30 de junho de 2010

Ex servidor da antiga Febem escreve sobre o Plug Minas, criado no Governo Aécio Neves

O sonho do Plug Minas
Todos os que escolhem a medicina sonham em curar as dores e doenças do mundo. Acho até essencial para o sucesso na profissão, mas há nisso certa ingenuidade. Aprendi ao visitar a Febem pela primeira vez.

Como médico, estava feliz por ser parte do processo que deveria transformar crianças e jovens abandonados em brasileiros saudáveis, autores de sua própria história. Depois de minha primeira visita, chorei sentado no carro. Percebi que era preciso curar dores e doenças não apenas dos jovens, mas de dirigentes, autoridades, famílias, políticos, legisladores e da sociedade… Era preciso fazer tudo porque faltava o básico; tinha que ser pai, mãe, irmão e amigo antes de ser médico. Os diretores e funcionários envolvidos no trabalho sabiam disso e faziam o que podiam.

Nos anos que me dediquei à Febem levantamos fundos, fazendo aquilo que a classe política não fazia porque não queria se envolver. Tínhamos que assumir os problemas e resolvê-los porque tudo fica diferente quando não são “menores”, mas crianças e jovens abandonados e com um futuro que dependia do nosso envolvimento. Assim, fazíamos rifas, jantares, leilões, almoços e tentávamos aliviar as dores e doenças causadas pelo abandono da família e da sociedade.

Por tudo isso fiquei emocionado ao conhecer uma iniciativa que prova que Minas está mais saudável, mais atenta e mais preocupada com a sua juventude. O espaço antes ocupado pela Febem, no bairro Horto, em Belo Horizonte, foi transformado em um centro de formação onde os jovens estudantes entram em contato com diversas linguagens artísticas e educacionais.

O Centro de Formação e Experimentação Digital (Plug Minas) representa muito do que na Febem considerávamos um bom caminho: uma resposta moderna do governo às questões da juventude como um todo e não apenas ao jovem abandonado. Vejo o Plug Minas como um processo de cura em que a sociedade e os dirigentes aceitam a responsabilidade de contribuir para diminuir as dores e doenças do mundo. Nesse sentido, o Plug Minas mostra uma visão acertada de que o remédio não é a separação, mas a integração, oferecendo aos jovens as mais modernas ferramentas digitais de integração e um saudável convívio no centro.

A solução não está no muro, na cela ou no portão trancado, mas na conexão e na participação. Minas entendeu que a cura está na soma e não na subtração. Acredito que todos nós que passamos pela Febem na organização e mesmo os internos sempre soubemos que não podíamos deixar de sonhar. Com a extinção da Febem, tornou-se até mais vital não deixar de sonhar. E ainda bem que Minas continua sonhando.

A iniciativa do Plug Minas mostra como os sonhos se transformam em projeto e como um projeto pode virar realidade. Mostra, sobretudo, como essa realidade pode oferecer caminhos para que os jovens possam sonhar, ter projetos e mudar a própria realidade.


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