21 de outubro de 2011

Royalties do petróleo: Em defesa do Rio, Sérgio Cabral ameaça romper com o PT que aprovou mudanças nas regras com o jogo em andamento

Aécio Neves, do PSDB, e o governador pernambucano, Eduardo Campos, do PSB, ambos pré – candidatos à sucessão de Dilma, poderiam sonhar com o valiosíssimo apoio de Cabral

Fonte: Pedro Venceslau – Brasil Econômico

Ultimato de Cabral a Dilma ameaça relação entre PT e PMDB

Governador do Rio fez da “amizade” com o governo federal um cartão de visita de sua gestão. Os dois partidos negociam acordo para 2012

ANÁLISE PETROLEO E PODER

Ao dizer ontem que tem “certeza absoluta” de que a presidente Dilma Rousseff vetará o Projeto de Lei do Senado que redistribui os royalties do petróleo entre todos os estados e municípios, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, apostou todas as fichas na sua “amizade” com a presidente. Motivos não faltam para tanta ousadia. Em quase cinco anos no poder no estado, ele construiu uma sólida relação de lealdade com o Palácio do Planalto. E como bom “marqueteiro” ele tratou de transformar o bom relacionamento em peça publicitária de sua gestão.

Em contrapartida, Cabral colocou o PMDB do Rio de Janeiro na área de influência do lulismo e estruturou um consórcio político que mostrou-se praticamente imbatível. Para Lula e seus aliados, isso significou mar tranquilo para o projeto de poder petista em um dos estados com mais eleitores do Brasil. “Tenho confiança na presidente. Tenho certeza absoluta de que ela vai vetar (o projeto). Ela pensa no Brasil, nas regras democráticas. Tenho certeza absoluta que, na hora certa, ela vai se manifestar”, bradou ontem o governador com punho cerrado.

Dilma, que estava no avião voltando da África naquele momento, certamente foi informada do discurso do “amigo”. Para os petistas de alta patente o recado foi claro. Se a presidente magoar o correligionário carioca, o consórcio está ameaçado. No longo prazo, isso significa que o senador mineiro Aécio Neves, do PSDB, e o governador pernambucano, Eduardo Campos, do PSB, ambos pré – candidatos à sucessão de Dilma, poderiam sonhar com o valiosíssimo apoio de Cabral.

No curto prazo, porém, a cartada de Cabral pode prejudicar a supostamente tranquila reeleição de Eduardo Paes (PMDB) na capital fluminense. Ocorre que para desgosto do braço local do PT, o comando nacional da legenda selou um acordo para apoiar Paes. Em troca, o prefeito concorreria com um vice do PT na chapa. Se vingar a parceria, o PT quebrará a tradição de lançar candidatos a prefeito na capital em todas as eleições desde 1985. Entre os nomes cotados para a tarefa, o mais forte até o momento é o ex-ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc.

Se a relação entre Dilma e Cabral azedar de vez, o Partido dos Trabalhadores vai mergulhar em uma disputa interna perigosa para definir quem será o candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.

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