefa de melhorar a vida dos mineiros.
Os dois primeiros sentimentos levarei sempre comigo. A saudade, vencerei com a constatação de que não estou me afastando daqui. Minas – e o meu compromisso com os mineiros – está sempre comigo. Estarei em Brasília, no Senado Federal, na intransigente defesa dos interesses do nosso estado, porque Minas é a minha casa, minha causa, minha pátria – para sempre. Dizem que a gratidão é a memória do coração. Despeço-me não dos mineiros, mas deste ciclo de oito anos em que estive à frente dos destinos do nosso estado, com uma palavra, mas talvez a maior em significado por tudo que ela é capaz de trazer e guardar: obrigado.

Fonte: Artigo publicado no Estado de Minas

28 de dezembro de 2010

Entrevista: Cid Gomes fala sobre ‘pacto de governabilidade’ e diz que Aécio Neves é mais aberto para conduzir mudanças no PSDB

“Polarização com PSDB é invenção paulista”

Entrevista com Cid Gomes


O governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, 47 anos, pode não ser um quadro histórico do PSB, mas se faz imagem e semelhança do partido do qual se tornou um dos principais líderes. Um partido que tenta se equilibrar em meio à polarização – que ele diz ser artificial – entre o PT e o PSDB. Oriundo do ninho tucano, Cid Gomes diz, nesta entrevista ao Valor, que o PSDB é hoje o partido mais reacionário do Brasil, o estuário do pensamento conservador no país. Mas não vê contradição na proposta de chamar a legenda para um pacto nacional de governabilidade. É essa a sugestão que Cid Gomes deu a Dilma Rousseff tão logo a presidente eleita do PT saiu vitoriosa das urnas. Trazer a oposição para o governo é o que Cid Gomes propõe ao citar como exemplo sua experiência de governo no Ceará. Foi o que fez em 2006. É o que pretende repetir agora, no segundo mandato. Mesmo depois de uma eleição que deixou traumas. Num aceno extremamente conciliador, Cid Gomes afirma que não teve nenhuma motivação em impedir a reeleição de Tasso Jereissati ao Senado. “O PT fincou pé. A gente teve de se render a isso”, escusa-se. Chega a apontá-lo como o maior homem público vivo do Ceará. Cid Gomes também não vê contradição entre o modelo de um Estado de bem-estar social, reformista, e um ideário movido a meritocracia e iniciativa privada. Defende a gestão por organizações sociais (OSs), pelas quais os servidores públicos possam ser demitidos, e critica a presença do Estado na economia, embora ressalte seu papel regulador. “Em atividade econômica, o Estado, como regra, é péssimo”.
Valor: O senhor foi reeleito, o que significa aprovação do cidadão cearense. Quais foram os pontos fortes que o levaram à vitória?
Cid Gomes: Acho que há um componente meio que nacional de permanência, mas não é uma regra absoluta porque teve gente que tentou reeleição e não conseguiu. Aqui, a gente tem ações muito fortes de emprego. O Ceará tem batido recordes desde 2007. De 1999 até 2006, de acordo com os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a média anual era de 23 mil empregos novos por ano. Nos últimos anos, conseguimos elevar para mais de 45 mil. E nos últimos 12 meses, para 84 mil. Isso dá quase quatro vezes a média histórica.
Valor: E o aumento se deve mais a que: à economia nacional ou a ações do governo estadual?
Cid: É difícil mensurar. Mas hoje temos 38 mil pessoas trabalhando em obras do governo do Estado. Não é funcionário público. É número de carteiras assinadas, conceito do Caged. O metrô de Fortaleza, por exemplo, emprega 2.600 pessoas.
Valor: Quais serão as prioridades do governo?
Cid: Temos dado sequência a um programa que prevê a universalização do atendimento em todos os níveis de atenção da saúde. Na saúde, temos dois problemas: de gestão e de financiamento. Você vê muita crítica nessa história de retorno de uma fonte de financiamento da saúde. Gestão é problema, mas não é o único. Tem problema de financiamento também.
Valor: O senhor é a favor da volta da CPMF?
Cid: Eu não defendo CPMF. Eu defendo CSS. A CPMF está sepultada. Tem a proposta de regulamentação da Emenda 29. Não é simplesmente pegar e aprovar um percentual sobre movimentações financeiras. É aprovar e regulamentar o que já está na Constituição, a Emenda 29, que estabelece os pisos de percentuais mínimos de aplicação em saúde por parte de todos os entes federativos. Na prática, o que estamos vendo é que, com algumas exceções, os municípios estão gastando mais, os Estados estão gastando mais, e a União é quem está gastando menos com saúde. E o grande argumento da União para gastar menos foi o fim da CPMF. Então, nesta regulamentação da Emenda 29, você define os percentuais, define o que de fato entra na rubrica de saúde, pois ainda há polêmicas. Por exemplo, há coisas paradoxais. Gastos investidos em saneamento básico de cidades de até 50 mil habitantes são considerados gastos de saúde, fora disso não é – o que é meio contrassenso.
Valor: E a questão da gestão?
Cid: Todas as estruturas novas de saúde que estão sendo feitas aqui no Ceará têm um modelo de gestão diferenciado. No nível de atenção secundário, que tem os centros especializados em odontologia e os centros especializados em saúde (policlínica), eles são administrados a partir de um consórcio em que o Estado entra com 40% da participação e os municípios da microrregião entram com 60%, e nessa mesma proporção há um rateio dos custos do dia a dia. O investimento quem banca é o Estado, construção e equipamentos. O consórcio é para manutenção, custeio, na proporção da gestão. A meta é universalizar: em cada uma das 21 microrregiões ter uma clínica odontológica e uma policlínica. Dos 21 centros odontológicos já temos 10, 11, fazendo, e policlínicas foram inauguradas as três primeiras. Em 18 meses estará tudo pronto. E ainda há o terceiro nível, que são os hospitais gerais em que o cidadão não precisa sair daquela região. Neles, também o modelo de gestão é diferente.
Valor: Como é este modelo?
Cid: Nesse nível, o Ceará está dividido em três macrorregiões. Ali, deve-se resolver todos os problemas. Antes só se resolvia na macrorregião de Fortaleza. Neste caso não vai ter participação dos municípios, porque é mais caro. Será 100% financiamento do Estado. Mas o modelo será diferente. Serão organizações sociais (OSs) que irão administrar. O vínculo empregatício dos médicos e dos profissionais será CLT, o que dá margem para você ter realmente uma política rigorosa com recursos humanos. É mais fácil fazer o impeachment do governador do que você demitir por mal atendimento…
“Já fui do PSDB, mas hoje o partido virou o estuário do pensamento conservador e reacionário do Brasil”
Valor: É o melhor caminho?
Cid: O modelo que permite você ser mais exigente na questão do bom atendimento à população é o celetista. O estatuto dá estabilidade e você perde o poder gerencial, na saúde principalmente.
Valor: A ideia das OSs está envolta num discurso pela meritocracia e, além do PSB, é defendida pelo PSDB. É um ponto de aproximação entre os dois partidos?
Cid: Veja bem, do PSDB eu já vim, muito tempo atrás. É um partido social-democrata por formação e tal, mas ao longo do tempo virou um partido liberal, ou melhor, representa o pensamento conservador hoje no Brasil. Estou muito satisfeito no PSB. Não estou querendo trazer ninguém do PSDB para o PSB e acho também que o movimento no sentido contrário é improvável que aconteça. Vamos ter caminhos independentes. Eu, porque sou um social-democrata, um reformista, torço para que o PSDB retome sua posição original.
Valor: Quando ele mudou?
Cid: Sempre que um partido chega ao governo ele tende a ficar mais conservador. Isso foi do início ao fim do governo Fernando Henrique. Associou-se ao DEM, e como o DEM não tem muita representatividade, virou o estuário do pensamento conservador do Brasil. Conservador-reacionário. O PSDB é isso. Hoje, se você for definir o PSDB, é tranquilamente o partido mais conservador do Brasil, mais reacionário.
Valor: Mais do que DEM e PP?
Cid: Mais do que o DEM, porque o DEM não tem força.
Valor: Apesar disso, o senhor sugeriu, logo depois de anunciado o resultado das eleições, uma aproximação com o PSDB. Não é uma contradição?
Cid: Não. É impossível você governar o país com um partido só, uma linha só. Não dá para ter ilusão, o Brasil é muito diverso e a política brasileira é fracionada demais, com grande quantidade de partidos, então tem que administrar a partir de alianças.
Valor: Mas as alianças já são suficientes para formar a maioria e deixar uma minoria na oposição.
