22 de junho de 2010

Serra ao lado de Aécio Neves e Antonio Anastasia diz que pretende criar sistema único de licenciamento ambiental


Candidato endossa sugestão de Anastasia de sistema único de licença ambiental

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, prometeu “não atrapalhar” a agropecuária caso seja eleito em outubro. O tucano fez poucas propostas ao reunir-se ontem na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) com uma plateia predisposta a apoiá-lo. O ponto mais concreto que citou foi a criação de um sistema único de licenciamento ambiental que coordenaria as ações da área nos três níveis de administração para tornar o processo mais ágil. A ideia foi apresentada pelo governador mineiro e candidato à reeleição pelo PSDB, Antonio Anastasia, e endossada por Serra.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo. No ano passado, exportou 1,2 milhão de toneladas e gerou receita de US$ 4,1 bilhões. Várias iniciativas que levaram à esta posição, como a cobertura de vacinas contra febre aftosa, dependeram da mobilização dos produtores, que se sentem pouco devedores do governo.

A ação do governo não é cobrada, mas temida. Ao saudar Serra, recebido com o estribilho musical usado na TV para marcar as vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1, o presidente da ABCZ, José Olavo Machado Borges, deixou claro que a principal preocupação do setor é conter a ação dentro do governo e do Congresso de entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ou de propostas que afetam direitos de propriedade, como a redefinição dos limites de reserva legal no Código Florestal, a revisão dos índices de produtividade e o descumprimento de ações de reintegração de posse.

Serra disse que irá criar instrumentos para aumentar a produção agrícola em assentamentos. “O Brasil paga R$ 40 mil para assentar cada família. Tem cabimento depois colocar estas famílias para receber cesta básica?”, indagou. Afirmou que o MST não deve receber recursos públicos e expressou preocupação com a intenção do governo em votar o novo Código Florestal neste ano. “Não seria bom concluir agora, porque não vai ser decidido racionalmente às vésperas do processo eleitoral”, disse, sugerindo mudanças pontuais, como a inclusão de matas ciliares no cálculo da reserva legal.

O comedimento do candidato não incomodou o público. “Ele não avançou nas ações que defende, mas dá para imaginar a sua linha de conduta. Hoje é difícil saber o que o governo federal vai fazer. Lula fez coisas excelentes, sobretudo para o açúcar e o álcool, mas o produtor se sente um pouco perdido no cipoal da legislação”, afirmou o próximo presidente da ABCZ, Eduardo Biagi, que também é usineiro em Nova Serrana (SP).

O encontro não se limitou aos grandes pecuaristas da região, como Jonas Barcellos e Arnaldo Rosa Prata. Também participou o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino. A Cooxupé é a maior cooperativa do Brasil e responde por 20% da safra brasileira de café. Paulino saudou Serra afirmando esperar ir à sua posse. “Temos muita esperança no próximo governo”, disse. Após o evento com ruralistas, Serra, Anastasia e o ex-governador mineiro e candidato ao Senado Aécio NevesAécio minimizou a desistência do PR de apoiar Anastasia e coligar-se a Hélio Costa (PMDB) para o governo. “O PSDB não entra em leilão.” visitaram uma pastelaria tradicional da cidade.

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