9 de junho de 2011

Na posse de Gleisi Hoffmann, Aécio cobra respeito à minoria: “o governo não permitiu que nós criássemos aqui um ambiente mais fértil

Ao deixar o Senado, Gleisi nega ser um ‘trator’

Fonte: Adriana Vasconcelos - O Globo
Nova ministra da Casa Civil pede o apoio do Congresso; aliados rebatem discurso de que ela tem pouca experiência


BRASÍLIA. O assédio e a paparicação ontem em torno da nova chefe da Casa Civil, a ministra Gleisi Hoffmann, durante sua despedida no Senado, nem de longe refletiam as dúvidas e críticas que sua indicação para o cargo de Antonio Palocci provocaram, especialmente entre petistas e peemedebistas. Num discurso curto, a nova ministra exaltou a experiência acumulada em pouco mais de cinco meses como senadora pelo Paraná, marcada tanto por uma defesa enfática do governo quanto pelos embates com a oposição. E no seu melhor estilo – é chamada de “esquentadinha” ou “trator do governo” -, rebateu o apelido de “trator”.
- Perguntaram-me o que teria a dizer sobre a menção, por alguns oposicionistas, de que sou um trator. Não considero esta a melhor metáfora para quem exerce a política e sempre se dispôs a debater, ouvir e construir consensos. A manifestação democrática é o maior instrumento que temos para avançarmos no desenvolvimento do nosso país. E acredito que o desfecho da manifestação democrática é a decisão da maioria – disse Gleisi.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos primeiros a aparteá-la e com quem travou embates na Casa, concordou com a nova ministra, ressaltando a importância de a maioria respeitar a minoria.
- V. Exª disse, e o fez de forma correta, que o desfecho da manifestação democrática é a decisão da maioria. Eu gostaria apenas, se me permite, de acrescentar: mas não sem antes ouvir a minoria. Faço esta pequena reflexão, porque nestes primeiros meses do ano, a avassaladora maioria conquistada legitimamente nas urnas pela base de sustentação do governo não permitiu que nós criássemos aqui um ambiente mais fértil para debates sobre os mais relevantes temas nacionais – lamentou Aécio, concluindo que tão importante quanto a maioria é também o papel da oposição.
Sinalizando estar ciente dos desafios que terá pela frente, a ministra Gleisi pediu o apoio dos colegas de Congresso e prestou homenagem aos principais líderes da Casa, em especial ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Um gesto que foi interpretado pelos peemedebistas como um pedido de trégua, depois do embate da semana passada, quando ela foi acusada de trabalhar pela derrubada do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
- Tenho muita clareza do tamanho dessa missão. A quem muito é dado, muito será cobrado. Por isso, peço a este Senado da República, ao Congresso Nacional, o apoio e companheirismo para desenvolver esta nova tarefa – apelou Gleisi.
O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), de forma protocolar, garantiu “apoio incondicional” de seu partido:
- Nós estaremos aqui para ajudá-la de todas as formas. Com a sua nomeação, ganhou o governo, ganhou a presidente Dilma e ganhou o Senado da República também. Parabéns.
Aparteada por quase todos os colegas presentes no plenário, Gleisi ouviu votos de sucesso e recebeu a solidariedade. O senador Ivo Cassol (PP-RO) fez questão de rebater as críticas direcionadas à nova ministra por sua pouca experiência política:
- Aqueles que falaram, infelizmente, por dor de cotovelo ou por falta de espaço, dizendo que a senhora tem pouca experiência na vida política, quero dizer a essas pessoas que não estamos em busca de macacos velhos ou de bananeira que já deu cacho.
O líder do DEM, senador Demóstenes Torres (GO), tentou justificar as referências que fez, comparando-a com a ex-senadora Ideli Salvatti e a chamando de “esquentadinha”:
- Eu a comparei com a senadora Ideli Salvatti, e não ironizei. Considero a senadora Ideli um dos quadros mais preparados do Brasil. Também disse que V. Exª é esquentadinha, como eu também sou. Acho isso até uma qualidade, não é defeito. Melhor a gente ser o que aparenta, não é verdade?
A torcida é para que a nova ministra possa melhorar a articulação política do governo, embora tenha recebido como missão principal cuidar da gestão dos programas federais.
- A presidenta Dilma lhe deu a função da gestão, mas, neste gesto, ela começa a acertar também na articulação política. Parabéns, senadora Gleisi! Estamos na torcida e vamos ser seus aliados aqui de toda hora – disse Lindbergh Farias (PT-RJ).

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