Cid: O que eu propus, defendo e faria, se estivesse no lugar dela (da presidente eleita Dilma Rousseff): no governo, você tem claramente o partido do governo, que é o PT, que é um partido de grande tradição e tal, mas tem muitas tendências, uma guerra interna por espaço. Esse é o partido da presidente. Há um outro partido que é do vice-presidente, que é o PMDB, que é um ajuntamento de… – não vou dizer a mesma coisa que o Ciro não – de seções estaduais. [Numa frase que se tornou célebre, o irmão de Cid, o deputado Ciro Gomes (PSB), disse em abril deste ano, numa entrevista à TV, que o PMDB era um ajuntamento de assaltantes]. O PMDB do Rio Grande do Norte é uma coisa que pode ser absolutamente diferente do PMDB da Paraíba, que é o Estado vizinho. Não há unidade em uma linha nacional. O que abriga todo mundo no PMDB é o fato de serem lideranças regionais. Então, também é um partido muito complicado. E esses são os dois principais partidos. Quanto aos outros partidos que são da base, tem um grupo que é claramente mais ideológico – PSB, PCdoB – e tem esses outros que seriam partidos mais… (Cid demora a achar a palavra)
Valor: Fisiológicos?
Cid: (risos) Não, eu não vou dizer isso não. Estou disciplinado aqui para não atingir ninguém.
Valor: Mas como o senhor definiria esses partidos?
Cid: São partidos que têm afinidades com o poder, que gostam do poder. E neles se incluem o PTB, o PP, o PR e outros de menor expressão. É essa a correlação de forças. É um negócio complicado. Então, nessas situações, você sempre vai ficar com uma maioria frágil. Como nós estamos passando por um processo, creio que esteja acontecendo, não será natural, não será pacífico, mas tudo indica que haverá um processo de mudança de liderança no PSDB, e o Aécio tem um perfil de uma pessoa mais aberta ao diálogo, o que eu propus foi isso, um pacto de governabilidade.
Valor: Como seria este pacto?
Cid: Isso não quer dizer o PSDB vir para o governo, ocupar ministérios, não foi isso que defendi. Foi um pacto de governabilidade em cima de pontos claramente e publicamente colocados. Em cima desses pontos se veria o que poderia ser assumido como compromisso. Afinal de contas você tem essas coisas incoerentes no Brasil. Quando o PSDB estava no governo defendia a CPMF. Quando vai para a oposição é contra, e vice-versa. Então, a responsabilidade de governar faz com que as pessoas amadureçam. Há quadros maduros no PSDB que não vão ficar na política de rixa, de antagonismo, só porque são oposição. Têm que pensar no Brasil. Política não é concessão, não é generosidade, é um jogo, de perde e ganha, de retrai aqui, avança ali. É natural da política, é natural da vida, e eu então imaginei que o feedback, o retorno, o ponto de compensação para o PSDB fazer isso seria (ceder) a presidência do Senado para o Aécio. É o que eu faria se estivesse no lugar da Dilma.
Valor: Isso não tornaria o cenário mais confuso para o eleitor brasileiro, depois de o país ter conseguido uma polarização que identifica claramente os governos de plantão?
Cid: Qual é o polo muito claro? Eu sinceramente não me conformo com isso não. Qual é a afinidade ideológica entre o PR e o PCdoB?
Valor: De fato, estão longe. Mas o PT e o PSDB foram os responsáveis por dar a direção das políticas sustentadas por blocos, ainda que formados por siglas ideologicamente heterogêneas. Os dois partidos viraram, desde 1994, as opções mais identificáveis para os eleitores.
Cid: Mas é artificial. Nas últimas quatro ou cinco eleições, são os partidos que foram ao segundo turno. Mas é uma “catapultação” da política de São Paulo. É a exportação da lógica do modelo de São Paulo para o Brasil. E não é assim. Infelizmente, sei que São Paulo é muito forte, a mídia está em São Paulo, mas a realidade da política brasileira nos Estados, na média, é muito diferente de São Paulo. Em quantos Estados o PT disputou diretamente contra o PSDB? São Paulo, Pará… A coisa é artificial. É verdade que nas últimas cinco eleições foi essa coisa, mas eu acho que isso é muito mais a força da política de São Paulo. O Serra se impôs muito mais por conta disso. O candidato do PSDB mais fácil para conseguir agregar teria sido o Aécio.
Valor: Ele teria vencido Dilma?
Cid: Não, acho que não. O que venceu a eleição foi a força do Lula e a Dilma fez tudo direitinho.
Valor: Por que a preocupação em trazer o PSDB, se sabemos que os governos têm conseguido formar maioria? Dilma terá o PMDB ainda mais próximo, com Michel Temer, presidente da legenda, como vice.
Cid: Olha, às vezes você tem assim uma tentativa de setores querendo… Eu vou ser claro: a imprensa quer uma oposição. E não é assim. Acho que a gente pode ter pontos – e eu não defendi a cooptação do PSDB, não defendi que o PSDB viesse a fazer parte do governo federal. O que eu defendi foi (um pacto) em cima de determinados pontos que se superpõem a programas partidários, são questões do país. A Previdência, por exemplo. É muito pouco provável que ideologicamente você consiga encontrar diversidade nessa temática. Por que é cálculo atuarial. É fazer a conta direitinho de maneira que quem está hoje possa receber daqui a 30 ou 35 anos. É matemática simples. Estou falando de Previdência, mas há certamente mais dez temas que estão acima disso.
“Defendo a CSS e a regulamentação da Emenda 29 para definir o gasto que de fato entra na rubrica saúde”
Valor: Quais seriam os temas?
Cid: Previdência, reforma política, tributária…
Valor: Reforma tributária está acima de ideologia?
Cid: Não é que não tenha ideologia, tem muita ideologia. Mas vamos, você estabelece… O PSDB quando era governo foi o que mais aumentou a carga tributária.
Valor: Tributação maior sobre grandes fortunas é bem ideológico. Qual sua posição?
Cid: O meu partido tem isso no seu programa. E eu sou partidário. Então eu defendo. Os Estados Unidos, que são um país mais liberal que o Brasil, têm isso. Não quero polemizar demais não, mas, tudo bem, é um costume ocidental. Isso é para se discutir serenamente, sem radicalismo. Sou a favor da iniciativa privada. Em atividade econômica, o Estado, como regra, é péssimo. Defendo a propriedade privada, a iniciativa privada. Agora, o Brasil tem que dar respostas para muitos de seus problemas.
Valor: A sua proposta de pacto entre situação e oposição não embute uma estratégia do PSB de se pôr como mediador, ponte, fiel da balança entre o PT e o PSDB?
Cid: O nosso tamanho é muito pequeno para sermos fiel da balança. E eu não estou defendendo isso para ampliar a margem de poder do PSB. Isso, ao contrário, tende a desagradar quem participa da base, por imaginar que estou sugerindo a vinda de mais um partido para dividir espaço. Não defendo a ida do PSDB para o governo. Estou propondo um pacto nacional de governabilidade que teria data de começar e data de terminar, sem implicação no processo sucessório nacional, pelo menos de 2014. Pelo que eu proponho, teria dois anos de presidência no Senado para o Aécio e dois anos de pacto onde o PSDB iria dialogar, previamente. Essa agenda não seria feita no escuro não… Posso estar aqui pregando a utopia, mas eu fiz isso. Fiz até mais. Em 2006, trouxe o PSDB para participar do meu governo. Estendi a mão ao partido contra o qual concorri.
Valor: E agora?
Cid: Eu vou procurar o PSDB de novo. Tenho visto a Executiva, o comando partidário, muito hostil, mas vou conversar com os deputados. Sei que aqui é menor, imagina se a Dilma vai falar com 513 deputados, mas falo com 46. Antes de começar o novo governo devo provavelmente falar com todos os deputados.
Valor: Quantos deputados eleitos são da oposição?
Cid: Sete ou oito do PSDB, e o PR fez dois.
Valor: A imagem que se tem hoje é de um Estado em que o senhor tem uma hegemonia.
Cid: Não é uma hegemonia. Eu não tenho. Meu partido não tem. O PSB tem apenas 11 deputados de 46. Eu governo com alianças. A definição natural é de um governo de alianças, não de hegemonia.
Valor: Apesar do discurso pelo pacto, a eleição deste ano marcou o rompimento entre o senhor e seu irmão Ciro Gomes, e Tasso Jereissati, que fundou o grupo político que controla o Ceará há 25 anos. A derrota de Tasso para o Senado representou uma vitória ainda maior para o senhor?
Cid: Essa coisa de se movimentar para derrotar alguém sinceramente não é o que me entusiasma. Tentei de todas as formas viabilizar a manutenção da aliança principal do meu governo, lançando só um candidato ao Senado. E era perfeitamente compatível. A gente tinha um compromisso desde a eleição passada. O PSB, no governo, o PT, na vice, e o PMDB na senatória , e a gente não lançaria outro candidato ao Senado. Mas isso acabou não sendo possível, o PT fincou pé, queria lançar um candidato a senador, abriria mão do candidato a vice. E como essa coisa é uma coisa de aliança, não há nenhuma hegemonia, a gente teve de se render a isso. Não tive nenhuma motivação de derrotar o Tasso. Tasso é o maior homem público do Estado do Ceará vivo. É o único que foi três vezes governador, vivo e morto, foi senador da República, presidente de um partido nacional, então isso é matemática. Não está aqui nenhum juízo de valor.
Valor: O senhor vai para o segundo mandato e é jovem. Como vê, então, a oportunidade de igualar e superar a marca do Tasso, de três governos?
Cid: Não, não… sinceramente, não há a menor possibilidade de eu ser três vezes governador do Estado. São duas vezes e pronto. Na terceira não tem mais a energia.


