8 de setembro de 2014

Aécio vai ampliar mercado do agronegócio

Aécio: “Vamos ter uma política externa pragmática para ampliação dos nossos mercados e inclusão das nossas empresas nas cadeias globais de produção.”


Eleições 2014


Fonte: Jogo do Poder


Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves


Esteio (RS) – 05-09-14


Assuntos: Agronegócio; mudanças na equipe econômica do governo federal; eleições 2014; paz no campo, redução de ministério


(Seguem trechos)


Sobre agronegócio


Quero agradecer ao presidente pela forma tão hospitaleira que me recebe aqui em sua casa, na casa do povo gaúcho, aos demais deputados e muito feliz de poder estar mais uma vez no Rio Grande do Sul na Expointer, que é talvez a melhor das referências do agronegócio, da economia que deu certo, uma referência para o Brasil e mesmo fora do Brasil. Eu estive aqui há muitos e muitos anos e agora voltando como candidato à Presidência da República e acreditando nas mesmas coisas que sempre acreditei, na importância do Estado ser parceiro de quem produz,  e como propõe em um documento que foi entregue, uma descentralização, uma refundação da federação no Brasil. Eu quero me colocar à disposição dos senhores, agradecer a governadora Ana Amélia pela sua companhia, desde sempre, na construção de um projeto não só para o Rio Grande, mas também de um projeto para o Brasil. Ana Amélia expressa melhor do que ninguém hoje a boa política, a política feita com sensibilidade, com generosidade e com competência. Portanto, Ana Amélia, é uma honra enorme, deputados federais que aqui estão, deputados estaduais, e venho hoje não por acaso ao Rio Grande do Sul, estamos a exatos 30 dias das eleições. Uma eleição nova, em razão da gravidade do acidente que tirou a vida do meu amigo Eduardo Campos, e obviamente a campanha vive um novo encaminhamento a partir daí.


O que eu posso reafirmar hoje, mais uma vez, é que as mesmas convicções que me trouxeram até aqui, que me fizeram candidato à Presidência da República, são aquelas que eu defenderei até o dia final da eleição, com extrema confiança de que nós teremos a oportunidade de ver brevemente no Brasil o início de um novo ciclo de desenvolvimento, decrescimento, e diminuir os nossos indicadores sociais.


O atual governo que está aí fracassou. [O governo] fracassou na condução da economia, nos deixará como legado uma inflação saltando o teto da meta, um quadro de recessão no país, uma perda crescente da nossa credibilidade, que é fundamental para a atração dos investimentos, e em consequência dos empregos no país, transformou o Brasil em um cemitério de obras inacabadas, com sobrepreços em toda parte. Nós, infelizmente, estamos vendo nossos indicadores sociais recuarem a cada ano que passa. A segurança pública hoje é uma preocupação crescente em todas as famílias, em todos os lares brasileiros; a educação continuamos pontuando, nos rankings internacionais, nos últimos lugares. Mas quero, nesse instante, começar dividindo com vocês uma informação, que está sendo tornada pública nesse instante, que são os novos dados do Ideb, que o governo, por alguma razão, manteve-os retidos por mais do que de costume, sempre são liberados, nos últimos anos, até o final do mês de agosto, mas hoje são tornados públicos. Eu quero dividir com vocês as minhas crenças  que a boa gestão pública é o instrumento mais valioso que nós temos para melhorar a vida das pessoas, e o Ideb está sendo anunciado agora, o esforço que fizemos em Minas Gerais foi recompensado. Minas Gerais está sendo anunciado hoje, talvez com algum dissabor para aqueles que estão no governo federal, como o Estado que tem a melhor educação pública fundamental entre todos os Estados brasileiros.


Não somos o Estado mais rico, longe disso, não somos o mais homogêneo, muito longe, nós temos diferenças muito grande ainda no nosso território, são 853 municípios, temos o Vale do Jequitinhonha, o nosso mineiro Mucuri, com IDH ainda abaixo da média nacional , e mesmo com tudo isso, com todas as nossas caraterísticas, nós mostramos que com a gestão qualificada, a meritocracia no setor público traz resultados concretos para as pessoas. É a primeira vez que falo em público nesses dados, apesar de ter uma enorme preocupação em relação à baixa qualidade da educação no Brasil em geral, em especial no Ensino Médio, os dados do Ensino Fundamental coroam a aposta que nós fizemos prioritária em Minas Gerais, educação é a nossa maior prioridade. Portanto, divido com vocês essa homenagem, cumprimento os professores, vocês, cumprimento todos os companheiros que nos ajudaram nessa caminhada e gostaria de ver essa experiência, Ana Amélia, certamente, no ano que vem comemorada aqui no Rio Grande pelo seu governo e, obviamente, em outras partes do Brasil.


