13 de outubro de 2010

Aécio Neves é a grande força política das ultimas eleições, ao lado de novas lideranças terá papel de destaque na política nacional



As novas forças da política

Quem são e como vão atuar os líderes que compõem o novo mapa do poder no Brasil

Qualquer que seja o resultado da disputa presidencial, novas lideranças vão exercer papel de destaque na política nacional nos próximos anos. Embora não representem necessariamente uma novidade na cena política, os tucanos Aécio Neves (MG), Antonio Anastasia (MG), Geraldo Alckmin (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), o peemedebista Sérgio Cabral (RJ), o socialista Eduardo Campos (PE) e os petistas Tarso Genro (RS), Lindberg Farias (RJ) e Jaques Wagner (BA) emergem como atores importantes nesse novo mapa político brasileiro. “Eles passam a ocupar o pódio dos líderes nacionais. Necessariamente terão de ser ouvidos daqui para a frente e serão importantes nas costuras para as próximas eleições”, diz o sociólogo Antônio Lavareda. É como se houvesse uma troca de guarda de gerações. Saem de campo personagens antigos da política como Marco Maciel (DEM-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), aposentados pelos eleitores, e entram os políticos do novo século. “Podemos dizer que o século XXI da política começou agora. Quem deu as cartas no século XX ficou para trás”, atesta Lavareda.
Eleito senador por Minas Gerais com 40% dos votos válidos e responsável direto pela vitória de seu afilhado político, Antonio Anastasia, nas eleições ao governo do Estado, Aécio Neves encarna o que se convencionou chamar de pós-Lula. Neto de Tancredo Neves (1910-1985), Aécio, um político jovem, com bom trânsito entre partidos oposicionistas e até governistas, desempenhará sua liderança nacional seja quem for o novo presidente. Se o vencedor for José Serra (PSDB), o mineiro se credencia para dirigir o PSDB. A presidência do Senado também surge como forte possibilidade no horizonte de Aécio no caso de triunfo de Serra. Com Dilma Rousseff (PT) na Presidência, Aécio será alçado naturalmente à posição de grande líder da oposição no Legislativo. Dessa forma, pretende trabalhar para que o Senado seja independente do Executivo. Na hipótese de Aécio liderar a criação de um novo partido mais adiante, ele também vira uma alternativa para presidir o Senado, mesmo num governo do PT. A nova legenda reuniria descontentes de partidos diversos. Todas essas peças serão movidas em parceria com Anastasia, que ao se reeleger governador de Minas Gerais se transformou em outra liderança de peso no cenário nacional. “Minas terá um papel importante na construção do novo Brasil que precisamos ter”, diz Aécio, já de olho no futuro.
O socialista Eduardo Campos, reeleito governador de Pernambuco com nada menos do que 82,83% dos votos válidos, um recorde histórico no Estado, é dono de um perfil semelhante ao de Aécio. Assim como o tucano, Campos também é jovem (45 anos), neto de um político de expressão nacional – Miguel Arraes (1916-2005) – e, embora esteja situado no campo governista, tem uma capacidade de articulação que independe da coloração partidária. Costuma dizer que não faz política olhando para o retrovisor. “Gosto de construir pontes. Essa é a escola de Arraes”, diz o pernambucano. Além de reunir características próprias de um líder promissor, Campos é amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e preside um partido, o PSB, que saiu da eleição maior do que entrou, fazendo três governadores no primeiro turno e 35 deputados. Todos esses fatores o cacifam para assumir um papel de protagonismo da política nacional. Como Aécio, Eduardo Campos é cotado até para ser candidato a presidente em 2014. Não por acaso, o pernambucano atuou como um dos porta-vozes dos governadores durante reunião com Dilma, no hotel Golden Tulip, na segunda-feira 4, em Brasília, em que foram discutidas estratégias para o segundo turno das eleições presidenciais. “O Eduardo, sem dúvida, após esse resultado fantástico nas eleições, está colocado como um importante quadro nacional para o futuro”, concorda o aliado e deputado reeleito Sílvio Costa (PTB-PE).
O futuro também se revela auspicioso para os tucanos Geraldo Alckmin, eleito novamente para o Palácio dos Bandeirantes, agora em primeiro turno, e Aloysio Nunes Ferreira, que, após uma arrancada tão espetacular quanto inesperada, se elegeu o senador mais votado da história de São Paulo. Com a vitória, Alckmin dá a volta por cima, após ter perdido, no segundo turno, a eleição presidencial em 2006 para Lula e amargado nova derrota, em 2008, na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Agora ganha musculatura política e torna-se novamente um dos principais líderes do PSDB. Embora não seja considerado um político híbrido como Aécio, graças à sua forte identificação com setores mais conservadores do PSDB, todas as costuras políticas envolvendo os tucanos, daqui em diante, passarão, necessariamente, pela mesa de Alckmin. “Depois de duas derrotas, o novo governador de São Paulo ressurge e volta para a linha de frente da política brasileira”, confirma o cientista político, David Fleischer. Já o ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes, considerado um dos homens fortes de Serra, será, certamente, um dos principais nomes do PSDB no Senado, podendo ocupar até um ministério de peso, caso o tucano vença a eleição presidencial.
A unidade, mas em torno do projeto do presidente Lula, seu principal cabo eleitoral, também foi determinante para a expressiva vitória de Sérgio Cabral (PMDB), reeleito governador do Rio de Janeiro com a maior votação ao cargo na história do Estado – cerca de seis milhões de votos. Com esse resultado, Cabral ampliará ainda mais seu espaço não só no PMDB como nas discussões de grandes temas nacionais. Dessa forma, espera pavimentar seu caminho para se colocar como alternativa nas eleições presidenciais de 2014. Também eleito pelo Rio, mas ao Senado, Lindberg Farias (PT-RJ) desbancou o cacique do DEM, Cesar Maia, e chega fortalecido ao Congresso para fazer parte da maioria ambicionada por Lula que dará sustentação parlamentar a um eventual governo Dilma.
Ainda no PT, foram consagrados outros líderes que terão voz e amplitude nacional, como Tarso Genro (RS) e Jaques Wagner (BA). Governador reeleito da Bahia, derrotando de vez o carlismo, Wagner, além de ser um dos principais articuladores de Lula e Dilma no Nordeste, terá uma bancada pessoal de três senadores no Congresso. Fazem parte de seu grupo político os senadores Walter Pinheiro (PT), João Durval (PDT) e Lídice da Mata (PSB). Ele também deve indicar algum aliado para um eventual futuro ministério petista, o que o credenciará, mais uma vez, para dar as cartas no jogo sucessório tanto de 2012, nas eleições municipais, quanto em 2014, na sucessão presidencial.

Fonte: Sérgio Pardellas – Isto É

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