9 de outubro de 2014

Eleições 2014: Aécio Neves promoveu virada histórica e está no 2º turno

Aécio Neves ao conseguir avançar para a próxima fase consegue hoje a maior reviravolta em um 1º turno de eleições presidenciais.


Aécio: “Estamos apenas na metade da travessia e vamos concluí-la com a mesma determinação”, disse Aécio após a confirmação de sua ida ao 2º turno. “A razão do nosso êxito foi a verdade.”


Fonte: Revista Época 



Aécio Neves (PSDB) consegue virada histórica e está no 2º turno


Após cair de forma vertiginosa nas pesquisas com a entrada de Marina Silva (PSB) na disputa, o senador tucano consegue reação histórica e chega ao segundo turno da mais imprevisível eleição das últimas décadas


Há dez dias, em um voo entre o Rio de Janeiro e Uberaba, quando ainda aparecia a dez pontos de Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) fez duas afirmações a ÉPOCA. A primeira: “Com 25% estarei no 2º turno”, mesmo índice que ele afirmava ser necessário para chegar à segunda fase da eleição até minutos antes da morte de Eduardo Campos (PSB), quando a eleição presidencial se tornou a mais imprevisível da história. A segunda: “Vou estar no 2º turno. Tem de perguntar para ela (Marina) o que ela vai fazer”, disse ao ser perguntado se apoiaria a candidata socialista contra Dilma Rousseff. Por mais que parecesse improvável àquela altura, Aécio estava certo. Após especializar-se em viradas históricas em Minas Gerais nos últimos anos, tanto para o governo do estado quando para a prefeitura da capital, o tucano consegue hoje a maior reviravolta em um 1º turno de eleições presidenciais desde a redemocratização do país.


“Estamos apenas na metade da travessia e vamos concluí-la com a mesma determinação”, disse Aécio após a confirmação de sua ida ao 2º turno. “A razão do nosso êxito foi a verdade.”


Favorito a enfrentar Dilma Rousseff no 2º turno, até a morte de Eduardo Campos (PSB), quando já aparecia com 23% das intenções de voto, segundo o Ibope, Aécio despencou após a entrada de Marina Silva (PSB) na disputa. Chegou a ter apenas 14% das intenções, enquanto as pesquisas chegaram a mostrar Marina com 34%, empatada com a presidente Dilma Rousseff e dez pontos à frente da petista no 2º turno. Foi quando PT e PSDB fizeram algo que poucas vezes se viu desde que se tornaram os principais rivais da política brasileira: atuaram juntos. Marina passou a ser desconstruída por Dilma e Aécio. Os dois passaram a atacar várias de suas propostas, como a autonomia do Banco Central, e miraram em sua inexperiência administrativa.  A petista objetivava diminuir as intenções de voto de Marina no 2º turno. O tucano sonhava em chegar até lá para disputá-lo com Dilma. Deu certo e, na reta final, Aécio subiu como um foguete. Embalado pela exitosa desconstrução de Marina, pela maior estrutura de seu partido e por seu desempenho no debate final na TV Globo.


Após não conseguir convencer seus correligionários tucanos a realizar prévias entre ele e José Serra em 2010, para escolher o candidato do PSDB à Presidência, Aécio passou a se dedicar a costura de sua candidatura em 2014. Apesar de não ter conseguido ser candidato à Presidência, o tucano mineiro conseguiu sair daquelas eleições maior do que entrou. Foi o grande vencedor do pleito dentro do PSDB. Além de ter alcançado votação recorde para o Senado, alavancado por sua aprovação acima dos 80% no governo de MinasAécio conseguiu eleger seu companheiro de chapa Itamar Franco (PPS), para a segunda vaga do Senado, e seu vice e braço direito em Minas, Antonio Anastasia (PSDB), para o governo do estado, em uma virada tão histórica quando a que conseguiu desta vez.


Do Senado, Aécio, que costuma se definir como um “construtor de pontes”, começou a unir o partido, que chegara tão rachado às últimas duas eleições presidenciais. Com a ajuda do falecido Sergio Guerra (PSDB), então presidente do PSDB, e um dos maiores entusiastas da candidatura de Aécio dentro do partido, o senador mineiro foi minando as resistências, principalmente paulistas ao seu nome. Assumiu a presidência do partido, passou a viajar constantemente pelo país e foi conquistando aos poucos os presidentes de todos os diretórios regionais. O resultado de toda essa articulação foi chegar a 2014 como candidato incontestável do partido à Presidência, apesar do desejo do ex-governador de São Paulo José Serra de mais uma vez disputar o mais alto posto do país.


Neto de Tancredo Neves, eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 1985, nas primeiras eleições após a ditadura militar, e filho do Aécio Cunha, ex-deputado federal por Minas GeraisAécio começou na política como assessor de Tancredo, em sua campanha vitoriosa para o governo de Minas em 1982. Elegeu-se deputado federal em 1986 e reelegeu-se em 1990, 1994 e 1998. Em 2002, tornou-se governador de Minas, cargo para o qual se reelegeu em 2006. Só perdeu uma eleição desde que entrou para a política. Foi em 1992, quando Patrus Ananias (PT) venceu na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte. Desde que se tornou governador de Minas, o projeto de seu grupo político, que dominou Minas nos últimos doze anos, passou a ser vê-lo no Palácio do Planalto. Nas próximas três semanas, Aécio percorrerá o Brasil com o objetivo de tornar esse sonho realidade, no quarto segundo turno seguido em que PT e PSDB duelarão pelo comando do país.

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