Fonte: Cristian Klein - Valor Econômico

21 de dezembro de 2010

Editorial do Valor Econômico expõe fragilidades de Serra e comenta expansão da influência de Aécio Neves

Serra terá de lutar por espaço para sair da planície

Os movimentos feitos pelo PSDB desde a derrota de seu candidato a presidente, José Serra, indicam, com alguma dose de segurança, que o ex-governador paulista tende à planície neste período que separa a posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e a próxima eleição presidencial, em 2012. Os espaços de Serra no partido nacional e junto ao diretório estadual de São Paulo se estreitam, na proporção direta da expansão da área de influência do senador eleito por Minas, Aécio Neves.
No momento em que parcelas do PSDB, lideradas por Aécio, falam em “refundação” da legenda tucana, os esforços parecem ser para evitar que o ex-governador paulista assuma posições de comando dentro do PSDB nacional e para reduzir a sua influência em território paulista. A articulação para que o senador Sérgio Guerra (PE) seja mantido na presidência do partido, que deveria ser renovada em maio, é uma forma de manter Serra fora do comando nacional sem fazer marola. Não é do estilo tucano alguém atropelar uma articulação de cúpula: com a recondução de Guerra colocada, dificilmente Serra irá para a convenção nacional disputar com o comando do partido.
Em São Paulo, os quadros mais ligados ao ex-governador foram rejeitados pelo eleito Geraldo Alckmin, na formação do novo secretariado. O grupo serrista trabalhava pela manutenção do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, do secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey e por uma vaga para o vice de Serra, Alberto Goldman, que o sucedeu quando se desincompatibilizou para se candidatar à Presidência. Até agora, Alckmin apenas manteve a secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella; e também os secretários de Segurança e Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto e Lourival Gomes, que o bom senso mandou manter – a gestão deles acabou com a rivalidade entre as pastas, mantida durante todo o governo anterior de Alckmin, e conseguiu relativo êxito sobre o crime organizado no Estado.
Os três remanescentes da gestão anterior, todavia, ficam em áreas de pouco apelo político e fora das decisões orçamentárias. Sem mandato parlamentar e sem pessoas de seu grupo em áreas estratégicas do governo paulista, Serra, que nunca foi um homem da máquina partidária – ao contrário de Alckmin, que articula bem na instância estadual – perde força de pressão como “cardeal” do tucanato paulista. Alckmin, desde as eleições para a prefeitura paulista, quando foi preterido por Serra – que trabalhou pela vitória de Gilberto Kassab (DEM) -, é muito mais próximo, na política nacional, de Aécio Neves do que de Serra.
A ordem natural das coisas, depois de uma campanha pouco agregadora e que não obteve unidade interna da coligação, é que Serra também perca espaço nacionalmente. A forma de sobreviver politicamente sem um mandato eletivo seria conseguir ser alçado à presidência nacional do partido. Como presidente, poderia retomar o poder interno e tentar, de novo, ser o candidato do partido à Presidência em 2012. Essa alternativa foi tentada por Geraldo Alckmin, em 2006, depois de uma derrota eleitoral. Alckmin não conseguiu romper o bloqueio à sua pretensão. Não será diferente com Serra, o derrotado quatro anos depois.
Se Alckmin não tivesse voltado à política estadual, onde tem uma liderança e um eleitorado próprio, dificilmente deixaria de sucumbir à derrota de 2006. O governador eleito apenas ascendeu ao secretariado de Serra, um ano depois, porque ainda tinha o controle do PSDB no interior. Mas teve que vencer internamente as resistências do grupo serrista para concorrer ao governo do Estado. Em 2014, quando tentar a reeleição, competirá novamente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, um “serrista” militante que articula a adesão ao PMDB.
Não é vantagem nem para Alckmin, nem para Aécio Neves, deixar que Serra retome posições de liderança dentro do partido. Não é provável que facilitem a vida do ex-governador. Os debates sobre a refundação do partido poderão ser elemento importante na redefinição de papéis de comando no PSDB. Serra terá que pegar esse bonde, se quiser chegar a algum lugar em 2012. Sem protagonismo interno na discussão sobre a derrota eleitoral e os rumos a serem tomados pelo partido, o candidato derrotado fortalecerá a posição dosenador Aécio Neves, hoje o candidato mais competitivo a disputar a Presidência em 2012.


Fonte: Editorial Valor Econômico

20 de dezembro de 2010

Choque de Gestão criado por Aécio Neves já mostra resultados e alcança metas de desenvolvimento

Minas Gerais leva modelo privado para a repartição

Novo sistema, em implementação desde 2005, começa a mostrar resultados ao alcançar metas de desenvolvimento
Para melhorar a eficiência da gestão pública em Minas Gerais, estado com o maior número de municípios do país (854), o governo se inspirou na iniciativa privada e, desde 2005, vem implementando um modelo de metas e incentivos. Nos últimos dois anos, os resultados concretos dessa experiência começaram a aparecer em áreas estratégicas, como saúde, segurança e educação. O sistema, apelidado de Choque de Gestão, contempla o programa Estado para Resultados, que estipula metas de longo prazo para áreas de responsabilidade do governo.
“Em 2005, fizemos a integração das pastas de orçamento, planejamento e finanças, o que nos possibilitou coordenar melhor os gastos emrelação à arrecadação. Desta forma, foi possível direcionar mais recursos para áreas prioritárias, contempladas no programa”, afirma o coordenador do Estado para Resultados, Tadeu Barreto.
Ele ressalta que uma nova fase do projeto está em desenvolvimento, com foco em 2030 e metas mais elevadas – visto que a etapa anterior, com objetivos até 2020 para 104 indicadores, conseguiu atingir as metas prioritárias desejadas (confira o quadro acima).
“Melhoramos índices de homicídio, de alfabetização, de investimentos em inovação, de construção de hospitais, estradas”, afirma Barreto. “Antes do programa, gastávamos apenas R$ 34 milhões em pesquisa. Hoje, essa cifra ultrapassa R$ 200 milhões”.
Nos projetos estruturadores, contemplados no programa de resultados, foram investidos cerca de R$ 4 bilhões ao longo do ano. “Multiplicamos por dez a capacidade de financiamento, que era de R$ 250 milhões em 2003″, afirma.
Dentre as metas prioritárias, Barreto destaca as voltadas para finanças como aquém do desejado. “Não tivemos muitos progressos nessa área por conta da crise financeira mundial, que reduziu nossa arrecadação em R$ 2 bilhões – o equivalente a um mês de faturamento”, afirma. “Gerenciar essa crise, contudo, foi menos complicado porque tínhamos um planejamento e conseguimos classificar quais áreas poderiam ter cortes e quais deveriam ter mais investimentos”.
Bonificação
No programa, cada secretaria possui metas a serem atingidas. As pessoas envolvidas no processo, exceto as que exercem cargos diretos de gestão, como secretários e subsecretários, recebem um 14º salário ligado ao percentual do objetivo conquistado. “Ninguém ganha o valor todo, porque asmetas sãomuito ousadas. A nota fica, em média, na casa de 80 pontos”, diz. Ele ressalta que o governo mineiro conta com cerca de 500 mil servidores. “Sem planejar, orçar, monitorar, gerenciar pessoas e reconhecer o trabalho, não é possível manter em funcionamento uma máquina pública desse tamanho”, explica.
Auditoria
Para acompanhar os resultados e fazer os ajustes necessários nas metas e procedimentos, o estado delegou a função de “empreendedores públicos” a 60 funcionários – metade deles vindos da iniciativa privada. ”Copiamos muitos modelos do setor privado, pois o governo também é uma organização complexa que precisa seguir as diretrizes de seus acionistas – no caso, a sociedade”, diz. Barreto destaca que o modelo de Minas está sendo analisado por outros estados, como Rio Grande do Sul, Paraná e Alagoas.”Recebemos visitas também de outros países, como Uruguai, Angola, Moçambique, Honduras e República Dominicana”, diz.
INVESTIMENTOS
R$ 4 bilhões foram aplicados pelo governo mineiro nas ações consideradas prioritárias no orçamento este ano, contempladas também no projeto Estado para Resultados.
METAS
104 indicadores é o total de metas estipuladas pelo programa Estado para Resultados. Estão contempladas áreas de saúde, educação, segurança, infraestrutura e tecnologia.
INOVAÇÃO
R$ 200 mi é quanto o governo de Minas Gerais investe em pesquisa e inovação atualmente. Antes do programa, em 2005, o montante era de R$ 34 milhões.

