Fonte: PSDB
Entrevista do candidato da coligação Muda Brasil à Presidência da República, Aécio Neves
Assunto: eleições 2014; ES; economia, Copa do Mundo
Sobre viagem ao Espírito Santo
Meu avó Tancredo, há 30 anos, lançou as bases da Nova República, que
era nada mais do que a reconciliação do país com a democracia e com a
liberdade. Hoje, o destino me permite estar mais uma vez no Espírito
Santo, lançando as bases para um novo e grande pacto entre todos os
brasileiros. Nós queremos um Brasil convergente. Um Brasil onde todos tenham melhor saúde, melhor educação, melhores perspectivas de vida.
A proposta que encabeço hoje não é de um partido, e tampouco de um
conjunto de forças. Ela representa o sentimento de milhões de
brasileiros indignados com a incapacidade do governo de fazer o país
crescer e avançar, de controlar a inflação e de permitir que os nossos
indicadores econômicos melhorem.
Estou extremamente honrado de poder
estar aqui, ao lado do governador Paulo Hartung, meu
companheiro como governador do Espírito Santo quando fui governador de
Minas, um dos mais qualificados gestores públicos da nossa geração, para
fazermos uma belíssima travessia, propositiva, respeitando as pessoas, dizendo a verdade, debatendo propostas. É isso que o Brasil espera de nós, e eu tenho certeza que começo com o pé direito pelo Espírito Santo.
O PT está ausente no Espírito Santo. Se o Sr. for eleito, vai acabar com esse isolamento?
Poucos estados foram tão prejudicados pela omissão do governo federal
quanto o Espírito Santo. O governo federal tem responsabilidade para
com todo o país, e a omissão do governo federal em questões centrais
permitiu uma conflagração, o enfrentamento entre estados da Federação.
Isso não é legítimo, isso não é aceitável. E ocorreu em várias áreas.
Tenho, até pela minha formação pessoal, uma convicção de que a raiz de
grande parte dos problemas brasileiros está nesse centralismo
exacerbado, nessa transformação da federação quase que em um Estado
unitário. Temos que reconhecer que aquilo que é feito no
município é feito melhor do que aquilo que é feito no estado e na União.
E aquilo que é feito no estado certamente é melhor do que é feito na
União. Vamos refundar a Federação no Brasil, garantir melhores condições
dos estados enfrentarem as suas dificuldades.
Hoje, na segurança pública, há uma omissão gravíssima do governo federal. Não existe política nacional de segurança. Na saúde, desde que o PT assumiu, houve uma queda anual da participação dos investimentos federais na saúde pública, que é hoje uma tragédia.
Não adianta, esse excesso de propaganda do governo federal é quase que
um acinte à inteligência dos brasileiros, porque ela não vem acompanhada
de ações concretas.
Está na hora do Brasil da propaganda, do Brasil virtual, ser
confrontado com o Brasil real. O Brasil das pessoas utilizando o
transporte público de péssima qualidade, com saúde absolutamente
precária, com a insegurança crescente em suas portas. O que queremos é que o Brasil volte a crescer e as pessoas voltem a ter esperança em seu futuro.
Sobre queda no PIB do Espírito Santo e previsões na economia. O que o Sr. fará para ajudar o estado e o país?
Em primeiro lugar, mágica não existe. O atual governo já fez a
maldade. A maldade foi perder o controle sobre a inflação, afugentar os
investidores do Brasil, essa é a grande verdade, através de um
intervencionismo absurdo em determinados setores da economia, como o de
energia, por exemplo. Essa desqualificação do setor público,
com esse absurdo aparelhamento da máquina com 39 ministérios, é quase
que uma bofetada na cara dos brasileiros. Vamos cortar isso pela metade.
Vamos ter uma política fiscal transparente e eficiente
que nos permita resgatar a credibilidade para que os investimentos
voltem ao Brasil e o crescimento da nossa economia é a alavanca mais
vigorosa que teremos, tanto para controlar a inflação,
quanto para permitir que estados como o Espírito Santo possam continuar
se desenvolvendo. O que não podemos ter é um governo federal que
solitariamente arbitre e tome decisões que logo em seguida afetam a
realidade e a economia nas unidades federadas.
