Enfrentando grave crise interna, o Democratas (DEM) sacramenta hoje seu novo comando, já pensando nas próximas eleições presidenciais. A nova direção da legenda é majoritariamente simpática a uma provável candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República, em 2014. O segundo cargo mais importante na direção da legenda, o de secretário-geral, vai ser ocupado por um aecista de primeira linha, o deputado federal Marcos Montes, que foi secretário de Estado durante administração de Aécio. O futuro presidente do DEM, senador José Agripino (RN), também é ligado à cúpula aecista dos Democratas.
O detalhe interessante da composição dessa nova executiva do DEM, que será empossada sem disputa, é que Montes foi indicado pelo grupo ligado ao ex-senador Jorge Bornhausen (SC), até ano passado um dos defensores da candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo, José Serra, em detrimento do nome de Aécio. Além de Montes, o grupo do ex-senador indicou o ex-vice-presidente da República Marco Maciel (PE) para a presidência do Conselho Político e também o ex-deputado Saulo Queiroz (MS) para permanecer como tesoureiro da legenda.
O novo comando empossado hoje é fruto de uma costura interna para tentar pacificar a legenda, dividida entre o grupo de Bornhausen e a turma liderada pelo atual presidente, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ). Agripino assume com discurso conciliador, tendo como principal missão aparar as arestas dentro da legenda. Apesar de sua indicação ter sido aceita por Borhausen, ela foi construída com o apoio de Maia e uma mãozinha de Aécio. O senador trabalhou com Maia para eleger ACM Neto (BA) para a liderança da bancada Democrata na Câmara dos Deputados. Além de virar votos a favor do baiano, Aécio articulou para que Montes desistisse da disputa em favor do ACM Neto, vitória que abriu o caminho para a escolha de Agripino para o comando nacional do DEM.
Dentro do DEM, Maia sempre foi um dos principais defensores do lançamento do nome de Aécio no lugar de Serra. Ano passado, ele tentou pressionar o PSDB a indicar Aécio, mas foi derrotado pelo grupo de Borhausen, que contava também com o apoio do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já de malas prontas para deixar o DEM. Sua saída, tida como certa, contribui mais ainda para o fortalecimento da posição pró-Aécio dentro do partido.
“A grande maioria do DEM é a favor de Aécio. Foi Rodrigo Maia quem, maliciosamente, criou essa história de grupo pró-Aécio e grupo pró-Serra. Minha indicação é a grande prova de que há uma unanimidade da legenda em torno de seu nome para as próximas eleições”, afirma Montes. Segundo ele, o partido passa por uma “grande provação” que começou com as denúncias contra o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e se agravou com a derrota de Serra e a debandada de Kassab e sua turma. Para ele, a recuperação do papel do DEM como um importante partido de oposição ao governo Dilma Rousseff passa por uma candidatura forte em 2014 e o melhor nome é o de Aécio.
Fonte: Alessandra Mello - Estado de Minas
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