Sobre anúncio da presidente Dilma Rousseff de que mudará a equipe econômica


Por último, faço aqui um registro. A partir de hoje, não tem mais ministro da Fazenda, a presidente da República anunciou ontem que substituirá a equipe econômica. O país não pode ficar sem equipe econômica para sinalizar de forma clara em que direção nós vamos. Ela desautorizou o ministro da Fazenda, a meu ver, de forma inusitada. Você não anuncia que vai substituir daqui a quatro meses, porque nenhuma das negociações, nenhum dos entendimentos que ele estiver conduzindo passa a ter credibilidade hoje, porque ela anunciou ontem que substituirá essa equipe econômica. Quero tranquilizar a presidente, dizendo que ela não vai passar por esse constrangimento, porque ela não vai vencer as eleições. Nós vamos vencer as eleições para colocar na equipe econômica como nas outras áreas do Estado aquilo que o Brasil tem de melhor. Nós estamos vendo aqui mais uma diferença entre os nossos compromissos e os compromissos da presidente da República.


Sobre eleições


Nós temos aí oposicionistas duas candidaturas: uma esteve sempre no campo oposicionista e outra que eu respeito, mas que precisa agora dizer de forma muita clara o que pretende fazer em relação ao Brasil, se as convicções de ontem não valem mais e se as convicções de hoje vão valer no futuro.  Portanto, estou muito feliz por estar cumprimentando a todos que vem permitindo que o Rio Grande do Sul, mesmo com enormes dificuldades, avançar pela força do trabalho, pela riqueza da sua gente, fazendo que do estado um exemplo de agronegócio eficiente e competitivo. O que falta é aquilo que nós daremos, um governo que auxilie, que seja parceiro, um governo que amplie os mercados para aquilo que se produz aqui no Rio Grande do Sul e em outras regiões do Brasil.


Estou muito feliz, Ana Amélia. Cumprimento a você pela belíssima campanha que vem fazendo, propositiva, apostando no futuro. Por isso mesmo, que eu tenho muita confiança que você vai estar a partir do dia 5 de outubro com maior liberdade para andar comigo pelo Brasil, porque você vai vencer no primeiro turno.


Sobre coerência


O nosso programa de governo amplamente debatido no Brasil inteiro será apresentado, sem improviso, sem cópias e sem erratas. Portanto, um programa efetivamente debatido com a sociedade brasileira. A nossa tranquilidade é muito grande, porque eu defendo hoje os pilares macroeconômicos que a candidata Marina defende. O único problema é que lá trás, quando nós estávamos consolidando, foi uma luta muito dura. Eu era líder do PSDB na Câmara dos Deputados, eu me lembro a dureza para votarmos a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quando a candidata Marina, infelizmente, estava no plenário votando contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, no momento em que nós debatíamos o Plano Real, o maior programa do país que trazia estabilidade econômica e distribuição de renda de um país. Por que foi ali que nós tiramos o imposto inflacionário, um perverso imposto inflacionário das costas dos trabalhadores brasileiros. O PT, que sempre privilegia o seu projeto, e quando está em jogo o Brasil, e o PT nisso é absolutamente coerente, sempre ficou com o PT. E lá trás, quando o Plano Real se apresentava como uma salvação para o Brasil e aí teve inflação.  Nós tínhamos um processo inflacionário de 1.600% no ano de 94 [outubro de 1994, acumulado 12 meses]. Vou repetir o número aqui, que tem gente mais nova que não vai acreditar mesmo: 1600% ao ano. E nós conseguimos construir as bases doPlano Real. Eu era líder do PSDB Câmara, depois fui presidente da Câmara no ano seguinte, e o que o PT fez? Achava que o Plano Real não atendia aos seus interesses eleitorais e ficou contra o Plano Real. Onde estava a candidata? Dentro do PT contra o Plano Real. Eu não faço ataques pessoais, eu acho apenas que no momento em que o Brasil vai tomar uma decisão tão importante para o seu futuro, é importante que cada candidato mostre claramente quais são as suas convicções. Como eu disse, tenho um respeito pessoal pela candidata, mas a Marina que se coloca hoje é a Marina que apoia o agronegócio? Como nós sempre apoiamos e compreendemos que ele é o instrumento mais valioso que o Brasil, seja para a geração de empregos, geração de renda, geração de renda para o trabalhador. Ou é a Marina que em 1999 apresentou um projeto proibindo a plantação de transgênicos no Brasil por cinco anos? Então é preciso que cada um mostre claramente quais são suas reais convicções, as minhas não mudam ao favor das circunstancias. E para responder a sua pergunta objetivamente, eu apoio aquela definição já superada pelo Supremo Tribunal Federal, que concede os mesmos direitos à união civil entre pessoas do mesmo sexo.


