2 de junho de 2010

Aécio Neves " Optei pelo Senado em Dezembro. Nada mudou desde lá"


Para Aécio, sucessão ‘pode ser definida no Nordeste’‘Não é candidato a vice que vai mudar rumos da eleição’‘Nordeste tem 27% dos eleitores, Minas Gerais tem 10%’‘Optei pelo Senado em dezembro. Nada mudou desde lá’‘Serra tem as condições de vencer em Minas e no Brasil’‘Vejo uma ansiedade excessiva de nossos companheiros’

Depois de preterido na disputa interna do PSDB, Aécio Neves foi subitamente convertido em personagem central da sucessão presidencial.A oposição atribui ao grão-duque do tucanato mineiro, dono de alta popularidade em seu Estado, o poder de definir a eleição em favor de José Serra.Construiu-se o seguinte raciocínio: abrindo boa dianteira sobre Dilma Rousseff em São Paulo, bastaria a Serra prevalecer em Minas para levar a Presidência.Como que incomodado com a responsabilidade que tentam acomodar sobre seus ombros, Aécio saiu-se com uma tese diversa:“Qualquer análise pode mostrar que a eleição pode ser definida no Nordeste, que tem 27% do eleitorado. Minas tem 10%”.

Nos Estados nordestinos a popularidade de Lula ‘Cabo Eleitoral’ da Silva é maior do que a média nacional. Nesse pedaço do mapa, Dilma supera Serra nas pesquisas.É como se Aécio dissesse: Esqueçam Minas. Olhem para o Nordeste. Ou, por outra: Não sou tão importante. Ou ainda: Se formos derrotados, a culpa não será minha.As considerações de Aécio foram feitas numa entrevista veiculada neste domingo. Pode ser lida no sítio do diário capixaba ‘A Gazeta‘.Aécio reafirma sua opção pelo Senado. Para a vice de Serra, menciona o tucano Tasso Jereissati, que também já recusou a empreitada.Invoca dados de pesquisas para sustentar que, migrando de Minas para a cena nacional, a situação de Serra não se alteraria.No mais, desmerece a importância desmedida que se tem atribuído à figura do vice: “Não é isso que vai mudar o rumo da eleição”. Abaixo, entrevista:

- Já disse que política é destino. O seu não o empurra para a vice do Serra?No ano passado, apresentei ao meu partido uma alternativa de candidatura presidencial. No momento em que percebi que uma maioria partidária caminhava na direção da candidatura do governador Serra, fiz um gesto em favor da unidade, que foi abdicar desta candidatura. Acima de projetos pessoais deve haver algo, hoje em falta na política, que é uma visão patriótica. Em dezembro anunciei minha candidatura ao Senado. De lá para cá, nada mudou, nem minha convicção de que Serra é o melhor candidato para vencer as eleições. Como candidato ao Senado tenho mais condições de ajudá-lo.

- Não teme ser responsabilizado por uma derrota de Serra?De forma alguma. Na vida devemos ter convicções e lutar por elas. Precisamos fortalecer diariamente nossas convicções e resistir às pressões que nos afastam delas. Estou absolutamente seguro de que tomei a melhor decisão, pensando no meu país.

- Que fato poderia levá-lo a mudar de ideia?Há quem diga que o fato de o governador Anastasia estar atrás nas pesquisas… Quando retornei [das férias], me deparei com uma grande confusão entre opinião e análise. E com três fatos que me eram colocados à frente. O primeiro de que a eleição se definiria em Minas. Qualquer análise pode mostrar que a eleição pode ser definida no Nordeste, que tem 27% do eleitorado. Minas tem 10%. Segundo fato é que a má situação de Anastasia poderia me fazer mudar de opinião. O governador tem 25% de conhecimento e, na pesquisa espontânea, tem os mesmos 5% de intenções de votos de seu adversário. É uma situação extraordinária, e estamos preparados para vencer no primeiro turno. A terceira, de que minha candidatura a vice seria fundamental para eleger Serra. Tenho pesquisas que mostram que isso poderia aumentar em no máximo 5% as intenções de votos em favor de Serra em Minas.

- Mas ajudaria, não?Isso significa meio por cento dos votos nacionais e com risco de desguarnecermos a nossa retaguarda e termos outras perdas, se eu não estiver em Minas. Não haverá no meu partido ou fora dele alguém tão dedicado à vitória de Serra.Temos o melhor candidato e condições para vencer em Minas e no Brasil.

- O empate entre Serra e Dilma pesou na sua decisão?Minha decisão foi tomada em dezembro, quando Serra tinha vantagem expressiva. É preciso mais serenidade por parte dos nossos próprios companheiros. Vejo uma ansiedade excessiva.

- A subida de Dilma confirma o poder de transferência de votos de Lula?Reconheço que o governante bem avaliado tem algum poder de transferência de voto. E servirá, certamente, para o nosso caso em Minas. Mas essa transferência é limitada. Quem define a eleição não são os apoiadores, é o eleitor.

- Que outras opções Serra tem para vice?É uma questão que tem de ser vista com serenidade. Há alternativas no partido, como o senador Tasso Jereissati, ou mesmo na coligação. Não é isso que vai mudar o rumo da eleição.


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