PSDB Nacional, Gestão Eficiente, Eleições 2012
“O PSDB não é paulista nem mineiro, é nacional”
Entrevista – Sérgio Guerra – presidente do PSDB
O deputado federal é categórico ao afirmar que a candidatura de José Serra em São Paulo não significa que o caminho presidencial para Aécio Neves esteja livre. Sobre a disputa em Belo Horizonte, o pernambucano não vê problema na aliança com petistas, desde que em benefício de “um governo que trabalhe bem”.
Nacionalmente, por que é importante para o PSDB apoiar a reeleição de Marcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte?
O lema do nosso partido, em Minas Gerais ou em qualquer outro lugar, é governar bem e fazer da administração o que a população espera que seja feito. Então, antes de interessar ao nosso projeto eleitoral, interessa ao PSDB que o governo de Belo Horizonte seja bem-sucedido. Nós queremos a qualidade da administração municipal, não importa que o responsável não esteja exatamente ligado à nossa legenda. Em outra situação, com qualquer outro candidato, o fato de o PSDB estar associado a um governo que trabalha bem só faz ajudar o partido.
Os tucanos sonham com a possibilidade de o PSB de Lacerda aderir ao projeto presidencial do PSDB em 2014?
O nosso partido procura ter uma relação o mais próximo possível com o PSB. Eu, pessoalmente, acho que não será fácil, daqui a três anos, que as duas legendas se juntem na eleição presidencial. Mas, enquanto isso, nós vamos desenvolvendo um bom trabalho conjunto. Lembrando que nós estamos associados de forma natural em muitos Estados do Brasil, no Paraná, em Alagoas, em Pernambuco, aí em Minas. Então, se houver uma futura aliança ou aproximação, será algo que foi construído ao longo de muito tempo.
Em Belo Horizonte, o PSDB só apoiará Lacerda caso haja adesão formal?
Não aceitamos nada que não seja uma aliança formal. Não faz sentido fazer uma aliança que se desenvolve, inclusive, no governo – já que estamos juntos na prefeitura – sem o papel passado.
E as conversas que dão conta de que o PSDB pleiteia ser vice de Lacerda? Só valem se o PT abandonar a aliança?
Sobre essa questão, eu, pessoalmente, não tenho posição. É um assunto que fica para os diretórios estadual e municipal resolverem. É claro que nós ficamos atentos, porque, em cidades com mais de 200 mil eleitores, as composições são discutidas também pela cúpula nacional. Mas não vamos nos intrometer na formação da chapa, de prefeito e vice.
Por que o PSDB se opõe ao PT nacionalmente e, em Belo Horizonte, aceita caminhar com o partido?
Não há nenhum problema nisso. Nós não vamos eleger agora o presidente da República, mas o prefeito da capital. Os compromissos do prefeito da capital são assumidos com a cidade que vai governar. Em torno desses compromissos, fazem-se as alianças e se constrói o governo. Em Belo Horizonte, vamos conviver com o PT na mesma coligação. Nós, do PSDB, estamos abertos a entendimentos locais, mas, rigorosamente, não apoiamos o PT em eleições nacionais e nos Estados.
O que Marcio Lacerda tem para atrair, ao mesmo tempo, tucanos e petistas?
Eu conheço pouco o prefeito Marcio. Mas, pelo conceito de administrador que tem, sei que é muito bom. Por isso, recebe os apoios.
Hoje, a administração de Lacerda está mais próxima do modo tucano ou do petista de governar?
Ele está mais próximo da boa administração. E, aqui entre nós, a especialidade de administrar bem não é do PT, é nossa.
Em uma eventual candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, Lacerda ficaria com o PSDB ou com o PT de Dilma?
Não dá para prever porque a situação local é uma coisa, e a nacional, outra. Minas é Minas. Os mineiros conseguem se unificar bastante. Historicamente, essa é uma característica de Minas: produzir uma política inovadora de união. Mas, no caso em si, eu não teria condição de opinar.
É verdade que a candidatura de Aécio Neves já é ponto pacífico no PSDB?
Não. O que é verdade é que uma parcela muito grande do PSDB deseja a candidatura do ex-governador Aécio Neves. Mas, só vamos tratar disso depois das eleições municipais. Antes, nada será definido. Ainda não temos base para dizer se a definição vai ocorrer um mês depois da eleição, três meses depois. Não dá para saber a data. O que posso dizer é que o partido quer escolher o candidato com antecedência, para não acontecer como da última vez, quando deixamos para a última hora.
Quais as credenciais de Aécio Neves para disputar a Presidência da República?
Aécio Neves, sem dúvida, o ponto forte dele é a gestão, uma grande competência administrativa. O senador também tem uma imensa capacidade de ampliação de espaços, que só se faz com habilidade de articulação. Ele sabe ceder e afirmar as suas posições com convicção.
Um eventual governo tucano com Aécio seria diferente do de Dilma?
O principal, a política de distribuição de cargos do PT em troca de apoio, nós mudaremos. É uma falta de respeito com o interesse público. Nós confrontaremos muitos grupos para que isso não ocorra no nosso governo. De forma alguma conviveremos com o loteamento do poder.
A candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo deixa o caminho livre para Aécio Nevespostular o Planalto?
O nosso partido não enxerga isso com a perspectiva da disputa para presidente. A candidatura de Serra tem o objetivo de governar bem a principal cidade do país, São Paulo. Mas é bom ficar claro que não há disputa no nosso partido. O PSDB não é paulista nem mineiro, é nacional. Somos um partido que se renova sempre, sem desprezar as antigas lideranças. Aqueles que têm interesse e capacidade podem disputar a indicação do partido.
Mas o processo de escolha do candidato será alterado?
As prévias serão instaladas. Vamos fazer uma campanha de filiação. Vamos fazer uma campanha de captação de militantes nos seguintes termos: ao aderir ao PSDB, o cidadão também escolhe o seu candidato a presidente. Mas o que todo mundo concorda é que só vamos tratar disso com vigor e tranquilidade depois da eleição municipal. Queremos a unidade, que só se consegue após um processo limpo de definição de nomes.
O que deve mudar da última campanha presidencial do PSDB para a próxima?
Acho que as escolhas terão que ser mais abertas, e as coligações, mais sólidas. A defesa do nosso legado terá que ser muito mais nítida e efetiva. Erramos no passado porque não defendemos o nosso legado quando deveríamos tê-lo feito. Temos que mostrar que não temos dono, que atuamos como um partido cada vez mais aberto. Queremos nos relacionar com trabalhadores, estudantes, com a sociedade organizada. Vamos fazer um novo partido, que valorize o seu passado como nunca fez antes.
No primeiro ano de governo, Dilma Rousseff bateu recordes de popularidade. A aprovação dela deve permanecer em alta nos próximos anos?
O governo de Dilma não resiste a uma campanha bem feita. Há um movimento de opinião pública geral que as campanhas facilitam. Há muita mentira que vai aparecer.
Então, a fatia do eleitorado que vota na oposição deve aumentar em 2014?
Os elementos qualitativos já estão colocados para que possamos ter uma vitória. Agora, a utilização dessas potencialidades vai depender de conjunturas, algumas delas fora do nosso alcance. O PSDB tem que ser um exemplo de democracia interna se quiser convencer os brasileiros.
Alguns dos partidos que hoje dão sustentação a Dilma poderão estar com o PSDB na próxima eleição presidencial?
Tenho a convicção de que alguns estarão conosco. Conversamos sobre isso, mas o controle do governo sobre a base ainda é absoluto. (Telmo Fadul)
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