28 de janeiro de 2011

Aécio Neves conquista mais espaço e amplia apoio dentro do PSDB, bancada também conta com paulistas



Aécio ganha espaços no PSDB

Aos poucos, o grupo do PSDB ligado ao senador eleito Aécio Neves vai conseguindo se impor dentro do partido e aglutinando forças ao seu redor. Os tucanos mineiros já consideram como “praticamente assegurada” a reeleição do presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE). Anteontem, numa reunião, 53 dos 55 deputados federais do partido, que estavam presentes, assinaram um manifesto de apoio a Guerra.
Na prática, os parlamentares reduzem o poder de fogo do candidato tucano derrotado à Presidência José Serra, que teria a intenção de comandar o PSDB, e aumentam o de Aécio, que quer se candidatar à Presidência, em 2014. Ao mesmo tempo que se mobiliza em busca da reeleição de Sérgio Guerra, o grupo tucano já tratou de se mover no Senado. Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM), que foram derrotados nas últimas eleições, iriam, respectivamente, para o comando do Instituto Teotônio Vilela (ITV) e para a diretoria de relações internacionais do partido.
Ambos são aliados de Aécio e poderiam ser fundamentais nos planos do mineiro de chegar ao Palácio do Planalto. “São indicações que se fortalecem a todo momento dentro do partido”, afirma um tucano, que pediu para não ter o nome divulgado.
Para contribuir com a possível candidatura de Aécio à Presidência da República em 2014, os tucanos de Minas Gerais vêm ainda uma outra possibilidade: ceder a secretaria geral do partido, atualmente ocupada pelo deputado federal Rodrigo de Castro. O posto é estratégico no organograma do partido, mas os mineiros sabem que precisarão se aliar com tucanos de alta plumagem de outros Estados para dar a força necessária aos planos de uma candidatura aecista.
O próprio Rodrigo de Castro, um dos aliados mais próximos ao senador eleito, já teria admitido a hipótese de deixar a secretaria geral do partido, caso isso seja necessário, em nome de uma composição nacional dentro do PSDB. O parlamentar, entretanto, ainda costuraria algum espaço dentro da executiva nacional do partido.
TÁTICA. Caso Serra resolva espernear e reclamar publicamente de estar sendo minado dentro do PSDB, os tucanos de Minas já têm um argumento na ponta da língua: “Serra nunca disse publicamente que seria candidato a presidente do PSDB. Não é possível que ele esteja repetindo o que fez, quando definiu que seria candidato à Presidência da República, anunciando somente na última hora. Seria novamente uma tática suicida”, ironiza um tucano paulista, aliado de Aécio.
Nos próximos dias, o PSDB de Minas Gerais deve se reunir para traçar uma “tática de guerra”. Os tucanos do Estado querem demonstrar, com isso, poder de organização e decisão para tocarem as estratégias da corrida presidencial. Na tropa de choque, estão Rodrigo de Castro, o secretário de Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro, o governador Antonio Anastasia e o presidente do PSDB no Estado, Nárcio Rodrigues.
Clima quente
Alckmin tenta conter ânimos
Os tucanos de Minas Gerais garantem que os deputados federais paulistas que votaram a favor da manutenção do senador Sérgio Guerra no comando nacional do PSDB o fizeram com a concordância do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Por sua vez, ele também já estaria a favor de uma eventual candidatura do senador eleito Aécio Neves à Presidência, em 2014.
Diante do clima azedo no tucanato paulista, Alckmin, entretanto, resolveu voltar atrás e disse que apoiará Serra, caso ele queira presidir o PSDB. Mas, para integrantes do partido em Minas, Alckmin apenas tentou “apagar o incêndio” causado pela revoada de tucanos paulistas para o lado de Aécio.
Na avaliação de interlocutores do senador eleito, uma grande parte da legenda assimilou que o PSDB precisa se renovar. “Neste momento, estamos unidos em torno da necessidade de renovação do partido e o homem que pode conduzir este processo é o presidente Sérgio Guerra”, disse um deputado mineiro.
Guerra disse, na reunião que consolidou seu nome como candidato à reeleição, que todo mundo está pensando nessa “agenda de mudar o partido, de fazê-lo forte em todo lugar, renová-lo”. O dirigente tucano citou os Estados do Rio de Janeiro, Amazonas e Pernambuco, além do Distrito Federal, como os locais que mais precisam de mudança estratégica. O Nordeste é outra região que preocupa bastante os tucanos. (Rodrigo Freitas com agências)
Ressentimento
Serristas criticam antecipação de discussões sobre sucessão
A defesa da reeleição do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, feita pela maioria dos deputados federais do partido, deixou os serristas ressentidos. A maioria das críticas foi voltada para o que eles consideram como a antecipação do processo de sucessão no partido.
O deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP) criticou duramente a reunião em que foi feito o manifesto a favor de Guerra. Ele considera que há uma “antecipação estapafúrdia e indevida” da sucessão. Ele não estava na reunião em que o manifesto foi assinado e criticou os companheiros de partido que participaram da iniciativa.
“Eu não estava nessa reunião. Essa discussão sobre a sucessão não é o assunto para agora. Há uma tremenda falta de maturidade política por parte de quem produziu esse manifesto desnecessário. Também acho que nosso presidente (Guerra) não precisava se prestar a isso”, disparou Madeira.
No entanto, ao ser questionado se o manifesto teria partido do senador eleito Aécio Neves, o deputado paulista foi mais diplomático. “Não acho que isso tenha partido dele, até porque o Aécio não compactua com rasteiras. Mas não me estranharia se isso tiver partido de gente ligada a ele”, disse o parlamentar tucano.
Madeira defende que o PSDB “não passe o carro à frente dos bois”. Ele quer que o partido discuta, inicialmente, a sucessão no comando dos diretórios estaduais, para, somente então, definir os rumos do comando nacional da legenda.
O deputado disse também que a “afobação” dos tucanos em torno de uma eventual reeleição de Sérgio Guerra para o comando nacional tucano “pode custar caro ao partido”. (RF)
A encrenca
Dois lados.Rachado desde antes das eleições de 2010, o PSDB se vê diante dos grupos do senador eleitoAécio Neves e do candidato derrotado à Presidência José Serra. As duas alas querem o comando do partido.
Aécio. O lado aecista deseja ver a reeleição do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra. Ostucanos mineiros estariam amparados, inclusive, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardosos e pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Serra. Já a outra ala tucana ainda acredita que José Serra possa presidir o partido. Seria uma tentativa de ele se manter em evidência e ainda pensar em mais uma candidatura presidencial no ano de 2014.

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