2 de dezembro de 2013

Aécio debate propostas para atender ruralistas

Aécio: senador defende estudos sobre aumento populacional impacto das mudanças climáticas e técnicas de produção sustentável.


2014 e o agronegócio


Fonte: Valor Econômico 

Aécio reage a avanço de Campos sobre o agronegócio


Em resposta às movimentações do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para reconquistar o apoio do agronegócio à sua candidatura presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), também pré-candidato à Presidência, tem feito reuniões particulares com grandes empresários do setor, agendado encontros em associações e discutido propostas para atender aos ruralistas.

Nessas conversas, o tucano prega uma estratégia de longo prazo para o agronegócio e a criação de uma versão plurianual do Plano Safra, programa do governo federal para concessão de crédito a juros baixos para aumento da produtividade. A promessa é de que haveria uma previsão do volume de recursos disponíveis em um cenário de três a quatro anos.

Atualmente, o governo federal divulga o volume de recursos e regras do Plano Safra ao fim de cada ano. A pedido do setor, o Planalto criou um grupo para mudar este formato em 2011, mas até hoje nada foi alterado.

Segundo um dos interlocutores do tucano, a proposta vai servir tanto para agradar ao setor como para criticar o governo por não ter cumprido a promessa. “O Plano Safra do governo Dilma é apenas concessão de linha de crédito, uma visão de curto prazo. O Aécio tem defendido que o planejamento deveria envolver estudos sobre melhor aproveitamento do solo, aumento populacional, impacto das mudanças climáticas e técnicas de produção sustentável”, afirma.

O mineiro prega nesses encontros o fortalecimento do Ministério da Agricultura como interlocutor das políticas do governo e critica o “aparelhamento” da Pasta por pessoas sem experiência no setor – discurso idêntico ao de Campos.

Os tucanos admitem que o grande trunfo de Aécio para atrair o setor foi um movimento de um dos adversários: a filiação da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva ao PSB provocou um forte recuo nos apoios que Campos tinha conquistado no agronegócio. Campos tem tentando aparar as arestas, mas mesmo ruralistas ligados a sua candidatura acham difícil recuperar os apoios perdidos.

Aécio ensaia um movimento para manter os ruralistas afastados da candidatura do PSB. Nesta semana, o tucano vai se encontrar com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que organizou encontro de Campos com representantes do agronegócio de São Paulo há três semanas e, com isso, apareceu como fiador de que o pernambucano continua atento ao setor, independentemente da aliança com Marina.

Rodrigues reiterou várias vezes que a reunião não significava que estava fechado com Campos. Disse que seu objetivo era ajudar o agronegócio a prosperar e que ajudaria todos os candidatos que demonstrassem interesse. Para os tucanos, porém, o discurso soou fraco diante das notícias favoráveis ao governador. Um encontro entre o ex-ministro e Aécio, acreditam, vai neutralizar esta imagem.

O plano de Aécio é, a partir de fevereiro, começar a fazer encontros com um grande número de produtores e empresários do agronegócio. Até lá, o senador vai participar de reuniões menores, em que pode conversar e ouvir as propostas de líderes de peso do setor, além de estreitar os laços com possíveis doadores de campanha.

O mineiro tem dado atenção especial a São Paulo, maior colégio eleitoral do país e onde é pouco conhecido. Ex-secretário de Agricultura na primeira gestão Alckmin, o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB) organiza encontro para meados de dezembro com representantes de toda a cadeia do agronegócio.

Amanhã, Aécio debate com o Conselho de Agricultura da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). “Vai ser uma discussão com algumas das referências do setor para estreitar relações”, diz o presidente do conselho e ex-secretário da Agricultura na gestão Serra, João Sampaio.

Para Sampaio, mais importante do que os encontros com os candidatos a presidente em si, está o reconhecimento dado ao agronegócio. “Pela primeira vez em uma sucessão presidencial o setor está sendo procurado. O governo, por outro lado, continua fingindo que não nos enxerga”, afirma.

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