Sobre a paz no campo


Tenho a maior preocupação a essa questão e a paz no campo é essencial para que o Brasil possa produzir cada vez mais, aumentando a sua produtividade. Vou apenas fazer um preâmbulo, dizendo que esse falso dilema entre o agronegócio, fortalecimento do agronegócio e a questão ambiental. O agronegócio de 1990 para cá aumentou em 40% na área plantada para mantermos a agricultura na área plantada no Brasil desde a década de 90. E a produção aumentou mais de 220%, a produtividade em mais de 150%. Apenas um retrato claro de que é absolutamente compatível o agronegócio produzindo cada vez mais, com melhores tecnologias e convivendo com respeito à questão ambiental. Especificamente em relação à questão de o que eu defendi, propus inclusive no debate que fiz na CNA, é que além da Funai nós possamos ter  para demarcação efetiva das áreas indígenas, a participação da Embrapa, pela expertise que tem, e também governos estaduais. E defendo nos casos onde o conflito eminente que nós possamos garantir a figura da desapropriação, com a indenização devida e justa aqueles que, em alguns casos há mais de um século, produzem no campo. Portanto, nós não vamos deixar que essa questão continue sendo tratada de forma ideológica como, a meu ver, vem acontecendo. Isso interessa não apenas a quem produz, interessa às comunidades indígenas. Existe uma súmula no Supremo Tribunal Federal, do ministro Carlos Alberto Direito, que define de forma muito clara as condições devam ser compreendidas como áreas indígenas ou mesmo de quilombolas. E é isso que nós devemos seguir. O governo federal é absolutamente omisso nessa questão. E é essa omissão que tem nos levado, sobretudo, a cada ano. Portanto nós vamos ter uma ação clara do governo federal e será uma obsessão do nosso governo.


Redução dos ministérios


Essa não é uma discussão que está sendo feita por agora. Existe um estudo de uma universidade americana, chamada Universidade de Cornwell, que mostra que os países que representam o mundo afora, foi feito em mais de 140 países esse estudo, essa pesquisa.  Os países que apresentam melhores resultados na saúde, que apresentam melhores resultados na qualidade da educação e segurança, são aqueles que têm no máximo 23 ministérios. Sirva pelo menos como uma inspiração. Realmente não é uma pesquisa apenas, e eu acho que esse é o número adequado. No máximo 23 ministérios. Eu já anunciei que criaremos o Superministério da Infraestrutura. Nós temos que superar os gargalos dainfraestrutura no Brasil hoje, atrair o capital privado, fazer parcerias público-privadas, concessões, porque este governo que está aí demonizou, durante mais de dez anos, as parcerias com o setor privado. E o tempo na política, o tempo perdido não volta mais. Esse é o ativo mais valioso que quaisquer grupos políticos, o poder político tem. O PT perdeu um tempo enorme na demonização dessas parcerias. Portanto, nós vamos reestabelecer, é importante que este ministério tenha planejamento que falta ao Brasil hoje e condições de começar e terminar as obras, pelos preços dos projetos e não com sobrepreços que hoje aviltam os brasileiros.


