9 de outubro de 2014

2º turno: Aécio vai gerar reação positiva do mercado

A arrancada surpreendente de Aécio deve levar o mercado a reagir positivamente, com os investidores apostando na possibilidade de uma vitória da oposição.


Eleições 2014


Fonte: Folha de S.Paulo



Arrancada de Aécio deve gerar reação positiva nos mercados


A arrancada surpreendente do candidato Aécio Neves (PSDB) na reta final do primeiro turno para a eleição para a Presidência da República e sua confirmação na disputa no segundo turno com Dilma Rousseff (PT) devem levar os mercados a reagir positivamente na segunda-feira, com os investidores apostando na possibilidade de uma vitória da oposição.


Segundo analistas, a menor diferença de votos do candidato tucano para a presidente Dilma no primeiro turno deve fazer com que Aécio entre com maior força política no segundo turno. “Nas simulações para o primeiro turno, a diferença entre o candidato tucano e a presidente Dilma era de 15 a 20 pontos percentuais. Essa reviravolta coloca Aécio como um candidato mais consistente para vencer a eleição em um segundo turno e os mercados devem reagir a esse resultado, com bolsa subindo e dólar e juros caindo”, diz Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners.


A perspectiva de um segundo turno para a eleição presidencial e o avanço de Aécio nas últimas pesquisas eleitorais levaram a uma recuperação da bolsa brasileira e do real na sexta-feira.


Ibovespa subiu 1,91%, encerrando a 54.534 pontos. O dólar também acompanhou esse movimento e fechou em R$ 2,46 na sexta-feira, em queda de 1,19% , contribuindo com o recuo das taxas dos contratos futuros de juros , principalmente nos vencimentos mais longos para 2017 e 20121, mais sensíveis ao cenário de maior aversão a risco.


“O fato de confirmar o segundo turno com um candidato amigável ao mercado, que tem o Armínio Fraga como eventual ministro da Fazenda, traz pelo menos três semanas de esperança para a bolsa”, diz Otávio Vieira, sócio-gestor da Fides Asset Management. Um segundo turno com Aécio será mais bem visto pelo mercado do que com Marina Silva (PSB), considera, porque a candidata vinha mostrando fraqueza, enquanto a tendência de Aécio era ascendente.


Vieira pondera que a decisão de Marina sobre apoiar ou não Aécio vai ser determinante para o movimento de preço. A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, considera que o mercado não conta com o apoio formal de Marina a Aécio. Em 2010, ela optou pela neutralidade. Agora, se o apoio vier, a reação será positiva.


Zeina não arrisca um novo patamar para a bolsa, mas tem uma certeza: “a tendência é subir”. A disputa política interna deve pesar mais do que outras variáveis, a menos que haja um cenário externo muito menos favorável ou uma reavaliação negativa do Brasil pelas agências de rating. “A volatilidade vai ser o nome do jogo até o quadro ficar claro” , diz Zeina.


O economista-chefe da INVX Global Partners vê uma disputa acirrada no segundo turno entre o candidato tucano e a presidente Dilma, destacando que ele tem como vantagem uma articulação política maior que Marina, o que facilitaria a aprovação de reformas. “Ele já foi presidente da Câmara dos Deputados e é próximo do PMDB, e teria mais capacidade para implementar mudanças.”


pesquisa Ibope divulgada ontem mostra que Dilma venceria a disputa com 45% das intenções de voto contra 37% em ambas simulações com Aécio e Marina.


O economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawall, destaca que o candidato tucano tem política econômica bem definida, que tem enfatizado a recuperação do tripé macroeconômico (baseado em câmbio flutuante, cumprimento da meta de superávit fiscal e da meta de inflação).


“A retomada do tripé macroeconômico é algo bem visto pelos investidores e, se isso se concretizar, o real tem espaço para se apreciar”, afirma Kawall. Para ele, o fato de o candidato tucano ter alguns nomes da equipe econômica já definidos pode levar o governo a dar mais clareza sobre a sua proposta de política econômica em eventual segundo mandato. Por enquanto, Dilma sinalizou apenas uma troca de comando no Ministério da Fazenda em eventual segundo governo.


Desde 2002, quando o dólar chegou a quase R$ 4, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República, o mercado financeiro não era tão influenciado pelo cenário eleitoral.


Após um período de euforia com a arrancada de Marina na corrida eleitoral, após a morte de Eduardo Campos em 13 de agosto, a tensão voltou ao mercado desde meados de setembro com o crescimento de Dilma nas últimas pesquisas de intenção de voto.


Depois de atingir o pico no ano de 61.895 pontos, em 2 de setembro, a bolsa brasileira voltou a recuar com o temor de reeleição do governo e manutenção da atual política econômica, criticada pelo intervencionismo no mercado e manobras fiscais. Já o dólar chegou a alcançar R$ 2,4912 em 2 de outubro, maior patamar desde 8 de dezembro de 2008, em plena crise financeira mundial.

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