10 de outubro de 2013

2014: Aécio, Campos e Marina defendem maior produtividade

2014: os três pré-candidatos sublinharam a necessidade de o Brasil estabelecer regras claras para atrair mais investimentos.


Eleições 2014


2014: Aécio, Campos e Marina defendem maior produtividade

2014: Aécio NevesEduardo Campos e Marina Silva apresentaram discursos semelhantes nas prioridades para aumentar a produtividade no país.

Fonte: Valor Econômico 

Pré-candidatos confrontam receitas


Prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a ex-senadora Marina Silva (sem partido-AC) e o governador de PernambucoEduardo Campos (PSB) levaram ontem a empresários, em diferentes momentos, discursos semelhantes nas prioridades e diversos nos caminhos para aumentar a produtividade no país.

Em evento promovido pela revista “Exame”, os três pré-candidatos sublinharam a necessidade de o Brasil estabelecer regras claras para investimentos, de o governo desenhar outra relação política com aliados, que não seja apenas baseada na ocupação de cargos e, consequentemente, profissionalizar o setor público, que consideram loteado.

“Você acha que dá para fazer diferente com as velhas raposas políticas se apossando de partes do Estado?”, questionou Campos, numa fala que resumiu o ímpeto dos três presidenciáveis.

senador Aécio Neves, primeiro a participar do evento, afirmou que o Brasil tem quatro desafios principais para aumentar produtividade: simplificar o sistema tributário, aumentar a qualidade da educação, abrir a economia e elevar o investimento em inovação. ”Em um eventual governo do PSDB, vou reduzir o número de ministérios atuais para algo como 22 pastas”, disse.

Aécio também criticou a postura que considera intervencionista do atual governo. “Na última semana, observamos a presidente Dilma Rousseff ter que ir a Nova York para garantir que Brasil cumpre contratos”. E continuou, dizendo que “o governo hoje atrapalha o ambiente de negócios mais do que ajuda. Setor privado não é adversário, é parceiro fundamental”.

senador pregou ainda que o ensino médio no país seja mais direcionado às necessidades dos mercados locais, com “currículos regionalizados” e que o Bolsa Família, em que pese já estar adequado à “paisagem social” brasileira, precisa de mais fiscalização. Para Aécio, uma saída para o programa seria estender o benefício a pais de família durante os seis primeiros meses em um novo emprego. “Muitos deixam de aceitar um trabalho por medo de perder o benefício, de ser mandado embora dois meses depois”, justificou.

Em palestra esvaziada pela própria ausência de sua palestrante, que estava em Brasília e falou aos presentes por videoconferência, a ex-senadora Marina Silva pregou a necessidade de se criar um “novo acordo político” no país. Para ela, as manifestações populares, que perderam força nos últimos meses, continuam na ordem do dia.

“Um grupo significativo está se desvencilhando dessa ideia do poder pelo poder. Está sendo gerado um novo sujeito político. Esse novo sujeito político não é dirigido pelos meios clássicos, pelos partidos, pela academia”, afirmou a ex-senadora. “Estamos saindo do ativismo dirigido para o autoral, que não precisa de porto, mas de uma âncora. O porto está atracado ao continente, que é o sindicato, o partido. A âncora depende de si mesmo”, continuou.

Marina afirmou que o Brasil precisa ter posição em relação a temas como energia renovável, por exemplo, para criar uma agenda que não se interrompa em função do partido que esteja no governo. Sobre a demora na concessão de licenças ambientais, reclamação corrente dos empresários, Marina esfriou ânimos ao dizer que “não se pode confundir agilidade com flexibilização”.

Já Campos fez uma avaliação mais política, na qual afirmou que o PT entrou em um período de “fadiga de poder”, o que indica a necessidade de novas práticas e grupos políticos na gestão federal. Seu partido fez parte da coalizão governista desde 2003 e recentemente entregou os cargos que tinha no governo para discutir o lançamento de candidatura própria à sucessão presidencial.

“As forças políticas envelhecem, como as pessoas envelhecem, como os métodos de uma empresa envelhecem. Quando um partido chega ao governo, acha que vai ficar ali para sempre. É o caminho para ele perder o fio-terra, o link com a sociedade”, avaliou Campos. “O PSDB construiu um processo importante na vida democrática do Brasil e agora está descolado desse sentimento. O que está acontecendo com oPartido dos Trabalhadores também é o processo da fadiga de poder. De 10 anos com equívocos, mas também com acertos que não se deve deixar de reconhecer”, continuou.

Para Campos, “há uma agenda a ser construída e nenhum partido tem essa agenda, isso é conversa. É o debate com a sociedade que vai construir a agenda de reformas, de um salto na qualidade do serviço público brasileiro”.

Por isso, o governador avaliou que a próxima eleição não vai se resumir ao embate de situação versus oposição. “A questão brasileira é muito mais complexa do que uma posição bipolar”. Outra mudança será, acredita, no parlamento. “Acho que vem um vento de mudança forte no legislativo”.

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