11 de dezembro de 2013

Campos e Aécio convergem em Pernambuco e Minas

Campos e Aécio: PSDB deve apoiar o candidato do PSB ao governo de Pernambuco em 2014.


Eleições 2014


Fonte: Valor Econômico


Presidenciáveis convergem em Pernambuco e Minas


Único partido de oposição à administração de Eduardo Campos nos últimos anos, o PSDB deve apoiar o candidato do PSB ao governo de Pernambuco em 2014. O acordo já vinha sendo costurado há algum tempo, mas esbarrava principalmente na posição do deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), líder da oposição na Assembleia Legislativa e segundo colocado nas eleições para a Prefeitura do Recife, no ano passado.

Crítico contundente de Campos, o deputado teve que se resignar aos planos nacionais do PSDB, que articula palanques duplos com o PSB em todo o país. Um desses palanques é justamente o de Pernambuco, onde os tucanos veem baixíssimo potencial de votos para o senador mineiro Aécio Neves nas eleições presidenciais, o que torna financeiramente e politicamente inviável uma candidatura própria ao governo estadual.

Além disso, o rompimento entre PT e PSB, que colocou os petistas na oposição em Pernambuco, ajudou a levar os tucanos de vez aos braços de Campos. Reunido com Aécio na semana passada, em Brasília, e na segunda-feira, em São Paulo, Daniel Coelho – que disputará vaga na Câmara – aceitou a posição do partido, mas conseguiu o “direito” de não pedir votos e nem ter sua figura atrelada ao candidato do PSB, que ainda está indefinido.

É justamente essa indefinição que alimenta a remota esperança do deputado de que a aliança com o PSB não vá adiante. “Isso só vai se consolidar quando o PSB tiver candidato, o que ainda não aconteceu”, disse Coelho. Se depender de Campos, o nome do indicado à sua sucessão vai demorar a sair. Além de quatro secretários estaduais, estão no páreo o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra e o vice-governador João Lyra.

Outra dúvida que perturba o tucanato é a disposição de Campos em apoiar Aécio em um eventual segundo turno. Antes de o governador anunciar a aliança com Marina, o sentimento entre os líderes do PSDB era o de que Campos seguiria com Dilma caso não chegasse á segunda etapa da eleição.

Apesar disso, existe a expectativa de que o acordo entre tucanos e pessebistas seja oficializado em fevereiro. Neste cenário, Daniel Coelho pedirá votos somente para Aécio e garante que manterá o tom crítico a Campos, ao menos na esfera administrativa. Foi assim que ele recebeu 28% dos votos para a Prefeitura do Recife no ano passado, quando o candidato do PSBGeraldo Julio, afilhado de Campos, foi eleito em primeiro turno.

Em Minas, as conversas entre Aécio e Campos podem levar o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), à disputa estadual. Lacerda disse ontem ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que pode deixar a prefeitura no ano que vem para disputar o cargo de governador de Minas Gerais. Não é sua opção preferida, mas é uma possibilidade que não descarta.

Seu nome tem sido defendido por lideranças nacionais e estaduais do PSB. Mas sua decisão depende das conversas dos dois caciques aliados. Lacerda só entraria na disputa pelo governo de Minas se as conversas não avançarem. “O PSB não sabe se terá candidato a governo do Estado. São conversas que estão acontecendo e ainda vão acontecer”, disse ele.

“Eu não mudei minha posição. Minha vontade pessoal, minha determinação é cumprir meu mandato, ficar mais três anos na prefeitura”, disse Lacerda ao falar do lobby de parte do PSB para que ele se saia candidato a governador de Minas. Mas, em seguida, o prefeito acrescentou: “Lógico que em política as coisas podem mudar.”

A piada no seu gabinete ultimamente tem sido uma paródia do mantra mineiro sobre política: antes dizia-se que política é como nuvem, você olha numa hora e dali a pouco, muda; agora, é que é como relâmpago.

Lacerda não tem muitas opções: fica no cargo ou tenta o governo. Segundo sondagem não publicada feita a pedido do PSB para orientação interna sobre a eleição estadual, o prefeito teria 22% das intenções de voto. Ficaria atrás apenas do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), com 28%. Em outubro, a MDA Pesquisa, publicou uma sondagem na qual Pimentel tinha 31,5% das intenções e Lacerda, 19,9%.

O presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Marcus Pestana, disse, com cautela, que a tendência é que seu partido e o PSB se aliem na disputa pelo governo. “Tudo indica que existem boas chances de caminharmos juntos”. Em Minas, no caso de o PSB não lançar candidato a governo, os dois nomes mais fortes para uma chapa com os tucanos são Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro, e recém-filiado; e o do presidente do PSB no Estado, o deputado Julio Delgado. Eles entrariam como candidato a vice-governador ou a senador. O Senado, no entanto, só entraria no acerto se o atual governador Antonio Anastasia contrariar as expectativas e não se candidatar. Na provável cabeça de chapa, o mais forte tucano é atualmente o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, Pimenta da Veiga.

“Eu e o deputado Sérgio Guerra [do PE, ex-presidente do PSDB nacional] conversamos na quinta-feira e disse que só dá para conversar sobre palanque duplo em Minas se tiver reciprocidade em Pernambuco”, contou Júlio Delgado. O PSDB em Pernambuco faz oposição a Eduardo Campos; em Minas é parte do governo Anastasia.

Em Pernambuco, o próprio Guerra e o também deputado federal Bruno Araújo são citados por Marcus Pestana como nomes possíveis para uma eventual chapa com o PSB.

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