Fonte: Carolina Gomes – Brasil Economico

17 de dezembro de 2010

Aécio Neves diz que Lula deixará excesso de gastos públicos e déficit nas contas externas

Aécio: Lula deixará excesso de gastos e déficit externo

O senador eleito por Minas Gerais e ex-governador Aécio Neves (PSDB) admitiu nesta quarta-feira que o governo Luiz Inácio Lula da Silva obteve avanços em alguns setores, mas disse que Lula deve deixar para a presidente eleita, Dilma Rousseff, problemas como excesso de gastos públicos e déficit nas contas externas. Ao chegar à cerimônia de entrega do prêmio “Os Brasileiros do Ano”, organizado pela Editora Três, em São Paulo, ele considerou justa a homenagem que Lula recebeu na noite de ontem (15.12), ao ser escolhido o “Brasileiro da Década”, mas defendeu que governos anteriores também sejam reconhecidos pelo sucesso de políticas adotadas nos últimos anos.
“O Brasil de hoje é uma construção de muitos governos e muitos grupos políticos que, desde a redemocratização, vêm colocando tijolo sobre tijolo nessa construção”, afirmou o ex-governador, que também será homenageado como “Brasileiro do Ano da Política”. “Acho que o Brasil teve muitos avanços, mas o Brasil não foi descoberto em 2003″, ironizou. Aécio citou especificamente o lançamento do Plano Real e a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal como exemplos de decisões que ajudaram a modernizar o País – ambas tomadas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Acho que é justo que se faça homenagem a este período (atual), mas é justo também homenagear aqueles que criaram condições para que o período do presidente Lula fosse um período de avanço”. Aécio voltou a defender a refundação do PSDB por meio da atualização do programa do partido e a inserção tucana em movimentos sociais e setores sindicais. “Temos de buscar o retorno das nossas origens social-democratas e de um partido de centro-esquerda com experiência administrativa”, disse.”Quando falo em refundar, que é uma expressão dura, falo de olhar para o futuro. O programa do PSDB foi concebido, em sua essência, há 22 anos, quando o desafio era a inflação. Os desafios hoje são outros”.
O senador eleito evitou criticar a aprovação no Congresso de um aumento salarial para equiparar os salários de deputados, senadores, presidente e vice-presidente aos dos ministros do Supremo Tribunal federal (STF), de R$ 26.723,13. “No meu tempo como dirigente na Câmara, em que tinha responsabilidade como parlamentar, tive sempre muita cautela com os aumentos”, afirmou. “É sempre importante que se tenha muita cautela quando se fala em aumento para autoridades. Fui governador de Minas por oito anos e, quando assumi, o salário do governador era de R$ 19 mil. Quando terminei o governo, era de R$ 10,5 mil”, acrescentou.


Fonte:
Agência Estado

Aécio diz que faria uma profissão de fé, “mas na boa política, na política que transforma a vida das pessoas’


Aécio defende ética e eficiência na política

O senador eleito por Minas, Aécio Neves (PSDB), assumiu nesta noite um discurso de líder da oposição durante o governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Na cerimônia “Os Brasileiros do Ano”, organizada pela Editora Três, Aécio disse que assumirá o cargo de senador em fevereiro para provar que “política e ética não são incompatíveis”. Ele citou frase do ex-governador mineiro Milton Campos durante o evento, segunda a qual Minas sempre terá um palco de chão limpo onde homens de bens possam se encontrar.
“É com esse sentimento e essa inspiração que eu chego ao Senado da Republica e chegarei, senhora presidente, em Brasília, a partir de fevereiro”, disse Aécio a uma plateia formada por empresários, políticos e artistas. “Acreditando sempre que política e ética não são incompatíveis. Ao contrário, devem caminhar como irmãs siamesas pelo bem do Brasil”, disse o tucano.
Mais uma vez de dirigindo à presidente eleita, Aécio afirmou que faria uma profissão de fé na política. “Mas na boa política, na política que consegue transformar verdadeiramente a vida das pessoas. A política feita com generosidade em que os adversários não se consideram inimigos e em que os construtores de pontes sejam muito mais fortes que aqueles que teimam em dinamitá-las.”


Fonte: AnneWarth – Estado de S. Paulo

Valor Econômico: Aécio e Dilma adotam discurso conciliador

Aécio e Dilma adotam discurso conciliador

A presidente eleita, Dilma Rousseff (PT) e o senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), fizeram discursos conciliadores e pregaram a relação política propositiva, na premiação promovida pela revista Isto É. Dilma foi escolhida a brasileira do ano e Aécio, o brasileiro do ano na política. “A partir de 1º de janeiro, sou a presidenta de todos os brasileiros. Isso significa um momento de congraçamento e de unidade”, afirmou Dilma, ao receber seu prêmio. “Olharei para todos sem nenhum distinção em relação a sua procedência política, visão de mundo, crença religiosa ou seu time de futebol”, concluiu com humor e afirmando ser torcedora do Internacional, de Porto Alegre.
Na chegada ao evento, Aécio afirmou que “o Brasil não foi descoberto em 2003″, para citar avanços de governos anteriores, como o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao receber o prêmio buscou a conciliação, sendo bastante aplaudido ao dizer que, em política, “é preciso construir pontes, não dinamitá-las”.
No momento mais engraçado da noite, o apresentador de TV Marcelo Tas, que foi premiado como brasileiro do ano na televisão, se referiu diretamente a Aécio dizendo que pretende governar o país, “mas só em 2038″ e que, portanto, os potenciais candidatos ali presentes não tinham com que se preocupar. Nesse momento, o telão do salão mostrou Aécio, para gargalhadas da plateia.
O discurso mais aguardado da noite foi o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), premiado como o brasileiro da década. Último a falar, Lula reavivou, de maneira velada, a tese da “herança maldita” que teria recebido do antecessor Fernando Henrique Cardoso (PSDB): “Ouvindo a Dilma falando eu fiquei pensando: ‘Poxa, eu podia ter herdado o país que ela vai herdar depois do governo Lula’”.

Teotonio Vilela Filho em entrevista ao Valor: ‘Aécio é um grande quadro, tem um papel imenso no partido’


“Não cabe aos governadores do PSDB fazer oposição”

Entrevista: Desafio de reeleito é melhorar indicadores sociais
Em busca de êxito eleitoral em uma região onde a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva beira o consenso, o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), teve de economizar na exposição de sua preferência por José Serra (PSDB) na recente corrida ao Palácio do Planalto. Téo, como é conhecido o governador, também não contou com o apoio do senador Renan Calheiros (PMDB), cuja força política local o tornou cobiçado nos três principais palanques da eleição alagoana.

