19 de janeiro de 2010

Aécio Neves diz que Senado “é fruto de avaliação consistente” – governador de Minas ressalta ainda que “irreversível é a morte”


Entrevista

O senhor falou que o caminho natural é o Senado. Vou repassar para o senhor as perguntas que algumas pessoas fazem para mim e se questionam até hoje. A decisão do senhor é irreversível de não concorrer dentro do PSDB de tentar ser presidente da República?

Irreversível é a morte. Não há nada além disso. Mas eu tenho uma decisão muito racional. Acho que onde eu posso trazer uma contribuição maior à vitória do nosso candidato, respeito até os que pensam de forma diferente, mas eu estou cada vez mais convencido de que vencer em Minas Gerais é muito importante para o nosso candidato à Presidência da República. E para ajudar nessa vitória em Minas Gerais eu devo estar em Minas Gerais. E, obviamente e eventualmente, em outras partes do país, mas devo centrar o meu esforço em Minas. Então essa decisão de uma candidatura ao Senado não é uma decisão impensada. É uma decisão que é fruto de uma avaliação muito consistente. E é o sentimento da maioria dos meus companheiros.

O senhor tem outras agendas já marcadas para outros estados para conversas políticas?

Acertei na última semana com o governador Serra de fazermos algumas conversas já a partir da semana que vem, mas não há nenhuma especificamente marcada. Estou aguardando um contato dele e estou à disposição dele inclusive para usar um pouco das relações que construímos nesse processo para ajudar na definição desse palanque. Não tenho nenhuma questão marcada. Estou na postura agora mineira realmente da construção de um palanque muito amplo de sustentação ao vice-governador Antonio Anastasia que será o nosso candidato ao Governo.

Se diz que o governador Serra saiu a campo agora para consolidar a candidatura dele. Agora que a coisa ficou definida dentro do partido.

Muito bom isso.
O senhor acha muito bom isso?

Estimulo isso. Estou à disposição dele. No momento em que eu abro mão da disputa presidencial, faço um gesto de convergência. Um gesto que tem que ser visto como um gesto de desprendimento, em torno daquilo que é mais importante que é a construção da nossa unidade e a nossa unidade é o mais vigoroso instrumento que temos para chegar à vitória. Estou à disposição dele e do partido, do presidente Sérgio Guerra, para essas conversas. E essa conversa com o deputado Rodrigo é uma conversa importante já que estreitamos as nossas relações durante todo esse processo e vou estar à disposição do candidato Serra. Mas quem no campo do PSDB, vamos dizer, quem conduz a partir de agora essas negociações é o governador Serra e o presidente Sérgio Guerra e, no momento em que eles acharem que a minha presença é necessária, eu reitero que estou à disposição.

Esse distanciamento entre aspas do presidente Lula visa justamente preservar essa proximidade com o governador Serra?

Não. Acho que não há necessidade disso. As pessoas que me conhecem na política sabem que eu não considero alguém meu inimigo ou com ele sou descortês porque está no outro campo político. É o que acontece nas minhas relações com o presidente Lula. Tenho relações pessoais com ele. Em outras ocasiões, quando isso convergir com a minha agenda, vou estar recebendo ele oficialmente e administrativamente como governador do Estado, mas os meus compromissos políticos e, acho que isso está absolutamente claro, estão no campo da oposição. Acho que para o Brasil é importante encerrar esse ciclo e iniciar um outro, com uma gestão pública mais eficiente, com uma visão mais moderna de mundo, com mais coragem política para fazer as reformas que ficaram no meio do caminho. Isso tudo é muito maior do que as questões de ordem pessoal. O que houve com relação a essa visita foi exatamente um anúncio tarde demais e estou com uma agenda também de visitas ao interior e de audiências em Belo Horizonte muito intensa e vou dar prioridade, nessa visita específica, a cumprir a minha agenda como governador do Estado.


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