Assim não dá, meu Rei!
Nas preparações para as eleições presidenciais, apoiadores de alguns grupos partidários ainda não compreenderam que a oposição precisa de união para uma vitória nas urnas. E união advém indiscutivelmente do sincero respeito. Respeito por opiniões, por caminhos, por opções. O respeito é a prova mais incisiva de que uma conquista obtida foi realmente fundada nos valores da democracia.
Mas, infelizmente, para esses apoiadores, tudo é permitido, neste momento, para se derrotar os governistas. E o clima bélico invade o espaço dos próprios aliados. Admite-se a necessidade de se forçar uma formação de chapa sem a apresentação e articulação de uma candidatura; critica-se a posição que cada um assume no processo; trabalha-se pelo enfraquecimento de lideranças políticas, capazes de promover novos elos e conquistas que se refletirão em resultados ainda maiores; distorcem-se discursos de políticos aliados para justificar a própria falta de argumentação em defesa de uma fantasiosa desarmonia. Enquanto dedicam tanto esforço para a imposição de um caminho único, a democracia escapa pelos dedos das mãos e qualquer meio passa a justificar muito bem todos os fins.
Defendo, com juízo, a situação que tenho acompanhado. Aécio Neves apresentou-se para o PSDB, em 2009, com uma proposta vanguardista, que visava, sobretudo, agregar as bases do partido; fomentar a participação da militância partidária; promover uma discussão ampla pela elaboração de um projeto de governo viável e forte; atrair apoiadores novos, de diferentes segmentos e partidos. Aécio defendeu o discurso da conciliação, que evitasse o confronto plebiscitário. Mas o trabalho de convergência proposto foi inviabilizado pelo próprio processo político e pelos métodos de escolha adotados.
Não houve lamentos. Aécio, com a leveza que marca toda a sua trajetória política, soube retirar sua candidatura, no tempo certo, para evitar desgastes, competições ou qualquer desunião. E, como bom político, elegeu prioridades para a defesa de um projeto mais amplo. O trabalho em Minas, essencial para a definição de uma vitória da candidatura principal, foi definido como o caminho mais certo.
Mesmo assim, as mesmas pessoas que sempre trabalharam contra a união do partido continuaram fazendo interpretações maldosas sobre qualquer movimentação de Aécio. Embora digam que a posição de Aécio não tem nenhuma relevância no cenário nacional, seguem seus passos e acompanham seus discursos, com descomunal atenção, desconsiderando até mesmo os contextos de cada declaração dada à imprensa.
Para essas pessoas, se o governador de Minas fica em silêncio por alguns dias, revela que não apóia o partido; se diz que acredita na vitória do candidato, não se sente sinceridade nas suas palavras; se ele foi pré-candidato, sua intenção era atrapalhar o outro que também seria; se ele retirou-se de campo, queria enfraquecer o companheiro de partido. E se o governador diz o que todos já sabemos? Que faltou empenho do partido para viabilizar a sua candidatura? Ou que o PSDB precisa adequar o seu discurso à realidade que se apresenta? O mundo vem abaixo e ele é taxado de traidor e desleal, por simplesmente não manter o silêncio e expressar claramente o que não é novidade para ninguém.
Seria compreensível esse tipo de reação, se nós pensarmos que talvez essas pessoas, que se interessam mais pelo atrito do que pela união, podem querer com isso, buscar, desde já, justificativas para qualquer possível falha futura. Mas esse é um processo de martirização que, sinceramente, não nos interessa.
O fato é que, para essas pessoas – que são sempre as mesmas –, qualquer ação de Aécio Neves será sempre mal interpretada. E, no fundo, isso acontece porque o governador de Minas mobiliza tanto a atenção e a emoção dos brasileiros que chega a incomodar. As críticas continuarão a existir e, embora não o atinjam – porque faz política em um nível bem superior a elas –, podem levar a uma derrota nas urnas, com ou sem mártires.
A oposição precisa pensar grande e buscar a união para vencer o jogo e obter avanços para o país, pois a desarmonia, neste momento, será a senha definitiva para o enfraquecimento definitivo do PSDB no quadro político brasileiro. Na política ou fora dela, a postura de um grupo sempre determinará o valor e o tamanho da conquista final que será obtida.
Fonte: Ana Vasco – Aécio Blog
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