Reeleito no segundo turno por diferença de cinco pontos sobre o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), apoiado por Renan, Téo terá mais quatro anos para melhorar os indicadores sociais de Alagoas, os piores do Brasil. Uma das principais tarefas será reforçar a atração de investimentos estruturantes para um Estado ainda muito dependente de verbas federais. Nesse sentido, o governador terá que se entender muito bem com o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), a quem ele descarta fazer oposição.
“Não compete aos governadores esse papel de oposição. Aliás, é incompatível o papel de oposição para quem comanda o Executivo”, disse Téo na quarta-feira, em entrevista ao Valor, concedida logo após o encerramento da primeira reunião entre os governadores tucanos eleitos em 2010.
Valor: O senhor venceu uma eleição muito apertada, contra adversários poderosos. Qual o balanço desse processo e qual será o mote do seu próximo governo?
Teotonio Vilela: O balanço do processo eleitoral é de que a população apoiou a continuidade do projeto do PSDB. Fizemos uma administração transparente, participativa, que dialoga com a sociedade o tempo todo e baseada na ética e na busca do desenvolvimento que possa promover melhorias sociais. Tem sido duro, os indicadores aqui são os piores do Brasil, e nós estamos vencendo essas barreiras. O Estado hoje abriu um leque de parcerias com o governo federal, há uma relação de confiança com os municípios, com as instituições internacionais. Então, Alagoas tem hoje muito mais condições de avançar e os alagoanos perceberam isso na eleição. Isso implica em uma responsabilidade maior ainda em trabalhar e corresponder a essa confiança.
Valor: O que pretende realizar nos próximos quatro anos?
Teotonio: Nossa obsessão é a redução da miséria. Para isso, tenho que mexer em tudo. Tenho que mexer em saúde, em segurança, na geração de empregos, na atração de investimento e empresas. Tudo no entorno da redução da miséria e da melhoria da qualidade de vida. Vou consolidar o trabalho que fiz no primeiro governo e ampliar, para reverter esses indicadores. Quero desenvolver o turismo, a cadeia do plástico e da agropecuária, além de amadurecer projetos na área de educação e segurança pública. É muito trabalho. Mas dá pra fazer mais e melhor do que no primeiro [mandato].
Valor: Durante a campanha eleitoral, não ficou tão evidente a aliança entre o senhor e o candidato do seu partido à Presidência da República. Porque as coisas ocorreram desta forma? Como é a sua relação com José Serra?
Teotonio: Serra é meu parceiro, me conhece. Você diz que não ficou clara a aliança, mas eu dei a ele o melhor resultado no Nordeste. Se eu desse o pior, aí seria complicado.
Valor: O quanto a popularidade do presidente Lula na região dificultou a sua tarefa de pedir votos para Serra?
Teotonio: Demais. Você entra na área do Bolsa Família e só dá Lula. O que eu procurei fazer foi conduzir isso com habilidade para ajudar o Serra sem prejudicar a minha própria eleição. E de alguma forma eu consegui. Dei a melhor votação do Serra, mas infelizmente não deu para ele ganhar. Quando [Geraldo] Alckmin foi candidato a presidente, em 2006, também teve aqui a melhor votação do Nordeste. O Serra ganhou aqui em 2002 nos dois turnos, único Estado onde isso aconteceu.
“Serra é meu parceiro. Diz-se que não ficou clara a aliança, mas eu lhe dei o melhor resultado no Nordeste”
Valor: Quanto o senhor conhece da presidente eleita? Como é a relação com Dilma?

Teotonio: Conheço de quando era ministra da Casa Civil. Ela esteve aqui em Alagoas. Toda vez que o presidente Lula vinha, foram cinco vezes, ela veio junto. Minha relação com o Lula é excelente, muito boa. Com a presidente, menos.
Valor: Como o partido pretende demonstrar maior unidade entre a bancada federal e os governadores no que tange ao exercício de oposição?
Teotonio: Os governadores têm um papel diferenciado dos parlamentares. O parlamentar tem uma atuação eminentemente política, no sentido da pregação das ideias, e dos enfrentamentos com o discurso ao qual eles se contrapõem. Já os governadores foram eleitos para governar, não para parlamentar. Não compete aos governadores esse papel de oposição. Aliás, é incompatível o papel de oposição para quem comanda o Executivo. Ao contrário, o dever constitucional impõe trabalho de sintonia com os outros poderes, na escala municipal e federal e, horizontalmente, com o Judiciário e o Poder Legislativo.
Valor: Mas as bandeiras serão as mesmas?
Teotonio: O entrosamento e a comunicação são essenciais. Isso ficou combinado que nós vamos fazer. Mas cada um cumprindo o seu papel.
Valor: Qual é o tamanho da dependência de Alagoas das verbas federais?
Teotonio: Muito grande. Alagoas não tem poupança, não tem investimento nenhum. O dinheiro que nós temos é para fazer contrapartida das obras tocadas com recursos federais, do BNDES, do Banco Mundial. Alagoas precisa muito do governo para investir. É uma dependência completa. Quanto à nossa arrecadação, cerca de dois terços vêm do ICMS e um terço, do FPE [Fundo de Participação dos Estados].
Valor: A dívida com o governo federal também é alta.
Teotonio: O problema é que pagamos muito. A dívida de Alagoas é impagável, pelo menos para quitá-la por completo. Mas todo mês o governo federal nos tira R$ 35 milhões somente com o serviço da dívida. Isso é um absurdo, mas infelizmente não tem como resolver isso no curto prazo. O Serra tinha uma proposta de, se eleito, mandar para o Congresso Nacional uma emenda determinando que os Estados com IDH mais baixo do Brasil receberiam de volta esse serviço da dívida, e esses recursos seriam investidos em educação, saúde, segurança e infraestrutura. Ele acreditava que, em dez anos, se reverteria esse IDH. Infelizmente não ganhou o Serra.
Valor: Qual o tamanho da dívida hoje?
Teotonio: R$ 7 bilhões.
Valor: Neste cenário de Nordeste em evidência, Pernambuco está trazendo grandes investimentos estruturadores, como refinaria, estaleiro e, mais recentemente, siderúrgica e montadora. No Ceará há projetos para uma siderúrgica e uma refinaria. Também há projetos no Rio Grande do Norte e no Maranhão. Como fica Alagoas?
Teotonio: Está se construindo aqui uma fábrica de PVC da Braskem, investimento próximo de R$ 1 bilhão. Estamos negociando uma planta de beneficiamento de minério no município de Caraíbas, mais R$ 1 bilhão. Temos um estaleiro, de R$ 1,5 bilhão, projeto que muda paradigma do Estado [o estaleiro ainda aguarda licença ambiental para ser anunciado]. E estamos de mangas arregaçadas, antenados, para trazer mais. É uma guerra isso.
Valor: O senhor abriu a reunião dos governadores falando em orgulho tucano. Esse orgulho está ferido? Onde acredita que o partido errou nas eleições?
Teotonio: Não acho que houve erro. O grande problema foi o fato de o presidente Lula estar muito forte.
Valor: Qual será a importância do senador Aécio Neves nessa nova fase do PSDB?
Teotonio: Deixa caminhar mais. Está cedo ainda. O Aécio é um grande quadro, tem um papel imenso no partido. Mas por enquanto o caminho é aproximar os governadores, depois dar um tempero nos deputados e senadores. Precisa começar a funcionar mais no dia a dia da sociedade. Aí naturalmente, quando chegar no momento eleitoral, o partido estará vitaminado, musculoso, para colocar o nome.
Valor: O Serra tem participado dessas discussões sobre o novo PSDB?
Teotonio: Terminou agora a eleição. Nem estive com o Serra pessoalmente, só falei por telefone por duas vezes. Mas ele vai participar também.
Valor: O seu vizinho, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que apoiou publicamente sua candidatura, desponta como uma liderança política da região Nordeste. Apesar de estar alinhado nacionalmente ao PT, ele mantém boas relações com tucanos como Beto Richa, AécioNeves, entre outros. Essa nova fase do PSDB pode representar uma aproximação maior com o PSB?
Teotonio: Eu gosto da ascensão do PSB, sobretudo sob o comando do Eduardo Campos, que é um homem sério, com sensibilidade social, nordestino, conhecedor das necessidades da nossa região, e que tem se revelado um líder de inegáveis méritos. Então, eu gosto que o PSB cresça. Aqui o partido é meu parceiro, está na minha base. Comanda a nossa Secretaria de Ciência e Tecnologia, além de algumas outras funções. Tenho ligação muito forte, pessoal e política, com os membros do PSB. Mas em termos de aliança a nível nacional, prefiro não mexer com isso. Prefiro ficar dentro dos limites de Alagoas.
Valor: Como está a relação com o Renan?
Teotonio: Distante.
Valor: Por quê?
Teotonio: Pergunte a ele. Mas eu acho que é porque ele tentou arranjar um candidato vitorioso.

