22 de novembro de 2010

Governos Aécio e Anastasia mobilizaram investimentos privados para o Norte de Minas, Vale do Rio Doce e Zona da Mata

Novas fronteiras do investimento

Iniciativa privada ampliou aportes no Norte de Minas, Vale do Rio Doce e Zona da Mata nos últimos 14 meses
Regiões historicamente largadas ao segundo plano na geografia do desenvolvimento econômico de Minas Gerais, o Norte do estado e o Vale do Rio Doce despontaram nos últimos 14 meses no ranking dos destinos para onde mais cresceram os investimentos planejados pela iniciativa privada. Outra surpresa foi o aumento dos recursos anunciados na implantação e expansão de empresas na Zona da Mata, que passava por um processo de estagnação desde o primeiro ano de produção da fábrica da Mercedes Benz, em Juiz de Fora.
As cifras bilionárias anunciadas de 2003 a setembro nessas áreas foram até duas vezes e meia maiores na comparação com as intenções de investimentos medidas no mesmo período, até julho do ano passado, com base nos projetos acompanhados pelo Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas (Indi), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Na média do estado, a soma dos recursos previstos pelo setor privado cresceu 34,8%, ao sair de R$ 195,995 bilhões, de 2003 a julho de 2009, para R$ 264,321 bilhões, de 2003 a setembro último. Nesse balanço mais recente, estão listados 2.456 projetos e um universo de 470.833 empregos diretos.
O levantamento do Indi mostrou que mesmo na Região Central, incluindo a Grande Belo Horizonte, considerada a locomotiva que puxa os investimentos, a evolução foi bem mais modesta, de 36,6% de um período para o outro. Com a redistribuição do dinheiro favorecendo áreas mais pobres do estado, o Sul de Minas e o Triângulo acabaram amargando queda no volume de capital reservado pelas empresas para investir nesses locais, sinal claro de uma desconcentração no interior, boa notícia para a economia de Minas.
O bom desempenho do Norte e do Vale do Rio Doce, onde está inserido o chamado Vale do Aço mineiro, é avaliado como uma nova tendência pelo presidente do Indi, Adriano Magalhães, impulsionado pela descoberta de gás na Bacia do São Francisco, com a perfuração do primeiro poço para avaliar a qualidade e a viabilidade econômica da exploração, e a aposta das próprias indústrias de que o Norte mineiro se transformou numa fronteira da mineração de ferro. Na Zona da Mata, por sua vez, teria sido determinante o Regime Especial de Tributação adotado pelo governo mineiro no ano passado para conter o processo de evasão de investimentos de diferentes setores para estados como o Rio de Janeiro, com redução da base de cálculo e até a suspensão do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), além de prazos especiais para pagamento.
“Houve uma mudança de atitude dos nossos técnicos, que correram atrás das empresas, para mostrar o potencial de todas as regiões de Minas, com a preocupação de que os investimentos sejam distribuídos”, afirma o presidente do Indi. Essa distribuição significa mais empregos e renda gerados fora dos grandes centros de produção de bens e serviços no estado, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB).
No pacote de investimentos anunciados até setembro, o Norte de Minas entrou como destino de R$ 13,2 bilhões, recursos que representam aumento de 154% na comparação com a previsão contada de 2003 a meados de 2009. Para o industrial Lincoln Gonçalves Fernandes, diretor da Federação das Indústrias de Minas (Fiemg), não há dúvidas de que a região e o Vale do Rio Doce ganharam uma força que tende a se fortalecer no mapa dos investimentos, como reflexo da valorização das commodities – minério e aço – no mercado internacional. O mesmo ocorre com a boa perspectiva de exploração do gás. “São vocações da economia de Minas que nós não podemos negar. Diferentemente, o estado deve desenvolvê-las com a meta de estimular os elos seguintes dessas cadeias até a transformação dessas matérias-primas em Minas”, afirma Lincoln Gonçalves.
Crédito extra para regiões mais pobres
A ampliação do crédito para investimentos do setor produtivo nas regiões menos desenvolvidas de Minas estimula a desconcentração, no entanto, é longo o caminho que ainda tem de ser percorrido para que essas áreas tenham maior participação na economia. Somados, os desembolsos do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para o Norte, o Vale do Rio Doce e a Zona da Mata alcançaram R$ 162 milhões de janeiro a setembro, ante R$ 66 milhões liberados em 2008, um acréscimo de 145,4%, informa Fernando Lage de Melo, diretor de negócios com o setor privado da instituição financeira.
O valor parece despretensioso, ante projeções do BDMG de liberar R$ 1,350 bilhão de empréstimos neste ano, montante que, uma vez confirmado, vai significar 76% de incremento. “Os grandes investimentos estão na Região Central de Minas e no Triângulo, mas as áreas menos desenvolvidas começam a mostrar uma dinâmica interessante, que nos permite aumentar os financiamentos e isso alimenta o desenvolvimento”, afirma Melo. (MV)
Entraves debatidos na Fiemg
A alta carga tributária no país e taxas de juros elevadas, o que atrapalha o escoamento da produção e prejudica as exportações da indústria brasileira, estão na pauta do seminário Risco da Desindustrialização no Brasil, que ocorre hoje, às 14h, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais(Fiemg), na capital.
Conforme o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, o objetivo é debater os diversos aspectos que ameaçam a competitividade da indústria nacional e levam à desindustrialização. Os empresários vão propor medidas para reverter o processo de desindustrialização no país e o documento será entregue à presidente eleita Dilma Rousseff.
A apresentação do tema do seminário será feita por Samuel Pessoa, chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasilieiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e André Sacconato, chefe da Tendências Consultoria Integrada. Do painel sobre a visão da indústria, participam os presidentes das associações brasileiras da Indústria de Máquinas (Abimaq), Luiz Albert Neto, e da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho. Um dos indicadores que mostra a perda de competitividade da indústria é o encolhimento do comércio de manufaturados. O segmento saiu de um superávit em favor do Brasil de US$ 4 bilhões em 1992 para déficit de US$ 9 bilhões em 2007 e de US$ 30,5 bilhões de janeiro a junho.

Fonte: Marta Vieira – Estado de Minas

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