2 de julho de 2014

Fonte: Valor Econômico


Para Aécio, chapa paulista casa com campanha presidencial

Com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) como candidato a vice-presidente em sua chapa e a definição do ex-governador José Serra como concorrente ao Senado, Aécio Neves considera completo o “casamento” entre a sua campanha presidencial e a do governador Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição em São Paulo.

O acordo dos tucanos em São Paulo foi feito com a perspectiva de que Serra será eleito senador, por seu potencial de voto, e seria nomeado ministro em eventual governo Aécio. Isso dará oportunidade para que seu primeiro suplente, o deputado José Aníbal – que pleiteava a vaga – o substitua no mandato.
Para Aécio, a construção política feita com Alckmin e Serra proporciona a “melhor largada” para sua campanha no Estado, maior colégio eleitoral do país e onde a estratégia eleitoral é considerada por Aécio “um capítulo especialíssimo” em sua campanha. Ele quer “ter a cara” nos mais de 600 municípios do Estado.

No Estado em que pretende montar uma campanha “quase exclusiva”, a estratégia do tucano será tentar convencer o eleitor paulista de que o governo Alckmin tem de continuar porque é “sério, eficiente e correto” e “fará muito mais a partir de 2015, pois contará com a parceria do governo federal, que falta a ele na gestão do PT“. Integrantes da equipe de campanha dizem que o “mote” da campanha em São Paulo será “Aécio, Aloysio, Alckmin e Serra para o bem de São Paulo”.

Os tucanos já contam com a polarização de Alckmin com o candidato do PMDB ao governo, Paulo Skaf, que deverá se transformar no representante de Dilma e sua base, diante do fraco desempenho do petista Alexandre Padilha.

Apesar da dedicação especial a São Paulo, é pelo Nordeste que o presidenciável do PSDB pretende iniciar formalmente sua campanha, no início de agosto. Ele planeja cumprir um “périplo” pelos nove Estados da região, durante dois dias, onde apresentará um planejamento para o Nordeste, com projetos do seu governo para solucionar gargalos de infraestrutura e obras que pretende executar, com a definição de prazos de conclusão.

Sem revelar quais serão as novas prioridades de uma eventual gestão tucana para o Nordeste, interlocutores de Aécio dizem que constará do planejamento a conclusão de grandes obras inacabadas naquela região, como a Transposição do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina, obra de 1,7 mil km lançada em 2006 para ser o principal escoador da produção da região.

Segundo diz o senador mineiro, não há maior desperdício de recursos públicos do que deixar uma obra inacabada. Aécio pretende divulgar as ações desenvolvidas por ele em seus dois mandatos como governador de Minas Gerais na região norte do Estado, como o projeto de irrigação Jaíba e obras de saneamento.

Numa ofensiva para combater a pecha dos tucanos de serem contrários ao Programa Bolsa Família, Aécio quer que o “exército de aliados” de sua candidatura divulguem que ele é autor de um projeto de lei que o inclui na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), tornando-o uma política de Estado – e não de governo.

Ele costuma dizer que será a oportunidade para mostrar os programas desenvolvidos por sua gestão em Minas para reduzir as desigualdades entre os municípios do Estado, que possui áreas de muitos contrastes.

O presidenciável tucano tem dito que o PT deu o tom de sua campanha, ao lançar uma propaganda com o objetivo de tentar difundir na população o medo da perda dos benefícios conquistados, caso o PSDB vença as eleições presidenciais. A orientação dele para os aliados é não aceitar provocação e fazer uma campanha propositiva, sem falar em medo e rancor. A depender da orientação de Aécio, a internet não será utilizada para “guerrear”.

Os detalhes da campanha começaram a ser discutidos com Aloysio Nunes e com o coordenador nacional da campanha, senador José Agripino (RN), nos últimos dois dias, em Brasília. Até sexta-feira, suas diretrizes de governo deverão ser apresentadas à Justiça Eleitoral e na segunda-feira passará o dia em reunião com sua equipe de campanha, para discutir principalmente estratégia de comunicação. Aécio vai se licenciar do mandato de senador no primeiro dia após o recesso parlamentar. Seu suplente é Elmiro Nascimento, do DEM. Já seu parceiro de chapa, Aloysio Nunes, pretende se manter no Senado durante a campanha.

Preocupado com o discurso que apresentará sobre a economia do país, Aécio pretende fazer, nos próximos dias, uma análise detalhada da situação, para ele “muito grave e que vem se deteriorando muito rapidamente”. Pretende construir uma argumentação para denunciar medidas tomadas pelo governo Dilma Rousseff consideradas irresponsáveis pelo PSDB.

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