O Espírito Santo vem avançando, desde o período de Paulo
Hartung, muito mais em razão do esforço fiscal que foi feito aqui, na
definição de parcerias estratégicas, seja no setor mineral, de celulose,
em vários campos da indústria, no agronegócio, na agricultura –
o Espírito Santo já se transforma no segundo maior produtor de café do
país –, muito mais pelo esforço local, dos empreendedores locais, dos
governos locais, do que certamente pela ação do governo federal. O que
quero é refundar a Federação no Brasil e estados capacitados,
qualificados e com potenciais extraordinários, como é o caso do Espírito Santo, vamos ter uma vantagem enorme.
Como o Sr. vem acompanhando os resultados de pesquisas de intenção de voto?
Com enorme otimismo. Em um momento como esse, com essa propaganda
maciça do governo federal e ainda com um índice grande de
desconhecimento em relação à nossa candidatura, já estamos sólidos em um
segundo lugar e, como se diz, com um viés de alta. Espero que com essa
minha visita ao Espírito Santo esse viés de alta aumente. Vamos fazer
uma campanha verdadeira. Não considero, é da minha natureza, do Paulo [Hartung], do César [Colnago], não acho que alguém, por ser meu adversário, é meu inimigo, a ser banido da vida pública, a ser exterminado. Nada disso.
O que queremos é ter a oportunidade de apresentar a nossa
proposta, respeitando os nossos adversários, mas dizendo com muita
clareza: O Brasil merece mais do que está tendo. Merece crescer
mais, merece administrações mais probas, mais decentes do que essas que
estão aí, a acabar, a aniquilar o patrimônio de empresas públicas
importantes para a vida do país, como é o caso da Petrobras,
que vocês conhecem tão bem. Faço, como estou fazendo, uma caminhada da
alegria, dizendo sempre a verdade, mas sempre pronto. Pronto para o bom
debate em qualquer campo que ele se dê.
Sobre tentativa de uso político da Copa do Mundo
Sempre fui muito reto nas minhas palavras, Copa do Mundo é uma coisa, eleição é outra. O governo da presidente Dilma é que, infelizmente, a cada momento, tem uma reação diferente. Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa
dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que
quem vai pegar o preço são aqueles que tentaram se apropriar de um
evento que é de todos os brasileiros.
Todos nós estamos tristes com o resultado. Estive
lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com aquele resultado, e nunca
misturei as coisas. Mas aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como disse a presidente, uma belezura para influenciar nas eleições, vão se frustrar.
Agora é hora de pensarmos no futuro do Brasil, vamos debater as
propostas que cada um dos candidatos têm para o Brasil sair desse
marasmo. Somos o país que menos cresce na nossa região, temos, de novo,
uma das inflações mais altas do mundo, o IPCA dessa semana mostrou que
já estamos no teto da meta inflacionária, 6,5%, porque o governo não foi
prudente. Aliás, o governo da presidente Dilma falhou
na condução da economia, nos deixa um cenário de recessão, com
estagnação do crescimento econômico e com a inflação retornando, e a
emoldurar isso uma perda crescente da nossa credibilidade.
No campo da infraestrutura e da gestão do Estado, nos legará um Brasil transformado em um cemitério de obras inacabadas
e com sobre preços por toda parte. E nos indicadores sociais o Brasil,
infelizmente, volta a ver o recrudescimento do analfabetismo, vejam bem,
uma agenda já virada, pelo menos uma página que achávamos virada da
vida brasileira. Na saúde, uma tragédia, uma omissão cada vez maior do governo federal crescendo ano a ano. E na segurança,
a ação do governo federal, ou a omissão do governo federal, é quase
criminosa. 87% de tudo que se gasta em segurança pública vêm dos estados
e municípios.
O Brasil não pode mais sustentar um projeto poder de um grupo
político que a qualquer custo quer se manter à frente do governo
federal. E pergunto: para quê? Para nos legar esse Brasil que estão nos
deixando? Não. Os brasileiros não vão permitir. Está na hora de mudar e
nós somos a mudança corajosa e verdadeira que o Brasil precisa viver.
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