2 de fevereiro de 2011

Aécio Neves e Itamar na ofensiva, e ex-presidente anuncia oposição forte a Dilma


Aécio e Itamar na ofensiva

Fonte: Alessandra Mello e Josie Jeronimo – Estado de Minas

CONGRESSO
Ao tomar posse no Senado, que será presidido por Sarney pela quarta vez, tucano prega adoção de agenda “corajosa de reformas”, e ex-presidente anuncia oposição forte a Dilma

Aécio Neves e Itamar Franco durante a cerimônia de posse ontem no Senado: na pauta mineira, segurança pública e novo pacto federativo

Um já foi presidente da República. O outro quer ser. Itamar Franco (PPS) e Aécio Neves (PSDB), senadores eleitos por Minas Gerais, em outubro,Publicar postagem tomaram posse prometendo oposição ao governo Dilma Rousseff. Também defenderam a independência em relação ao Executivo e deram pistas de como serão suas atuações na legislatura que começou ontem. Disposto a liderar a oposição no Senado, que será presidido pelo peemedebista José Sarney, pela quarta-vez, Aécio Neves pregou a adoção pelo Congresso Nacional de uma agenda “corajosa de reformas que permita enfrentar os gargalos que impedem o Brasil de crescer hoje numa velocidade maior da que vem crescendo”. Entre os temas, simpáticos a governadores, prefeitos e à população em geral, o ex-governador citou maiores e permanentes investimentos em segurança pública, um novo pacto federativo, com fortalecimento dos estados e municípios, e melhoria da educação e saúde.

Virtual candidato da oposição em 2014, Aécio disse que vem conversando muito com os representantes da oposição, que encolheu significativamente nesta nova legislatura, e também da base governista para tratar de uma agenda comum de interesse de todos os partidos. A intenção, de acordo come ele, é aproveitar o início dessa legislatura para colocar em andamento essa agenda, que inclui as reformas constitucionais que não foram feitas pelo governo Lula, caso contrário elas podem, mais uma vez, não sair do papel. “O grande desafio deste Congresso, e tenho conversado sobre isso com companheiros da oposição, mas também com setores da base, é ter a capacidade e a altivez de construir a sua própria agenda. Quanto mais passivos nós ficarmos à espera de uma ação do Executivo, mais subalterno o Legislativo será”, defendeu.

O senador disse que pretende apresentar, dentro de no máximo 60 dias, um conjunto de medidas que precisa ser enfrentada pelo Congresso Nacional. Segundo ele, essas propostas não são de interesse do governo ou da oposição, e sim da sociedade. Em relação às divergência dentro de seu partido em torno da reeleição do deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-CE) para o comando da legenda ou da eleição de José Serra (PSDB-SP), Aécio desconversou: “Esse assunto não está colocado”.

O ex-presidente Itamar Franco também tomou posse com discurso afiado de representante da oposição. Enquanto alguns parlamentares do DEM e do PSDB ainda analisam como será a atuação legislativa no primeiro ano do governo Dilma, Itamar já tem propostas para marcar presença no Senado. “Fomos eleitos pela oposição, não podemos atender apenas os interesses de Minas, mas os interesses nacionais. É preciso cobrar da presidente as promessas feitas na campanha”, afirmou o o ex-presidente, que trazia broches da bandeira do Brasil, de Minas Gerais e do Senado.

Logo depois da reunião que reelegeu José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Casa, Itamar afirmou que a oposição lutará por reajuste maior do salário mínimo, acima do patamar de R$ 540 estabelecido pelo governo, e relembrou a proposta do adversário de Dilma na disputa presidencial, o tucano José Serra, de elevar o vencimento para R$ 600. O ex-presidente da República informou que assim que as comissões estiverem constituídas vai apresentar requerimento convidando José Serra para apresentar à Casa relatório elaborado pelo tucano – economista e ex-ministro de Planejamento e Orçamento – para chegar ao cálculo de R$ 600 para o mínimo, sem desestabilizar as contas públicas. “Durante a campanha, o candidato Serra dizia que o país tinha a condição de chegar a um salário de R$ 600. Temos que convidar o candidato para saber como ele chegou a essa conclusão, vou propor isso”.

Itamar foi escalado por Sarney para ler o juramento dos parlamentares empossados ontem, por ser o mais idoso a iniciar a legislatura. Ele tem 80 anos. Na cerimônia de ontem, Itamar dividiu plenário com o senador Fernando Collor (PTB-AL). O mineiro foi vice na chapa de Collor na disputa da Presidência e assumiu o governo quando o alagoano sofreu processo de impeachment. Itamar, no entanto, evitou falar sobre o reencontro com Collor. “Não quero comentar.”

Desafetos
Líder do movimento dos caras-pintadas na época do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), o senador Lindberg Farias (PT-RJ) reencontrou seu ex-desafeto político ontem, 19 anos depois que o então presidente renunciou ao comando do país. Os dois conversaram por alguns minutos no plenário do Senado, quando a sessão já estava encerrada, trocaram sorrisos e apertos de mão. Foi o primeiro encontro entre Collor e Lindberg desde 1992, quando o petebista renunciou. O petista foi empossado ontem como senador, cargo que Collor ocupa desde 2007.

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