13 de dezembro de 2010

IstoÉ: De olho nas próximas eleições, líderes tucanos apoiam proposta de Aécio Neves de promover mudanças até maio de 2011

De olho nas próximas eleições, líderes tucanos apoiam proposta de Aécio Neves de promover mudanças até maio de 2011
AFINIDADE
Aécio, com Alckmin, e na casa de Fernando
Henrique: resgate de valores da época
da criação do PSDB também está nos planos
Depois de amargar a terceira derrota consecutiva nas eleições presidenciais, o PSDB começa a se repensar. Criado em junho de 1988 por um grupo de dissidentes do PMDB liderados por políticos de São Paulo e Minas Gerais, o partido que nasceu para ser poder precisa mais do que nunca se consolidar como oposição. Apesar de ter feito oito governadores nas últimas eleições, o PSDB saiu menor das urnas. Ainda assim, tucanos próximos ao ex-governador paulista José Serra, que perdeu a disputa para Dilma Rousseff(PT), se fecharam em copas diante de uma proposta de refundação da agremiação política. Apresentada pelo senador eleito Aécio Neves, ex-governador mineiro, a proposta prevê a reformulação do programa partidário até maio de 2011, quando acontece a convenção nacional tucana. Dessa forma, temas como políticas específicas para o Nordeste, profissionalização do serviço público e sustentabilidade seriam incluídos entre as diretrizes do partido. “Só o tema da sustentabilidade justificaria a revisão do programa”, diz Aécio. “Ele não é tratado no programa do PSDB com a ênfase que deveria ter.”
Na opinião do senador eleito, três lideranças históricas tucanas deveriam conduzir o processo de revisão do programa do partido: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra e Tasso Jereissati (CE), senador em final de mandato. De imediato, a sugestão de mudança provocou estranheza até mesmo em Fernando Henrique. Sua primeira reação foi classificar o termo refundação como “muito forte”, embora ele próprio
tivesse antes avisado não estar mais disposto a endossar campanhas que negassem a história do partido.Na semana passada, no entanto, o ex-presidente estava entre aqueles que se alinharam ao projeto, que envolve retomar as raízes do partido, cujas tendências de centro-esquerda cederam espaço nas últimas eleições a bandeiras conservadoras, como o debate em torno do aborto. Para discutir o futuro do partido, o ex-presidente recebeu Aécio na segunda-feira 6 em seu apartamento no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Outro tucano graduado a apoiar o processo de refundação foi o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. “O partido foi fundado na década de 1980 e nós estamos em outro momento”, afirmou Alckmin, após almoço com Aécio, também em São Paulo. “É importante atualizar o programa partidário e fazer uma oposição inteligente.” Lembrando que os governadores eleitos pelo PSDB administrarão Estados que concentram 47,5% do eleitorado brasileiro, os tucanos pretendem ainda renovar os seus quadros. Por um lado, trata-se de uma volta às raízes, buscando uma reaproximação com a sociedade civil. “Precisamos também atrair as novas gerações e lideranças que não se encontram hoje no campo do partido”, defendeAécio. Não por acaso, durante um périplo por Brasília, na semana passada, Aécio reuniu-se com correligionários, mas também com políticos de outros partidos, como integrantes da bancada do Democratas e o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).


O ex-governador de Minas garante que seu único objetivo daqui para a frente é cumprir o mandato de senador, fazendo uma oposição forte, mas qualificada, ao governo Dilma. Ele afirma ainda que não pretende aceitar nem disputar nenhum posto de liderança no Senado. “A oposição terá vários líderes”, ressalta Aécio. “Eu não serei o líder.” Mesmo assim, seus movimentos apontam para 2014, como potencial candidato à sucessão de Dilma. Afinal, durante todo o ano de 2009 ele se empenhou para que a cúpula do PSDB promovesse prévias internas para a escolha do candidato tucano à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não teve sucesso na empreitada, mas a iniciativa de disputar a indicação com Serra – e não aceitar ser vice na chapa – acabou por consolidar nacionalmente sua liderança.
Na prática, o acirramento dessa divisão tende a provocar turbulências na escolha do próximo presidente do PSDB, já que o mandato do atual, o senador Sérgio Guerra (PE), termina em maio. Até lá, a disputa pelo posto mobilizará os dois grupos, mas é provável que ambos encontrem uma saída no melhor estilo tucano: um nome de convergência. Quanto à refundação, seja qual for o nome que venha a receber, apresenta-se como um processo inevitável. “Não vejo nada de controverso nela”, afirma o cientista político Bolívar Lamounier, coautor, com Fernando Henrique, do livro “Os Partidos e As Eleições no Brasil”. “O PSDB tem que fazer um esforço maior agora, até porque saiu das eleições com uma bancada muito enfraquecida no Congresso.” De fato. O número de senadores tucanos caiu de 16 para 11, enquanto a bancada de deputados federais encolheu de 59 para 53 parlamentares.


Fonte: Luiza Villaméa [ Revisto IstoÉ ]

Revista da Editora Abril dá a Aécio Neves o título de Político do Ano – Bom de governo, campeão de votos, sem medo de viver a vida


Aécio Neves: O Político do Ano sabe que a campanha está apenas começando

De Minas Gerais, o repórter Lucas Figueiredo trouxe um perfil do senador Aécio Neves, que venceu todas as últimas disputas políticas e se credencia a ser uma das maiores forças de oposição ao governo do PT
Políticos
Bom de governo, campeão de votos, sem medo de viver a vida – e pronto para uma nova campanha
Nem Belo Horizonte, nem Rio de janeiro. Aécio Neves está em Fortaleza, em frente a um coqueiro quando é surpreendido pelo o estudante de cinema Ciro de Saboya Gomes.Com uma câmera de vídeo ligada, o fihlo do deputado Ciro Gomes e da senadora Patrícia Saboya pergunta à queima roupa: “Se o senhor estivesse numa ilha deserta e tivesse de escolher entre uma mulher, um bote para sair da ilha ou um queijo, quem escolheria?” Entre tímido e desconfiado, Aécio leva a mão direita ao rosto e segura com firmeza o maxilar, com se o queixo estivesse a ponto de despencar no chão (um cacoete que desponta quando ele está nervoso ou entediado). A resposta demora 3 segundos para aparecer. Qual teria sido a escolha de Aécio?
Quando essa pergunta foi feita em 2008, Aécio era governador de Minas em segundo mandato e lançava seu nome à Presidência da República. A decisão do integrante mais original do ninho tucano é a chave para decifrar esse homem de múltiplas faces e desejos. sua resposta não é simples, como tudo que vem das montanhas das Gerais. Se Minas são muitas, como diz o poeta, Aécio também são vários…(continua)

Fonte: Lucas Figueiredo - Revista Alfa

9 de dezembro de 2010

Aécio Neves defende aproximação com movimentos sindicais que não são ligados ao PT


Aécio defende “ousadia” tucana

Para senador eleito, PSDB deve tentar uma aproximação com movimentos sindicais que não são ligados ao PT. Seria uma forma de viabilizar a legenda para vencer as eleições de 2014

Aécio Neves se reuniu ontem com deputados do PSDB, em Brasília

Ao lado do presidente tucano, senador Sérgio Guerra (PE), o ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves (PSDB) defendeu o que chama de “revitalização” do programa partidário. No encontro de ontem com a bancada do partido na Câmara, o ex-governador mineiro afirmou que o resultado das urnas “sinalizou” a necessidade de a sigla atualizar seu campo de atuação e apontou a aproximação com movimentos trabalhistas, jovens e “liberais” como o norte para que a legenda volte a governar o país. “Em Minas temos o apoio de setores sindicais. Sinto falta de mais aproximação, vamos buscar naqueles não atrelados ao governo federal. O PSDB deve ousar, dialogar com esses movimentos, com segmentos jovens, entidades estudantis”, afirmou Aécio.
Aécio ressaltou que, no primeiro turno das eleições, a população disse não à continuidade do governo. Ele defendeu que o partido capitalize nos próximos anos os votos que recebeu este ano. “Nós precisamos qualificar a nossa oposição. Não devemos nos sentir derrotados. Nosso papel na sociedade pode ser de protagonista, pois não há governo forte sem oposição forte”, afirmou, acrescentando: “Mais do que nunca vamos ter que agir de forma articulada. Nossa atuação deve ser organizada criando algo diferente no Congresso”.
Na noite de terça-feira, o senador eleito participou de um jantar com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em Brasília. Aécio contou que, durante o encontro, ele e Campos falaram sobre a afinidade política de PSDB e PSB em alguns estados, apesar da aliança dos socialistas com o PT, e da possibilidade de as siglas atuarem no mesmo front para defender votações de grandes temas no Congresso. ”Tenho uma relação fraterna com o governador de Pernambuco. O PSB sempre nos apoiou em Minas Gerais. Falamos um pouco de Minas e acho que é natural que alguns estados permaneçam próximos ao PSB. Mas, no Congresso, nós teremos muitas convergências sobre temas que serão de interesses do Brasil”, disse Aécio, que foi ao Senado para cumprimentar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e homenagear o discurso de despedida do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).


