10 de fevereiro de 2011

Serra muda discurso e agora busca aproximação com Aécio Neves e Sérgio Guerra


Serra prega unidade do PSDB e empenho na oposição a Dilma

Fonte: Raquel Ulhôa - Valor Econômico
Congresso: Ex-governador busca distensão com Aécio e Sérgio Guerra
Aos poucos voltando à cena política após a derrota na eleição presidencial, o ex-governador José Serra (PSDB) pregou unidade do partido e “organização e empenho” na oposição ao governo Dilma Rousseff. Em reunião com a bancada da Câmara dos Deputados, ontem, Serra lançou um 11º mandamento para o PSDB: “Não atacarás o companheiro de partido para não servir ao adversário.”
Visitou aliados em gabinetes e participou também de almoço com a bancada do Senado, sentado quase em frente ao senador Aécio Neves (MG), com quem pode disputar novamente a candidatura a presidente da República em 2014. Essa disputa já divide o partido. Avisado de última hora, Aécio desmarcou um compromisso para não faltar ao almoço. Segundo participantes, a conversa, informal, serviu para conter as tensões na relação de Serra com Aécio e com o deputado Sérgio Guerra (PE), ex-senador e presidente do partido – cargo no qual aliados do ex-governador paulista querem vê-lo.
Serra assumiu postura afirmativa. Afirmou que estará 100% dedicado à política e pronto para ajudar, quando for acionado. Apresentou uma proposta concreta de reforma eleitoral para o partido encampar: a implantação do voto distrital para municípios de mais de 200 mil eleitores já para as eleições municipais de 2012. “Será o início do voto distrital no Brasil. Os vereadores disputarão no distritos e não mais no colégio eleitoral todo. A população da cidade vai vibrar”, disse.
O ex-governador também estimulou deputados e senadores do seu partido a defender o salário mínimo de R$ 600, proposta de sua campanha eleitoral, e colocou-se à disposição para comparecer à Casa e explicar as razões pelas quais acredita que a economia suporta o aumento do mínimo para esse valor. Ao encontrar o senador Itamar Franco (PPS-MG) no corredor, Serra abraçou-o e agradeceu pela lembrança de propor que ele seja convidado a falar sobre o mínimo.
Tentando dar o tom da atuação da oposição, Serra defendeu que os deputados “fiscalizem e controlem” os atos do Executivo, como as obras de infraestrutura e as medidas na área de educação e saúde. Sugeriu que filmem e divulguem imagens de obras paradas. Estimulou também que os deputados acompanhem a área econômica, onde, segundo ele, “tem um nó fiscal tremendo” e o governo está “maquiando os números” para esconder os débitos. “Quem produziu isso não fomos nós. Eles tiveram oito anos de governo e, de repente, parece um problema da natureza. Tem uma crise fiscal e quem fez não fomos nós”, disse. Citou ainda a operação de venda do banco Panamericano – “este Proer privado”.
Por pouco não trombou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viajou ontem a Brasília para participar das comemorações do 31º aniversário do PT. Os dois ficaram hospedados no mesmo hotel, o Meliá.
Serra disse à bancada que o importante é que o partido esteja unido no enfrentamento ao governo. “Disputa por cargos de bancada é normal, disputa política é normal. O importante é que haja unidade. Deveríamos ter o 11 º mandamento: tucano não fala mal de tucano, porque isso é servir ao adversário.”
O convite para Serra participar da reunião da bancada do PSDB na Câmara foi feito de última hora, por iniciativa de seus aliados. O almoço com os senadores também foi organizado na véspera pelo líder, Álvaro Dias (PR). Nos dois eventos, Serra esteve acompanhado do presidente do partido. Serra não quis falar sobre sua suposta candidatura ao cargo. “O assunto não está posto”, disse. Guerra, por sua vez, assumiu a campanha pela reeleição. “Se ele vai ser candidato ou não, ele é que tem que responder. Eu sou”, afirmou.Na semana passada, a bancada assinou lista de apoio à recondução de Guerra no comando do PSDB. O gesto contrariou o grupo de Serra, que alimentava expectativa de elegê-lo para o cargo. O líder da bancada, deputado Duarte Nogueira (SP), reafirmou que está mantida a posição dos deputados em apoio à recondução de Guerra. Reconhecendo, no entanto, que a eleição só será decidida em maio e por outras instâncias (haverá convenções municipais em março, estaduais e abril e a nacional em maio). (Com agências noticiosas)

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