E, no caso da agricultura, eu já anunciei que além do Superministério da Agricultura, que não estará na cota de partido político algum, será ocupado por pessoas do setor, representativas e com autoridade para se pensar com o ministro da Fazenda, as formulações político-econômicas, com o ministério do Planejamento, na definição do orçamento, porque é ali que nós vamos falar e não de outras questões, e com o ministério da Infraestrutura. Diria que esse seria o arcabouço central, o núcleo, o coração de um governo, para que inclusive em relação às obras de infraestruturaferroviashidrovias, sejam levadas em consideração a prioridade de quem produz, a prioridade de quem vive, ampliar a competitividade feita inclusive no Brasil.


Nós hoje somos reféns de uma política externa também com um viés nitidamente ideológico, que não nos permitiu abrir para novos mercados nenhuma área para quem produz no Brasil. Houve um esforço, inclusive nosso, da oposição, e Ana Amélia participou disso, para que o Brasil avançasse as negociações com a União Europeia, havia uma negociação interna da União Europeia que permitiria um aumento das cotas de importação por parte de produtos do agronegócio brasileiro, significaria basicamente nós dobrarmos as nossas importações para a União Europeia, um atraso do atual governo. Não teve interesse em avançar nas negociações, fez com que a União Europeia avançasse nas negociações com o Canadá, lançando agora com os Estados Unidos, fez com que essa cota que poderia ampliar a produção no Brasil, já fosse ocupada por outros países. É mais um exemplo claro do custo real, objetivo do PT na política. Nós vamos, portanto, ter uma política externa pragmática em favor dos interesses brasileiros na ampliação dos nossos mercados e da inclusão das nossas empresas nas cadeias globais de produção que não vem acontecendo hoje. O Brasil há cerca de 40 anos chegou a participar com mais de 2% do conjunto do comercio internacional. Hoje participa com 1.3% e, se continuar do jeito que nós estamos, dentro de dez anos a participação será menos de 1%. Nós temos, portanto, que encerrar esse ciclo de equívoco e iniciar uma nova geração no Brasil.


Pesquisas de intenções de voto e campanha da Coligação Muda Brasil


Entendo com muita humildade as pesquisas. As atuais e as outras anteriores que já me colocavam no segundo turno. Nós estamos vivendo uma outra eleição, até porque há uma nova candidata. Tenho que reconhecer que a nossa estratégia tem que ser mais clara do ponto de vista de dizer o que nos representamos. Todos nós vamos no primeiro turno votar e vai decidir no dia 5 de outubro.


Não vai decidir com antecedência. Eu continuarei fazendo o que estou fazendo aqui: defendendo tudo aquilo que acredito. Porque a minha avaliação hoje e acho que as pessoas começaram a se preocupar um pouco mais com a proposta, o nosso caso vai ter uma tranquilidade muito grande, o que vai saber que o Aécio que vai governar o Brasil é o Aécioque governou Minas Gerais e levou Minas a ter todos esses indicadores de gestão e fazer o seu Estado uma referência no Brasil de boa gestão publica, é o Aécio com suas convicções do ponto de vista da economia. Com as suas convicções do ponto de vista das atividades econômicas que mais devem ter o apoio do estado. Eu não mudo as minhas posições ao sabor das circunstancias e isso é absolutamente claro.


Existe uma candidatura oficial, inclusive esteve aqui hoje conversando com vocês. E fracassou.


Fracassou em todos os aspectos e por isso não vai vencer as eleições na minha avaliação. E tem duas outras candidaturas que efetivamente disputam. A nossa está aí, com absoluta clareza com as alianças corretas, alianças coerentes com o que nos pensamos e repito mais uma vez, aliança com a governadora Ana Amélia, é a que mais me agrada.


E existe uma outra candidatura. Forjada, construída durante mais de 20 anos de militância dentro do PT, como vereadora do PT, como deputada estadual do PT, como senadora do PT e agora mudar contra as suas posições. Acho até os avanços e a evolução muito bem-vindos. Mas essa coisa de na sexta-feira ter uma posição e deve-se uma pressão ter uma outra e na segunda não sabe mais qual é a sua posição é algo que as pessoas precisam ver com enorme atenção.


Existe o PT 1, que fracassou com a Dilma. E tem gente querendo votar com o PT 2 (Marina). Nós somos oposição a tudo isso que está aí e vamos vencer as eleições.

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