Fonte: Josie Jeronimo – Estado de Minas

Aécio Neves tenta pacificar o DEM para unir a oposição


Disputa entre Aécio e Serra chega ao DEM

Rodrigo Maia pede ajuda ao mineiro para se defender, dentro do partido, das investidas promovidas por ala serrista liderada por Gilberto KassabA disputa entre tucanos do grupo do senador eleito Aécio Neves (MG) e a ala ligada ao candidato derrotado José Serra ultrapassou os limites do PSDB e chegou ao DEM. Para vencer a guerra interna com a ala comandada pelo prefeito Gilberto Kassab e o ex-presidente do partido Jorge Bornhausen, o grupo do atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), tenta se escudar em Aécio. Mas não houve confronto na reunião de ontem da Executiva Nacional.
Líder da ala serrista do DEM, Kassab desembarcou em Brasília disposto a enfrentar Maia no voto, na reunião dos dirigentes do partido. Maia manobrou para manter-se no comando por no mínimo mais três meses. Até lá, ninguém sai do partido. Nem Kassab.
Na prática, a disputa foi remarcada para 15 de março, data da convenção nacional extraordinária convocada pelo próprio Maia. Foi a saída que lhe permitiu ganhar tempo para mobilizar aliados e então eleger a nova Executiva Nacional Provisória, que tratará do calendário das convenções municipais e estadual e da sucessão no comando do partido.
Não por acaso, o braço direito de Maia no DEM, deputado ACM Neto (BA), foi buscar Aécio no aeroporto em Brasília, na noite de terça-feira. Também não foi à toa que Aécio passou pelo gabinete da presidência do DEM para cumprimentar Maia. Mas teve a cautela de fazer um gesto ao grupo de Kassab, para mostrar que não quer entrar em briga de vizinho.
O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), estava na presidência do partido quando Aécio foi até lá pregando a unidade para não fragilizar o conjunto da oposição. Ontem de manhã, foi brindado com um telefonema do mineiro, com um discurso de pacificação e a indagação sobre se haveria ou não massacre a Maia na Executiva. Respondeu que a ideia era tentar um acordo.
O grupo de Bornhausen e Kassab queria ter definido as convenções ontem, mas não conseguiu. Maia abriu e encerrou a reunião da Executiva em apenas cinco minutos, tempo mais que suficiente para anunciar sua decisão e surpreender Bornhausen e Kassab.
“Como havia uma divisão aguda no partido e nenhum calendário atendia aos dois lados, resolvi convocar a convenção extraordinária para que ela possa decidir de forma soberana”, explicou Maia, dizendo que fazia um gesto em favor da unidade. Em entrevista no fim da reunião, fez questão de criticar Serra.
“Quando o candidato a presidente vai mal no primeiro turno, ele desmonta todo o quebra-cabeça nos Estados”, afirmou, em queixa velada pela derrota de seu pai Cesar Maia (DEM-RJ) na disputa pelo Senado. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reagiu. “José Serra fez grande esforço pela vitória da oposição.”

Fonte: Christiane Samarco – O Estado de S.Paulo

7 de dezembro de 2010

Aécio Neves defende que PSDB não deve antecipar nome para 2014, ele diz que tática é suicida


Aécio: antecipar nome do PSDB é ‘tática suicida’

Senador eleito por Minas diz que proposta defendida por FH é também ‘amadora’ e propõe ‘refundação’ do partido
O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem que a proposta defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o próximo candidato tucano à Presidência seja escolhido em 2012 é uma “tática suicida e amadora”. Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, Aéciorepetiu que o PSDB precisa passar por uma “refundação”, outro ponto de discordância entre os dois.
- Eu acho que nós não podemos nos precipitar. Em 2012 talvez até já tenha um encaminhamento natural, e as coisas, quando caem naturalmente, caminham melhor. Mas você antecipar muito a indicação de um candidato é uma tática suicida e amadora. Eu não tenho vocação para a primeira e não tenho mais o direito de exercer a segunda. Então, é dar tempo ao tempo – afirmou Aécio.
Logo após o término da eleição, Fernando Henrique defendeu, pela primeira vez, a tese de antecipação para 2012 da escolha do presidenciável de 2014.
- O PSDB não pode ficar enrolando até o final se é A, B, C ou D. Dentro de dois anos, temos de decidir quem é esse ‘é’ e tem de ser de todo mundo, tem de ser coletivo – argumentou.
Aécio defendeu ontem que a indicação do nome do partido para a Presidência da República ocorra após as eleições municipais e ao término do processo de reestruturação do partido:
- Focarmos agora em candidatura presidencial é uma bobagem. Você pode achar que hoje eu sou uma alternativa, mas, daqui a dois anos, pode ter uma melhor. Vamos cuidar de construir um projeto para o país.
O senador mineiro admitiu que vai insistir no termo “refundação” do PSDB. O termo causou polêmica quando dito pela primeira vez, após a eleição. A ala paulista do partido vê a expressão como um primeiro passo dos tucanos mineiros para tentar assumir o comando da legenda. FH chegou a dizer que ela era “muito forte”:
- Alguns colocam algum obstáculo ou um pé atrás nessa coisa da refundação. Eu vou insistir nesse termo porque tem que ser algo profundo.
Depois de uma temporada de férias no exterior, o mineiro desembarcou em São Paulo pela manhã para um almoço com o governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) em busca de apoio para essa “refundação”. À noite, ele se encontraria com FH.
Aécio propõe um novo programa partidário para o PSDB – o atual é de 1988 -, mudança no comando da legenda nos estados onde os tucanos tiveram desempenho pífio e a criação de um núcleo de inteligência vinculado à direção nacional, composto por técnicos, para abastecer o partido de informações sobre o governo, orientando, assim, a atuação na oposição. Alckmin mostrou-se favorável.
- Estamos juntos para ajudar a reorganizar o partido. O partido foi fundado no final da década de 80. É importante atualizar o seu programa – disse o governador eleitor de São Paulo.
Aécio afirmou que o partido, equivocadamente, se aproximou de setores conservadores da sociedade nas eleições deste ano durante a discussão sobre temas polêmicos, como a legalização do aborto, e, segundo ele, é preciso voltar a ser um partido social-democrata e de centro-esquerda:
- Eu confesso que foi um retrocesso – disse.

Fonte: Silvia Amorim – O Globo

Aécio Neves defende com Alckmin atualização do programa do PSDB e aproximação com PSDB


Aécio defende aproximação com o PSB para reeditar parceria de 2008

Aécio defende atualização do programa partidário em almoço com Alckmin: “O nosso programa foi construído em cima de uma realidade que não é mais a do Brasil”
Fortalecido nas eleições deste ano, o senador eleito Aécio Neves (MG) defendeu a aproximação do PSDB com partidos que compõem a base do governo federal, como o PSB, repetindo a aliança vitoriosa na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008.
“Vamos conversar com outras forças políticas. Por que não é possível reeditar, se não da mesma forma, algo parecido com o que foi feito em Minas Gerais, por exemplo? Nós tivemos ali o PSB, PDT, PP, PTB ao nosso lado”, disse ontem, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura. “Em outros Estados também houve isso. Por que não tentar uma conversa em torno de programa com outras forças políticas?” questionou Aécio.
Em 2008, PT e PSDB uniram-se na capital mineira para apoiar Lacerda, candidato do PSB, em acordo costurado por Aécio e o ex-prefeito petista Fernando Pimentel.
Hoje o ex-governador de Minas deve se encontrar com o presidente do PSB e governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos.
Na entrevista, Aécio criticou a defesa feita pelo presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, de antecipar a escolha do candidato à Presidência e lançar o nome em 2012. ”Antecipar muito a identificação de um candidato é uma tática suicida e amadora”, afirmou. “Eu não tenho vocação para a primeira e nem tenho o direito de exercer a segunda”, disse, em tom ameno.
Aécio afirmou, no entanto, que o partido construir um discurso e se mobilizar desde já para falar “às regiões do país” onde não tiveram “espaço” nas eleições deste ano. ”Não podemos, um partido que quer ganhar a Presidência, ter o desempenho que tivemos no Nordeste”, disse.
O ex-governador voltou a defender a ”refundação” do partido e disse que vai trabalhar “no limite de suas forças” para que o partido seja mais democrático em suas decisões. Questionado sobre o episódio que marcou o partido em 2006, quando ele, o senador Tasso Jereissati (CE), Fernando Henrique e José Serra reuniram-se no restaurante Massimo para definir a candidatura presidencial, Aécio reiterou: “Não há mais espaço [para episódios como aquele]. Não. Foi um equívoco. Aquilo foi o símbolo de uma decisão fechada”, afirmou ontem. “Vou trabalhar à exaustão, no limite de minhas forças, para que o PSDB seja um partido nacional. Isso passa pela reorganização dos diretórios onde não tivemos expressão política”, declarou.
Na avaliação do mineiro, o PSDB retrocedeu ao aderir a pautas conservadoras, de direita, durante o período eleitoral: “É uma luz amarela que se acende. Mais uma razão para atualizarmos o programa partidário”, avaliou, pontuando as discussões sobre a legalização do aborto, utilizada na campanha presidencial. O PSDB, acredita, precisa voltar a ser uma referência de centro-esquerda no país, se aproximar dos setores mais populares e oferecer um discurso claro aos movimentos sindicais.
Aécio defendeu que o PSDB se descole de segmentos que defendam bandeiras estranhas ao partido em sua essência e se reconcilie com seu passado, em especial com os feitos dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso: “Foi um erro nosso as principais lideranças do partido não assumirem o nosso legado”, observou.
No Congresso, o senador eleito disse que defenderá a reforma política e destacou três pontos: o financiamento público exclusivo para campanhas, a cláusula de desempenho para os partidos, para reduzir o número de legendas e o voto distrital misto.
A possibilidade de ocupar a presidência do PSDB foi descartada por Aécio, que defendeu a permanência de Sérgio Guerra no comando do partido. Pregou que a oposição aguarde antes de tomar posição em relação ao governo da futura presidente, Dilma Rousseff (PT): “Dilma representa uma grande incógnita. Até porque não a conhecemos na construção política. Devemos dar um tempo para ela. Temos que observar”.
Mais cedo, Aécio Neves almoçou com o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. Na saída, ambos convergiram no discurso sobre a necessidade de atualização do programa partidário: “O nosso programa foi construído em cima de uma realidade que não é mais a do Brasil. Então, isso tem de ser visto de forma absolutamente natural”, defendeu Aécio, que sugeriu que FHC, junto com o candidato derrotado à Presidência, José Serra, e Tasso Jereissati que não conseguiu a reeleição ao Senado, coordenem o processo.
“O partido foi fundado na década de 80 e hoje nós estamos em um outro momento”, afirmou Alckmin. “Então, é importante atualizar o programa partidário para fazer uma oposição propositiva, inteligente, que ajude o Brasil”, completou. No dia 15, o PSDB realiza um encontro com os oito governadores eleitos pelo partido, em Maceió (AL).

