24 de março de 2010

Aécio Neves faz pronunciamento na Academia Brasileira de Letras em homenagem aos 100 anos de Tancredo Neves


O governador Aécio Neves participou, nesta terça-feira (23), no Rio de Janeiro, de sessão solene da Academia Brasileira de Letras (ABL) em homenagem ao centenário de nascimento de Tancredo Neves. Em seu pronunciamento, ele lembrou do respeito e admiração que o seu avô e presidente tinha pelas letras.

“Hoje, ao examinar os papéis familiares e o acervo dos textos políticos de meu avô, estou certo de que ele, se outras houvessem sido suas circunstâncias, poderia ter sido homem de letras. Sabia ele que toda literatura é essencialmente política, porque trata dos dramas e conflitos humanos que os verdadeiros homens de Estado devem combater, mediante a busca da justiça e da igualdade”, disse Aécio Neves.

O presidente da ABL, Marcos Vilaça, em seu pronunciamento, também relembrou a ligação que Tancredo sempre manteve com a Academia e com seus membros. Também elogiou o trabalho de Aécio Neves à frente do Governo de Minas.

“Tancredo gostava muito da Academia Brasileira de Letras. Muitas vezes vinha aqui. Sempre quisemos que ele fosse um dos nossos. Acredito que ele também quisesse, mas jamais confessou. A Academia proclama sua admiração por Tancredo em seu centenário e homenageia o talento de seu neto, governador de Minas”, relembrou.

Exemplo de homem público

O acadêmico Eduardo Portella foi o orador oficial da sessão solene. Em seu pronunciamento, ele destacou as características de Tancredo Neves como homem público.

“Presidente Tancredo sempre esteve ao lado da democracia e contra todas as formas de autoritarismo. Não vacilou nunca. Não se escondeu. Não pediu licença. Era um liberal altivo e ativo. Não apenas um colecionador abstracionista de boas intenções. Considerava o Tancredo eticamente impecável e exímio conciliador. É preciso voltar a Tancredo para seguirem adiante. Apostar na sua aposta no futuro. Futuro não como brilho, como festa. Futuro como esperança concreta, enraizada no firme solo da liberdade”, afirmou Portella.

O governador Aécio Neves também destacou a vivência política de Tancredo Neves, relembrando sua forte admiração por Minas Gerais e o ideário de sua população.

“Tancredo era Minas no equilíbrio admirável das posições que assumia para defender as razões da nacionalidade. Sempre foi, como gostamos de lembrar, um autêntico construtor de pontes e um genuíno democrata. Conciliador generoso, mas defensor intransigente dos princípios que professava. Um líder comprometido com a ordem democrática e com a ideia de que é nossa a permanente responsabilidade pela construção do país”, disse o governador.

Minas Gerais

Para ele, a profunda admiração pela história de Minas Gerais foi a base para a formação dos princípios de Tancredo Neves. Princípios estes pelos quais lutou por toda vida, segundo Aécio Neves.

“Dessa vivência formou-se o seu ideário: o profundo respeito pela democracia e pelos princípios constitucionais. O desenvolvimento, fundado na estabilidade com a justa distribuição das riquezas. A defesa de um sistema partidário autônomo, com legendas legítimas e de identidade política clara, ainda que diversas. Um Congresso altivo, capaz de trabalhar para a superação dos conflitos. E a esperança permanente de unir o país em torno das grandes causas nacionais, como ele imaginou que faria, eleito presidente. Tancredo viveu e esteve onde sempre está Minas. Na nacionalidade, dentro e fundo. E, sempre, ao lado do Brasil. E sempre, sempre, pelo Brasil”, disse Aécio Neves.

Chamamento

Ao final de seu pronunciamento, o governador fez um chamamento para que a luta de Tancredo Neves pela democracia e a igualdade seja continuada pelas futuras gerações.

“A pátria não é o passado, mas o futuro que construímos com o presente. Não é a aposentadoria dos heróis, mas tarefa a cumprir. É a promoção da justiça, e a justiça só se promove com liberdade. Ele nos ensinou que desprendimento e generosidade também se conciliam com a coragem política e a intransigência sobre os valores que professamos. Por isso, transigia apenas no secundário, no periférico, nunca no fundamental”, concluiu.

Além do presidente Marcos Vilaça e do orador oficial Eduardo Portella, estiveram presentes os acadêmicos Affonso Arinos de Mello Franco, Alberto da Costa e Silva, Alberto Venâncio Filho, Antônio Carlos Secchin, Cícero Sandroni, Domício Proença Filho, Hélio Jaguaribe, José Murilo de Carvalho, Moacyr Scliar, Murilo Melo Filho, Nelson Pereira dos Santos e Sérgio Paulo Rouanet. Também participaram da sessão solene, o presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, o compositor Martinho da Vila, o escritor Ziraldo, o ex-ministro do Exército, general Leônidas Pires, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Osvaldo e o deputado federal Rafael Guerra, representando o presidente da Câmara dos Deputados.

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