26 de março de 2014

Aécio diz que ‘equívocos’ do governo justificam rebaixamento

Senador afirmou que a decisão da S&P de rebaixar a nota do país “coroa uma temporada de equívocos cometidos pelo governo Dilma”.


Brasil desce


Fonte: Folha de S.Paulo 

Opositores criticam a política econômica de Dilma


Aécio Neves diz que ‘equívocos’ do governo justificam rebaixamento; para Campos, governo não pode relativizar a nota mais baixa

Como previa o governo, os principais adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição presidencial fizeram declarações críticas sobre o rebaixamento da nota de risco do Brasil logo após o anúncio pela agência S&P.

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou que a decisão da S&P de rebaixar a nota do país “coroa uma temporada de equívocos cometidos pelo governo da presidente Dilma Rousseff na área econômica, mas não só nela”.

O peessedebista citou, entre as falhas econômicas, a falta de investimentos para reanimar o crescimento econômico brasileiro.

Segundo ele, em nota divulgada na noite de ontem, “o histórico de manipulações contábeis, o descuido com a boa aplicação dos recursos públicos, a leniência com a inflação, a ineficácia na realização dos investimentos necessários para destravar o país, em contrapartida aos exorbitantes gastos correntes, explicam, com sobras, a indesejada decisão”.

O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, afirmou, por sua vez, que o país não precisava ter sua nota rebaixada pela agência Standard & Poor’s para saber que a economia vai mal.

Em uma rede social, o governador de Pernambuco disse que a mudança na classificação não deve ser relativizada pelo Planalto.

Ele argumenta que, se o governo petista considerou positiva a alta em sua nota de crédito em situações anteriores, não poderá dizer agora que o rebaixamento não é uma situação negativa.

“O rebaixamento da nota brasileira por uma agência de classificação de risco poderia até ser relativizado pelo governo, se esse mesmo governo não tivesse festejado o upgrade’, quando foi concedido anos atrás”, escreveu.

Na rede socialCampos afirmou que o Brasil não precisa que instituições de fora digam quais são os problemas do país.

“Nós sabemos bem quais são eles. Baixo crescimento com inflação alta. Baixo investimento com altos gastos correntes. Infelizmente, o governo não tem mostrado capacidade de enfrentar o desafio e mudar o jogo”, acrescentou o pré-candidato do PSB.

Classificação tem impacto na dívida de países

Apesar das críticas, especialmente após a crise de 2008, as avaliações das agências de classificação de risco continuam a ser importante termômetro para o mercado e têm impacto sobre o custo da dívida de países e empresas.

Quando a nota de um país é cortada, a tendência é que ele tenha de pagar taxas de juros mais altas para atrair investidores dispostos a comprar os títulos da sua dívida.

No caso do Brasil ontem, mesmo que a S&P tivesse tirado o grau de investimento, o país continuaria com o selo de “bom pagador”. Isso porque essa permanece sendo a avaliação de Moody’s e Fitch e muitos investidores consideram que o aval de 2 das 3 agências é suficiente.

DE QUERIDINHO A REBAIXADO

2008
Alto preço das commodities ajuda o Brasil, que resiste melhor à crise internacional do final daquele ano

2009
Governo lança política anticíclica, com bancos públicos garantindo crédito e sustentando consumo. Cai o superavit fiscal e governo tira obras do PAC da conta — surgem primeiras críticas sobre manobra contábil

2010
Estímulos fazem PIB do país crescer 7,5%, mas economia para pagar a dívida começa a patinar. Governo capitaliza Petrobras para sustentar gasto público

2011
Governo baixa a taxa básica de juros, com a expectativa de que isso impulsione a economia. Superavit primário é elevado. PIB, contudo, desacelera

2012
Economia mundial piora. Governo aposta em mais subsídios, mais dinheiro para o BNDES, mais desonerações e mais crédito. PIB não reage e Fazenda abusa de “contabilidade criativa” para fechar contas

2013
Economia do país tem leve reação, mas governo precisa recorrer de novo a manobras fiscais para entregar a economia prometida

2014
Dados preliminares indicam que, no primeiro bimestre, caiu a poupança para o abatimento da dívida pública

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