Fonte: Valor Econômico

6 de dezembro de 2010

Aécio Neves é homenageado pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio


Itália Affari

A solenidade para entrega da medalha Itália Affari 2010, promovida pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio nos salões do Automóvel Clube, acabou se transformando em festa de confraternização da alta cúpula da colônia italiana em Minas, com figuras de proa do setor político, empresarial e social. Os dois agraciados com a honraria, um mineiro e um italiano, destaques no incremento das relações entre o estado e a Itália, foram o senador eleito Aécio Neves e Mario Araldi, presidente da Associação de Cultura Ítalo-Brasileira (Acibra). Medalhas restritas, medalhas prestigiadas. O evento foi promovido no Salão Dourado. Depois da entrega das comendas e dos devidos discursos, rolou um bem servido cocktail-dinner, que trouxe descontração ao ambiente formal do encontro.
Além da presença maciça de italianos, houve predominância em certos itens do coq de toques exclusivamente italianos. Por exemplo, o industrial Carlos Chiari, da Salumeria Chiari, fabricante em BH dos melhores presuntos, salames e mortadelas artesanais de Minas (ou do país), botou o uniforme de chef e circulou oferecendo bandejas com suas criações aos convivas. Os doces foram da Molle Antonelliana, também de receitas peninsulares. Quanto aos vinhos, não é preciso nem dizer. Não houve registro de grappa molto forte. Já os amuse gueles foram mesmo da cozinha do clube.
Giacomo Regaldo, presidente da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira, sempre sorridente, anfitrionou o evento. E entregou as medalhas. Entre os que foram cumprimentar Mario Araldi, que estava com sua mulher, Cristina, e Aécio Neves, supervisionado por sua mãe Inês Maria Neves, estavam o governador Antônio Anastasia; o prefeito de BH, Márcio Lacerda, e Regina; o presidente da Fiat, Cledorvino Belini; a cônsul da Itália, Maria Pia Batisti; o senador Eduardo Azeredo; o vice-governador eleito Alberto Pinto Coelho; o presidente da New Holland, Valentino Rizzioli, com Silvana; o secretário Danilo de Castro; o deputado Agostinho Patrus Filho; o presidente da ACMinas, Charles Lotfi; Raffaele Peano; Anamaria e Romano Alciati; e Anisio Ciscotto.
Também presentes Ricardo Vicinti; Giuseppe Isoardi; Marcos Maghettini; as irmãs Lorena e Liliane Tammaro; Octavio Lorenzetti; Pier Giorgio Senesi; Silvia Alciati; Ugo Delfino; Guido Maina; Giorgio Colina; Werner Rohlfs; Pietro Sportelli; Eunice e Carlos Humberto Ganen; as irmãs Dada e Violeta Couri; Raphael Andrade; Franco Melani; Paolo Resmini; Camila Millardi; Matteo Marchiori; Arlindo Porto; Miriam Cerutti; Jonas Carvalho; Ellen e Paolo Casadonte; Pietro Sportelli e muita gente mais.

Fonte: Coluna Mario Fontana – Estado de Minas

3 de dezembro de 2010

Em justa homenagem ao grande político, Aécio Ferreira da Cunha é o nome do auditório da nova sede da AMANS


Antonio Anastasia participa da entrega de auditório da Amams


O governador Antonio Anastasia participou, nesta quinta-feira (2), na Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), em Montes Claros, no Norte de Minas, da inauguração do auditório deputado Aécio Ferreira da Cunha e das obras de revitalização e modernização da sede da entidade. Ao lado do ex-governador e senador eleito, Aécio Neves, Antonio Anastasia afirmou que as obras realizadas pela Amams são exemplo do bom uso dos recursos repassados pelo poder público estadual aos seus parceiros nos diversos municípios mineiros.

"Aqui, neste momento, estamos vendo o correto e adequado uso do dinheiro público através da inauguração deste auditório e da reforma da sede da Amams, feitos com recursos recebidos do Tesouro do Estado. Gostaria de cumprimentar o Norte de Minas por esse convênio realizado, implementado e ora inaugurado. Quero lembrar, de fato, como foi positiva a iniciativa da parceria entre o Governo de Minas e as microrregionais, que tanto valorizou os municípios e as associações", afirmou o governador.
Fortalecimento das associações
A construção do auditório e a reforma da sede da Amams foram viabilizados por meio de parceria com o Governo de Minas, que destinou R$ 1,6 milhão para a entidade. Do total dos recursos, R$ 800 mil foram destinados para construção do auditório e R$ 300 mil para revitalização e modernização da sede. Outros R$ 500 mil foram destinados à reforma do maquinário, compra de carros e reestruturação dos departamentos.

O Governo de Minas já repassou R$ 33,6 milhões para o Programa de Fortalecimento e Revitalização das Associações Microrregionais de Municípios, elaborado pela Superintendência de Associativismo Municipal da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru). Os recursos permitiram a melhoria da infraestrutura de 42 associações de municípios e foram utilizados em reformas, compra de novos equipamentos, obras de estradas vicinais para facilitar o escoamento de produção e o acesso às escolas, postos de saúde e comércio, fortalecendo o associativismo microrregional.
Homenagem
O auditório recebeu o nome do ex-deputado Aécio Ferreira da Cunha, pai do ex-governador Aécio Neves, falecido no início de outubro deste ano. A homenagem, segundo o presidente da Amams, prefeito de Patis, Valmir Morais, é um reconhecimento à dedicação do ex-deputado ao Norte do Estado para o qual sempre defendeu tratamento diferenciado.

Emocionado com a homenagem ao seu pai, mineiro de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, o ex-governador e senador eleito, Aécio Neves, ressaltou que foi ele o grande inspirador da criação da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan) e de outros projetos do Governo de Minas voltados para o desenvolvimento dessas regiões.

"Recebo essa homenagem feita ao meu pai Aécio Cunha com muita emoção. Aécio Cunha dedicou toda sua vida, mais de 32 anos como deputado e outros tantos como militante, em defesa dessa região. Até seus últimos dias de vida ele trabalhava para conseguir mais recursos para o Norte. Ele também foi um dos meus estimuladores para que nosso Governo, durante oito anos, investisse quase três vezes mais per capita no Norte, no Jequitinhonha, no Mucuri, do que nas regiões tidas como as mais ricas do Estado. Portanto, levo dele os exemplos de ética, seriedade e amor a esta região", disse Aécio Neves.

Para o governador Anastasia, a homenagem a Aécio Cunha é mais do que merecida. "Minha palavra é de cumprimento ao homenageado deputado Aécio Cunha. Ele nos transmitia a política verdadeira, aquela que vem do coração, que reflete a alma genuína de uma pessoa boa, de um cidadão de bem, de um homem íntegro em todos os sentidos, e que dedicou toda sua vida a fazer bem ao próximo. É preciso demonstrar gratidão àquele que se dedicou tanto a comunidades mais sofridas e que é um exemplo a ser seguido e honrado", destacou.