Choque de Gestão, gestão do PT
Fonte: Pedro Venceslau e Rafael Abrantes – Brasil Econômico
Reforma de Dilma pode ter choque de gestão e corte de ministérios
Presidente quer aderir ao modelo de governança corporativa do setor privado e poderá reduzir de 38 para 32 número de cargos no primeiro escalão do governo a partir de 2012
Quando tomou posse em janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff já sabia que dentro de um ano teria que promover uma reforma ministerial. Na ocasião, ela optou por ampliar o número já excessivo de pastas do governo para acomodar os 27 partidos que fizeram parte de sua coalizão-a maior da história política brasileira-na campanha presidencial.
Ao formatar a equipe com 38 ministérios (outro recorde), ficou claro que dentro do time haviam diversos nomes com aspirações políticas para as eleições municipais de 2012.Um ano e sete demissões depois, a presidente se depara com uma lista de seis nomes demissionários. Fernando Haddad (Educação), Iriny Lopes (Política para Mulheres), Fernando Bezerra (Integração Nacional) e Luiz Sergio (Pesca) pretendem disputar eleições. Paulo Sergio Passos (Transportes) e Paulo Roberto dos Santos Pinto (Trabalho) são interinos com prazo de validade. Outros dois ministros, Mário Negromonte (Cidades) e Fernando Pimentel(Desenvolvimento) estão enrolados em denúncias.
E, se realmente for eliminado o que é considerado gordura dentro do governo, o número de ministérios pode cair para 32 após a reforma. Na Casa Civil, entretanto, ainda não há estudos sobre redução ou fusão de pastas, apesar da pressão política para que isso aconteça. A partir das mudanças consideradas obrigatórias, a presidente pretende aproveitar a ocasião para, enfim, seguir a orientação de um dos seus principais conselheiros, o empresário Jorge Gerdau, e promover enxugamento na estrutura administrativa.
“Os livros falam que se gerencia com seis a oito pessoas. Pelo menos foi isso que aprendi nas leituras internacionais. A presidente fala em agrupamento de áreas”, disse Gerdau à coluna Mosaico Político, do BRASIL ECONÔMICO, publicada na última sexta-feira (9).
Levantamento feito pelo BRASILECONÔMICO mostra que as pastas mais cotadas para serem fundidas ou extintas reúnem 45.643 cargos espalhados pelo país. Se o movimento se concretizar, esse número será reduzido. “A situação é de exaustão após tantos escândalos. Mas o desenho dos ministérios é sempre político e não de racionalidade administrativa. O objetivo continuará a ser ocupa-los com aliados partidários”, diz Carlos Melo, professor e cientista político do Insper. “É a presidente quem terá condições de avaliar o número ideal de pastas. Mas existem sim vantagens em um enxugamento”, observa o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
No Congresso, entretanto, o tema ainda não é discutido abertamente pela base aliada. “O que ocorreu (em 2011) não foi uma faxina, mas uma limpeza de contingência”, destaca Melo, relembrando a indecisão do Planalto em demitir o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-RJ). Para o professor de ciência política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico Figueiredo, a próxima reforma nos ministérios e a divisão de cargos será um “quebra-cabeça” articulado à medida do peso político de aliados. “Esta é a prioridade. Outros partidos serão contemplados a partir do apoio no Legislativo”, afirma. “O recesso parlamentar até fevereiro também ajuda a evitar ‘barulhos’ com a transição.”
Figueiredo prevê que a troca de nomes na Esplanada seja concluída até o fim de janeiro. Já David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB), aposta em uma reforma “bastante abrangente”, que pode ceder espaço a políticos no comando, mas contará com indicações técnicas de Dilma entre subordinados.
Apesar do status de ministério, as secretarias ligadas à Presidência parecem ser as mais vulneráveis às decisões de Dilma. Suas atividades políticas são voltadas a setores sociais e de infraestrutura do país, criadas ainda durante o governo Lula: Igualdade Racial, Políticas para Mulheres, Direitos Humanos, Portos e Assuntos Estratégicos.
Além da resistência de setores do PT que controlam esses espaços, a ideia de promover um “passaralho” na área também é combatida por organizações de militantes das respectivas áreas.
MINISTROS AFASTADOS
7 de junho – Acusado de enriquecimento ilícito, Antonio Palocci deixa a Casa Civil.
6 de julho – Alfredo Nascimento é afastado dos Transportes por denúncia de superfaturamento.
4 de agosto – Nelson Jobim deixa o Ministério da Defesa após fazer críticas ao governo.
17 de agosto – Em meio a denúncias de corrupção, Wagner Rossi deixa a Agricultura.
14 de setembro – Acusado de usar dinheiro público para questões pessoais, Pedro Novais é afastado do Turismo.
26 de outubro – Orlando Silva deixa o Ministério do Esporte após denúncias de desvio de recursos.
3 de dezembro – Após as denúncias de irregularidades, Calos Lupi deixa o Trabalho.
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